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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Morreu o "Chico Formiga"

Morreu na noite de ontem, na cidade de São Vicente, no litoral paulista, o ex-jogador e ex-técnico de futebol, Francisco Ferreira de Aguiar, popularmente conhecido por “Chico Formiga”. Ele enfrentava problemas de saúde e morreu após sofrer um infarto fulminante por volta das 18h30, no apartamento onde morava, em São Vicente, na Baixada Santista.

De acordo com Ronaldo Santiago, sobrinho do ex-jogador e ex-treinador, “Formiga” passou a maior parte do dia em casa. Por volta das 18h30, ele se dirigiu ao quarto para buscar um aparelho de oxigênio, quando passou mal. Uma equipe médica compareceu ao apartamento e constatou a morte.

O corpo do ex-técnico e jogador foi velado no Memorial Necrópole Ecumênica, de Santos. O enterro aconteceu no mesmo local, às 17 horas de hoje, quarta-feira. “Formiga” deixou quatro filhos e dois netos.

O extinto tinha 81 anos de idade e jogou no Santos, aos tempos de Pelé. No time paulista, além dos títulos estaduais de 1955, 1956, 1960, 1961, 1962 e 1963, foi campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1959 e campeão mundial de clubes e da Taça Libertadores em 1962.

O responsável pelo blog, teve a satisfação de ver "Formiga" jogar. Foi num amistoso contra o Combinado Bagé-Guarany, no dia 24 de março de 1957, no Estádio da Pedra Moura, em Bagé, que terminou empatado em 1 X 1.

Formiga nasceu em Araxá (MG), no dia 11 de novembro de 1930. Jogava como volante e as vezes zagueiro. Começou a carreira nas categorias de base do Cruzeiro, de Belo Horizonte. Na década de 1950 foi para o Santos. Quando o menino Pelé chegou a Vila Belmiro, ele já tinha sido bicampeão no alvi-negro.

Ganhou fama defendendo o Santos. Em, 1955 ajudou o time a vencer o campeonato paulista de 1955, acabando com um jejum de 20 anos. Em 1957 foi vendido ao Palmeiras, na mais cara transferência do futebol brasileiro na época. Jogou no alviverde de 1957 a 1959. Em 1960 retornou a Vila Belmiro.

Graças a sua competência e talento no setor defensivo, Formiga chegou a ser convocado algumas vezes para a Seleção Brasileira, inclusive para ser o zagueiro titular do time de 1958, que conquistou pela primeira vez o título mundial para o Brasil. Mas uma contusão o tirou da equipe nacional.

Ao pendurar as chuteiras, "Seu Chico", como passou a ser chamado pelos amigos, também obteve sucesso e ganhou campeonatos importantes. Levantou o “caneco” em 1978, com o Santos, comandando a primeira geração dos “Meninos da Vila”, que tinha destacados valores como Pita, Ailton Lira, João Paulo, Nilton Batata e Juary. Essa foi a primeira conquista importante do Santos, depois da saída de Pelé. Em 1983 foi vice-campeão brasileiro, ainda pelo Santos.

No começos dos anos 80 trocou a Vila Belmiro pelo Morumbi, passando a treinar o São Paulo F.C., que contava com um elenco fantástico, chamado de “Máquina Tricolor”. O time era uma verdadeira seleção, onde brilhavam: Waldir Peres – Getúlio – Oscar - Darío Pereyra e Marinho Chagas – Almir - Heriberto e Renato - Paulo César Capeta - Serginho Chulapa e Mário Sérgio. Com esse time foi campeão paulista de 1981.

Em 1982, depois de ter sido surpreendentemente eliminado do Campeonato Brasileiro pelo Guarani, de Campinas, saiu do São Paulo para trabalhar no futebol da Arábia Saudita. Em 1983 voltou algum tempo depois novamente para o Santos, na campanha do vice-campeonato brasileiro, que foi vencido pelo Flamengo de Zico e Cia.

Em 1987 treinou o Corinthians, que passava por uma grande crise. Sob o comando de Jorge Vieira e Basílio, a equipe terminou o primeiro turno do Paulistão na penúltima colocação. Temendo o pior, a diretoria apostou suas fichas em “Formiga”. E ele conseguiu o que parecia quase impossível, reerguer o time a ponto de ainda brigar pelo título. Chegou a final, mas perdeu a taça para o São Paulo.

Depois da Copa União, “Formiga” foi demitido do Corinthians. O seu saldo como técnico foi razoável. Em 40 jogos, o time conquistou 17 vitórias, 13 empates e 10 derrotas, além de 59 gols marcados e 37 sofridos. Teve aproveitamento de 59% dos pontos disputados.

Nos anos 90, depois de vagas por times de segunda e terceira divisão, como a Catanduvense e o Palestra, de São Bernardo, “Formiga” voltou ao Oriente, desta vez ao Japão, fazendo bela campanha e conduzindo o Oita Trinita, então azarão, à terceira colocação na divisão de acesso japonesa.

Em 1993 foi campeão mineiro, dirigindo o América Mineiro, e encerrando um jejum de 22 anos sem títulos da equipe, em uma vitoriosa campanha recheada de goleadas contra os rivais Cruzeiro e Atlético Mineiro. A equipe base era: Milagres – Estevam – Marins - Lelei e Ronaldo – Gutemberg - Taú e Flávio - Euler, Hamilton e Robson.

Passou ainda por Portuguesa, Cruzeiro, Goiás, Santo André e Universidad Autônoma de Guadalajara, México. De volta ao Brasil, foi convidado pela diretoria do Santos para novamente trabalhar na equipe, dessa feita na captação de novos talentos para o clube.

Entre outros de seus feitos, pode se creditar o fato de ter descoberto Robinho, principal craque nos dois Campeonatos Brasileiros ganhos pelo clube, em 2002 e 2004, e o jovem craque sensação, Neymar. (Pesquisa: Nilo Dias)