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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um ex-aluno do Jardim de Infância

Quem diria, o hoje truculento técnico Luiz Felipe Scolari, o “Felipão” já foi um comportado menino do “Jardim de Infância”, no Colégio Notre Dame, em Passo Fundo. Isso, lá no distante ano de 1954, que foi marcado pelo suicídio do então presidente Getúlio Dornelles Vagas. A formatura era um ato solene de muita importância.

O ato de formatura ocorreu no dia 4 de dezembro de l954 no salão de festas do Notre Dame. O Lema dos formandos foi “Alegrar sempre a Mamãe do Céu”. A Madrinha foi Nadyr Teixeira de Moraes, os homenageados foram Padre José Broja, a madre Maria Irmengarda, a diretora irmã é Maria Hinocenz, e ainda Maria Heineck, Ondina Daudt e Aparício Lângaro.

Luiz Felipe Scolari nasceu em Passo Fundo (RS), no dia 9 de novembro de 1948. É descendente de italianos, seus avós eram imigrantes da região do Vêneto. Foi professor de educação física na Escola A.J. Renner, também conhecida como Escola Industrial, localizada no Município de Montenegro (RS).

Naquela época, não era tão famoso, mas dedicava-se intensamente às atividades educacionais. Além disso, também foi professor de educação física na cidade de Caxias do Sul, em instituições como a Escola Estadual Cristóvão Mendonza e o Colégio La Salle Carmo.

Começou a carreira no C.E. Aimoré, de São Leopoldo, aos 17 anos, jogando como zagueiro nas categorias de base. O gosto pelo futebol teve a influência de seu pai, Benjamin Scolari, que foi um bom zagueiro, defendendo também o próprio Aimoré.

Apesar de nunca ter sido um jogador de técnica apurada, sempre mostrou muita disposição, sabendo usar seu corpo avantajado, o que lhe valeu o apelido de “Felipão”. Destacou-se como um atleta aguerrido e um líder nato, titular e capitão por todos os times que jogou.

Depois do Aymoré jogou no Caxias por 7 anos. Vestiu ainda as camisas do Juventude, Novo Hamburgo e CSA, de Alagoas, onde encerrou a carreira de atleta, em 1982. Torcedor assumido do Grêmio, nunca jogou no tricolor. O outro time de seu coração é o Palmeiras, por quem também sua mãe torce.

Depois que deixou os gramados, “Felipão” resolveu ser treinador, iniciando a nova carreira no próprio CSA. Depois foi para o Brasil, de Pelotas, onde conheceu o ex-jogador Mortosa, que era preparador físico do clube pelotense. Aí começou uma grande amizade que dura até hoje.

Mortosa é o fiel escudeiro de “Felipão”. Do Brasil foi para o Al-Shabab, da Arábia Saudita, em 1987. Em 1989, foi para o Kuwait, onde foi campeão da Copa do Emirado com o Qadsia S.C. e campeão da Copa do Golfo, em 1990 com a Seleção Kuwaitiana de Futebol. Em 1991 treinou o Al-Ahli, da Arábia Saudita e mais uma vez o Al Qadsia, sem sucesso.

A carreira de treinador começou a dar certo, quando foi tricampeão gaúcho pelo Grêmio, em 1987. O primeiro título nacional veio em 1991, com a conquista da Copa do Brasil pelo Criciuma. Na volta ao Grêmio, ganhou vários títulos, com destaques para a Taça Libertadores da América em 1995, e o Campeonato Brasileiro em 1996.

Em 1997, após dirigir o Júbilo Iwata, do Japão, “Felipão” foi para o Palmeiras, onde também viveu grandes momentos. Foi campeão da Copa do Brasil de 1998 e da Libertadores de 1999, além de outros títulos. Mas a exemplo do que aconteceu no Grêmio, não conseguiu ganhar a Copa Toyota. Depois foi treinar o Cruzeiro, de Belo Horizonte, sem repetir o mesmo êxito de Grêmio e Palmeiras.

Em 2002 dirigiu a Seleção Brasileira no Mundial do Japão e Coréia do Sul, trazendo para o nosso país o pentacampeonato.

“Felipão”conquistou todos os títulos que um treinador brasileiro pode ambicionar: Campeonato Regional, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Taça Libertadores da América e Mundial de Seleções. Só não conseguiu ser campeão mundial interclubes.

Seu sucesso chamou a atenção dos mandatários do futebol português, que o contrataram para dirigir a seleção do país. De cara, levou o time à final da Eurocopa de 2004 e às semi-finais da Copa do Mundo, em 2006 na Alemanha.

Depois de eliminar a Holanda, num jogo extremamente violento, ganhou uma vaga nas semi-finais, quando eliminou a Inglaterra nos pênaltis. Na sequência Portugal perdeu para a França por 1 X 0 e disputou o terceiro lugar com a Alemanha, perdendo por 3 X 1.

