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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A queda de um gigante (final)

Em 1975, o tricolor realizou uma campanha brilhante no Campeonato Brasileiro e chegou às semifinais, depois de derrotar o Palmeiras, na época chamado de "Academia", por 3 X 2 dentro do Parque Antárctica nas oitavas-de-final, e ao Flamengo em pleno Maracanã, de virada, por 3 X 1, nas quartas-de-final. Perdeu a vaga para o Cruzeiro, em jogo marcado por uma controvertida arbitragem de Armando Marques.

Caso tivesse chegado a final, o Santa Cruz decidiria o Campeonato Brasileiro em Recife, já que havia realizado a melhor campanha entre os finalistas, ratificando a sua condição de um dos grandes times do Brasil na época, assim como o Internacional, o Fluminense e o Cruzeiro, que disputaram as primeiras colocações naquele ano.

Em 1976, com o surgimento do centroavante Nunes, o Santa levantou o Campeonato Pernambucano (Bi Super-Campeão). No Campeonato Brasileiro o time chegou em 11º lugar, entre 54 participantes. No ano de 1977 foi 10º colocado e em 1978, 5º. Ainda na década, o Santa sagrou-se bicampeão pernambucano(1978 e 1979), somando 7 títulos estaduais entre 1970 e 1979.

Em 1980 a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) condecorou o Santa Cruz com o título de Fita Azul, por ter sido o único clube brasileiro a fazer uma excursão pelo exterior e ter retornado sem nenhuma derrota. O clube coral enfrentou as seleções do Oriente Médio, Kuait, Catar e Arábia e na Europa, a seleção da Romênia, e o Paris Saint Germain da França.

O ano de 2005 marcou a ultima conquista regional do Santa Cruz. Isso motivou os associados a votarem na chapa de oposição que tinha a frente o então vice-presidente licenciado do clube, Edson Nogueira, como esperança de mudanças. Foi a primeira vitória de uma chapa de oposição em toda a história do clube. Mas deu tudo errado, em vez de melhorar, a situação só piorou.

Em 2007 o time foi mal no Campeonato Pernambucano, amargando um 6º lugar e a eliminação da Copa do Brasil na primeira fase, em pleno “Arruda”, para o desconhecido Ulbra (RO). Na Série B, a campanha também foi péssima, com o segundo rebaixamento seguido, dessa vez para a terceira divisão do Brasileiro de 2008.

Em 2008, o clube ainda tentou se reorganizar, mas não conseguiu. Foi eliminado da Copa do Brasil na primeira fase, passou pela humilhação de disputar o “Hexagonal da Morte” do Campeonato Pernambucano, para se livrar do rebaixamento. E ainda perdeu seus melhores jogadores, Carlinhos Paraíba e Thiago Capixaba. Na Série C, não alcançou classificação para a segunda fase.

Tudo somado, o Santa Cruz conseguiu um feito inédito no futebol brasileiro, ser rebaixado por três anos consecutivos. O time pernambucano, que estava na Primeira Divisão em 2006, jogou a “Segundona” em 2007, a “Terceirona” em 2008, onde não conseguiu classificação para nela continuar em 2009.

Depois do fracasso na Série C, mais uma vez os torcedores apostaram na renovação da Diretoria e numa chapa de consenso elegeram o desportista Fernando Bezerra Coelho como presidente para o biênio 2009-2010. Isso fez com que várias empresas manifestassem disposição de patrocinar a reestruturação do clube. Nova frustração. O Santa Cruz disputou a recém-criada Série D e foi eliminado na 1ª fase. Agora, terá de buscar nova classificação para a 4ª Divisão do Brasileiro, no Campeonato Pernambucano de 2010.

Humberto de Azevedo Viana, o “Tará” é até hoje considerado o grande ídolo do Santa Cruz, e o melhor jogador que pisou nos gramados pernambucanos em todos os tempos. Ele começou a carreira em 1929, jogando pelo Mocidade de Beberibe. Em 1930 transferiu-se para o Atheniense e de 1931 a 1942 jogou pelo Santa Cruz. Sua estréia pelo tricolor se deu em setembro de 1931, no empate de 2 X 2 com o Iris.

Marcou o seu primeiro gol pelo Santa Cruz, na partida seguinte contra o Flamengo do Recife, na vitória por 3 X 1, quando visitou as redes adversárias por duas vezes. Encerrou a carreira defendendo o Náutico de 1943 a 1947, tendo jogado ao lado de quatro irmãos que defendiam o clube vermelho e branco, Orlando, Isaac, Gérson e Roldan.

Ganhou os títulos de Campeão Pernambucano em 1931, 1932, 1933, 1935 e 1940 pelo Santa Cruz, e 1945 pelo Náutico. Foi artilheiro dos campeonatos de 1938 (25 gols), 1940 (20 gols) e 1945 (28 gols – pelo Náutico). Em 1945, no jogo Náutico 21 X 3 Flamengo do Recife, Tará marcou 10 gols. Fez gol de bicicleta antes de Leônidas, que marcou o seu na Copa de 1938. Fez um gol do meio-de-campo, contra o Náutico, o goleiro era Djalma.

Tará, por tudo o que fez nos gramados mereceu uma homenagem no samba de Bráulio de Castro, intitulado “Mestre Tará”: “Depois de Garrincha e Pelé/Vou te falar/ O maior do mundo foi Tará/Mestre Tará/Não havia teipe/Pra registrar seu futebol/Mas o jornal diz que ele/Marcou dez vezes, num jogo só/Driblava até o goleiro/E fazia de calcanhar/O maior do mundo foi Tará/Era um Deus nos acuda/ jogando com Siduca/Deixava qualquer defesa/ dversária, lelé da cuca/Driblava até o goleiro/E fazia de calcanhar/O maior do mundo foi Tará.”

Tará faleceu, ao 86 anos, de ataque cardíaco, no dia 7 de setembro de 2000, no hospital da Polícia Militar, no Recife.

Títulos conquistados pelo Santa Cruz. Regionais: Torneio Norte-Nordeste: 1967; Estaduais: Campeonato Pernambucano: 24 vezes ( 1931, 1932, 1933, 1935, 1940, 1946, 1947, 1957, 1959, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1976, 1978, 1979, 1983, 1986, 1987, 1990, 1993, 1995 e 2005); Copa Pernambuco (2008); Torneio Início (1919, 1926, 1937, 1939, 1946, 1947, 1954, 1956, 1969, 1971, 1972 e 1976); Taça Recife (1971); Taça Refinaria (1995); Taça Recife (1971); Torneio de Verão Cidade do Recife (1997); Copa Pernambuco (2008); Nacionais: Campeonato Brasileiro Série B, 2 vices (1999 e 2005); Categorias de base: Campeonato Pernambucano de Juniores (1993, 1994, 1995, 1996, 2000, 2002 e 2003); Internacionais: Torneio da Amizade (1995); Torneio Vinausteel , no Vietnã (2003); Fita Azul Internacional (1980). (Pesquisa: Nilo Dias)

Time tri-súper campeão de 1983. (Foto: Acervo do Santa Cruz F.C.).

COMENTÁRIOS DE LEITORES

Sérgio disse...
Parabéns pelo documentário. Ficamos felizes em torcer por um time como o Santa Cruz. Esperamos que logo volte a nos dar alegria que já nos deu.
Sérgio Rocha.
29 de agosto de 2009 11:31

José Guibson Dantas disse...
Parabéns pelo post. O Santa Cruz é um grande clube e quem já viu a manifestação de fidelidade e amor de sua torcida sabe disso.
Abraços desde São Luís-MA.
29 de agosto de 2009 14:38