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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Morreu o carrasco tricolor

Pouco mais de dois meses da morte de Washington, ocorrida em 25 de maio deste ano, o seu parceiro do Fluminense, do Rio de Janeiro, nos anos 80, Benedito de Assis da Silva, ou simplesmente Assis, faleceu ontem em Curitiba, aos 61 anos de idade.

O médico e diretor clínico do “Hospital Vita”, Luiz Fernando Kubrusly, informou que Assis sofria de uma doença renal crônica. Antes de ser internado, ele fazia um tratamento em casa chamado de “diálise peritoneal  domiciliar”.

O processo é semelhante à hemodiálise. A diferença é que  pode ser feito em casa, o que traz mais conforto para os pacientes em geral. Por conta disso, os riscos de infecção, conforme o médico, são mais suscetíveis.

Assis ficou  internado por 15 dias logo após adquirir uma dessas infecções chamada de “peritonite”, que é uma inflamação do peritônio, o tecido fino que reveste a parede interna do abdômen e cobre a maioria dos órgãos abdominais.

Esse tipo de infecção é muito grave e ele não respondeu ao tratamento com  antibióticos. “Foi então que veio a ocorrer a múltipla falência dos órgãos”, disse o médico.

O velório foi realizado na tarde e noite de ontem (domingo), na capela Unilutos, na rua Desembargador Benvindo Valente, 348, bairro de São Francisco. O sepultamente acontece às 17 horas de hoje no cemitério Água Verde, localizado no bairro onde o ex-atleta residia, em Curitiba. Assis deixou esposa e dois filhos.

Assis nasceu em São Paulo (capital) e foi criado no bairro da Vila Prudente, na Zona Leste. Iniciou a carreira jogando Futsal, no Vip´s Clube, de seu bairro. No futebol de campo deu os primeiros chutes no Clube Atlético Juventus, em 1970.

Ainda juvenil, deixou o tradicional clube da Mooca e foi jogar na Portuguesa. Sem muitas esperanças de fazer sucesso nas equipes profissionais do Canindé, Assis chegou a desistir do futebol, mas retornou em 1975 para jogar no São José (SP).

No ano seguinte aconteceu a transferência para a Inter de Limeira e logo em seguida ele foi jogar na Francana, onde foi um dos destaques da equipe na conquista da divisão intermediária.

Em 1980 chegou ao São Paulo. No clube paulista, o atacante foi campeão paulista e vice-brasileiro em 1981. Foram 88 jogos pelo tricolor paulista, com 40 vitórias, 31 empates e 17 derrotas.

Depois teve uma passagem pelo Internacional, de Porto Alegre antes de ir para o Atlético Paranaense, onde obteve grande destaque. Do rubro negro do Paraná foi para Fuminense, onde jogou ao lado de Washington, formando uma dupla de atacantes que se consagrou nos anos de 1983 a 1987.

Com Assis e Washington no ataque, o Fluminense se sagrou tri-campeão carioca nos anos de 1983, 1984 e 1985, bem como ganhou o Campeonato Brasileiro de 1984. Graças a esses dois feitos, Assis foi convocado para a Seleção Brasileira em dois amistosos no mesmo ano. Em 177 partidas pelo tricolor carioca, marcou 54 gols.

Assis e Washington eram chamados pelos torcedores do Fluminense de “Casal 20”, em alusão a um seriado de TV da época, tal o entendimento que os consagrou no ataque do tricolor carioca.

Assis também era conhecido por “Carrasco”, em razão dos gols decisivos que marcou em clássicos contra o Flamengo. Até hoje a torcida tricolor lembra de Assis nos jogos contra o rival, em que grita” “Recordar é viver, o Assis acabou com você”.

Antes de encerrar a carreira, Assis retornou ao “Furacão Parananense”, em duas passagens. O ex-jogador ainda atuou pelo Paraná Clube e o Paysandu antes de encerrar a carreira em 1991. depos que deixou o profissionalismo, ainda jogou pelo clubes amadores de São Paulo: Sampaio Moreira, do Tatuapé, Black Power, do Ipiranga, e GR Frum ,da Vila Maria. Em todos eles era conhecido por "Ditão".

Em 2007 assumiu a direção das categorias de base do Fluminense. Ainda trabalhou no Rio Branco (ES) e nas divisões de base do Volta Redonda (RJ), junto do ex-goleiro do São Paulo, Ronaldo. Por fim tornou-se embaixador do Fluminense, envolvendo-se em vários projetos pelo Brasil afora.

"É uma perda muito grande. Assis foi um dos maiores ídolos da história do Fluminense. Marcou uma geração. Um ídolo que tinha uma forte ligação com o clube desde sempre. Hoje é dia de reverenciá-lo por tudo que fez por nós tricolores", afirmou o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, em nota oficial expedida ontem. (Pesquisa: Nilo Dias)

Assis (Foto: Fernando Araújo)