A Copa de 2006 também serviu para tornar “Felipão” o primeiro treinador da história dos Mundiais a conquistar 11 vitórias seguidas: 7 pelo Brasil durante a Copa de 2002 e 4 pela Selecão Portuguesa, em 2006.

Uma marca característica de”Felipão” é a religiosidade. Quando do pentacampeonato mundial com a Seleção Brasileira, levou até o Japão/Coréia uma imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, santa que tem santuário na cidade de Farroupilha no Rio Grande do Sul.

Ela acompanhou a equipe durante toda a campanha. Em agradecimento, “Felipão” pagou uma promessa, indo de Caxias do Sul a Farroupilha, a pé, percorrendo uma distância de aproximadamente 20 quilômetros.

Ao deixar a seleção, a santa permaneceu no Brasil, até que tempos depois, para impulsionar a participação de Portugal na Eurocopa, Felipão mandou-a buscar na Granja Cumary. Em Portugal, Felipão juntou a imagem da santa "brasileira" a imagem de Nossa Senhora de Fátima.

E parece que a fé de Scolari contagiou os craques portugueses. Tanto é verdade, que Figo, jogador português, ao ser substituído durante as quartas de finais da Eurocopa de 2004 contra a Inglaterra, ficou rezando frente as duas imagens, quando da cobrança de pênaltis. E deu certo, porque o atacante inglês Beckham errou sua cobrança ao sofrer um providencial escorregão.

Scolari passou a maior parte de sua carreira em Caxias do Sul, onde surgiu sua devoção a Nossa Senhora do Caravaggio. A famosa imagem que o acompanha foi um presente ganho, em 2001, no quadro "Amigo Oculto" promovido todo final de ano pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo, dado a ele pela atriz Fernanda Montenegro.

Em 2008 Scolari deixou Portugal e foi para o Chelsea, da Inglaterra, onde teve fraco desempenho. Dizem que os ingleses boicotaram o treinador brasileiro. Como indenização por quebra de contrato, Scolari teria recebido 15 milhões de libras. O seu salário era de cerca de 600 mil libras mensais.

Em 2009 saiu da Inglaterra para uma breve passagem pelo Bunyodkor, do Ubequistão. Na chegada a Tashkent “Felipão” foi recebido com festa pela torcida do clube. Em outubro do mesmo ano, conquistou de forma invicta, com quatro rodadas de antecipação e um incrível recorde de 23 vitórias seguidas, o campeonato nacional. Foram 28 vitórias, dois empates e nenhuma derrota, com aproveitamento de 95,55%.

Em 4 de junho de 2010, o site oficial do clube anunciou a saída de Scolari, que durante as fases finais da Copa do Mundo, foi comentarista em uma emissora de TV da África do Sul. No dia 13 de junho de 2010, após semanas de especulações e negociações, foi oficializado seu retorno ao Palmeiras, onde se encontra até hoje, sem o mesmo sucesso de sua passagem anterior pelo clube paulista.

Títulos conquistados por “Felipão”, em sua vitoriosa carreira: campeão alagoano pelo CSA (1982); campeão gaúcho pelo Grêmio (1987, 1995 e 1996); Campeão da Taça Salmiya pelo Al Qadsia, da Arábia Saudita (1989); Campeão da Taça do Emir pelo Al Qadsia, da Arábia Saudita (1990); Campeão da taça do Golfo pela Seleção do Kuwait (1990); Campeão da Copa do Brasil pelo Criciúma (1991); Campeão invicto da Copa do Brasil pelo Grêmio (1994); campeão da Taça Libertadores da América pelo Grêmio (1995); Vice-campeão do Mundial Interclubes pelo Grêmio (1995); Campeão da Recopa Sul-Americana, pelo Grêmio (1996); Campeão Brasileiro pelo Grêmio (1996); Vice-Campeão Brasileiro pelo Palmeiras (1997); campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras (1998); campeão da Copa Mercosul pelo Palmeiras (1998); vice-campeão paulista pelo Palmeiras (1999); campeão da Taça Libertadores da América pelo Palmeiras (1999); vice-campeão Mundial interclubes pelo Palmeiras (1999); vice-campeão da Copa Mercosul pelo Palmeiras (1999); campeão do Torneio Rio-São Paulo pelo Palmeiras (2000); vice-campeão da Taça Libertadores da América pelo Palmeiras (2000); campeão da Copa Sul Minas pelo Cruzeiro (2001); Campeão da Copa do Mundo de 2002, vencendo todos os jogos, pela Seleção Brasileira (2002) e vice-campeão da Eurocopa pela seleção portuguesa (2004). (Pesquisa: Nilo Dias)

Felipão e seu jeito característico.