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sábado, 25 de agosto de 2018

O futebol está de luto

O ex-jogador Claudiomiro, do Internacional, de Porto Alegre, autor do primeiro gol no “Estádio Beira-Rio”, morreu ontem a noite aos 68 anos de idade, em sua casa em Canoas (RS), onde residia desde que deixou os campos de futebol.  A causa da morte ainda não foi revelada.

Claudiomiro Estrais Ferreira nasceu no dia 3 de abril de 1950, em Porto Alegre. Chegou ao Internacional quando tinha apenas 13 anos de idade. Artilheiro do Campeonato Brasileiro de Juvenis de 1967, Claudiomiro foi promovido, no mesmo ano, ao time principal do Internacional pelo então técnico Sérgio Moacir Torres. Tinha 16 anos.

Com 18 anos fez o histórico gol contra o Benfica, de Portugal, na inauguração do “Gigante”, em 6 de abril de 1969, ao aparar um cruzamento e mandar de cabeça para as redes na vitória por 2 X 1 sobre os portugueses.

“Pulei, completei o cruzamento do Valdomiro. Entrei só para complementar e não dei a única possibilidade de o goleiro ir na bola. Foi por onde consegui, com aquele gol, chegar até a seleção brasileira. Guardo com muito carinho”, disse Claudiomiro, em entrevista posterior para a RBS TV, de Porto Alegre.

Seus companheiros carinhosamente o chamavam de “Bigorna”, por conta de seu peso, mas isso não o impediu de fazer grandes exibições com a camisa colorada e até na seleção brasileira. Era uma espécie de “Walter dos anos 70”,

No inicio de carreira jogou num ataque que tinha outros jogadores jovens, como Sérgio, Dorinho e Bráulio. Além de suas qualidades incontestáveis como centroavante, ficou conhecido por ser também um excepcional cavador de pênaltis.

Jogador de muita velocidade sabia como ninguém ajeitar a bola para o pé direito, ou o esquerdo, antes de soltar a bomba. Claudiomiro foi o dono absoluto da camisa 9 do Internacional entre 1967 e 1973.

Participou de 424 jogos com a camisa do Inter e marcou 210 gols, o que o coloca como o terceiro maior artilheiro da história do clube. Apenas Carlitos, com 485 gols e Bodinho com 235, balançaram as redes adversárias mais vezes do que ele.

Depois dos três, estão na lista de grandes artilheiros do time: Valdomiro (191), Tesourinha (178), Larry (176), Villalba (153), Ivo Diogo (118), Jair (117) e Adãozinho (108).

Além do Inter (1967-1964 e 1979), o ex-jogador também defendeu as cores do Botafogo, do Rio de Janeiro (1975), Flamengo, do Rio de Janeiro (1976-1977), Caxias (1978) e Novo Hamburgo (1979), ano em que retornou ao Inter para encerrar a carreira, aos 29 anos, abreviada pela luta contra o peso.

Títulos conquistados: Campeão gaúcho pelo Internacional (1969, 1970, 1971, 1972, 1973 e 1974).

Em março de 2013, Claudiomiro participou de uma cerimônia para a remodelação do “Estádio Beira-Rio”, quando as obras atingiam a marca de 62%. Ao lado do presidente Giovanni Luigi, plantou a grama do estádio. Foi uma singela reverência ao feito do atacante.

Ficou conhecido também por suas frases marcantes: "na minha casa não tem azulejo, só vermelhejo…".

Vale a pena destacar uma nota publicada hoje no blog “Corneta do RW”, dedicado ao Grêmio Portoalegrense, tradicional rival do S.C. Internacional.

"Claudiomiro era vermelho. Mas eu o admirava. Sou do tempo que centroavante fazia uma porrada de gols e não ficava rico. Hoje existem centroavantes que fazem meia dúzia de gols e terminam a carreira com o "boi na sombra".

Claudiomiro me incomodou muito. Me tirou o sono por muitas noites de sono. Faleceu ontem. Vai se encontrar com Alcindo. Conversarão muito. Eles movimentaram muito o futebol gaúcho nos anos 60/70. Alcindo faleceu em 27 de agosto de 2016. Claudiomiro faleceu em 24 de agosto de 2018".

Em nota oficial em seu site, o Internacional declarou que o “Clube do Povo” se solidariza com os familiares e amigos do “ídolo eterno” que brilhou com a camisa colorada nos anos 1960 e 1970.

“O Internacional perde um dos maiores centroavantes de sua história. Fora o primeiro gol do “Beira-Rio”, ele tem uma história muito bonita no clube, desde a base, desde 1966, 1967. Era um jogador de futebol nota 10. Tinha todos os quesitos que se exigem de um jogador hoje em dia. Era um cara especial, bom de coração”, lamentou o ex-colega Cláudio Duarte.

Valdomiro, que foi companheiro do centroavante no clube, lamentou a perda do amigo em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha.

“É uma tristeza. Para mim é uma tristeza. Já perdemos no ano passado o “Caçapava”, que eu tinha um carinho especial. O Claudiomiro foi um irmão, a gente começou quase juntos no Internacional. Nós dois jogávamos lá na frente. Foi um dos grandes centroavantes da história do clube. Perdi um irmão, um companheiro”.

O ex-ponta direita também lembrou da personalidade forte de Claudiomiro, e sugeriu que seja feita uma homenagem ao autor do primeiro gol do “Beira-Rio”, no jogo de amanhã contra o palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro.

“Era um cara difícil de lidar, mas eu dava muitos conselhos para ele. O Internacional vai comemorar os 50 anos do “Beira-Rio”, acho justo fazer uma homenagem para ele. Tenho certeza que o torcedor do Internacional perdeu um dos grandes jogadores do futebol brasileiro e da sua história. E eu perdi um amigo. Domingo, vou ao Beira-Rio e vai ser uma tristeza”, completou o ex-ponteiro direito. (Pesquisa: Nilo Dias)