Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

domingo, 28 de agosto de 2016

A morte do "Bugre Xucro"

Alcindo Martha de Freitas, mais conhecido como Alcindo, nasceu na cidade gaúcha de Sapucaia do Sul, no dia 31 de março de 1945, e morreu em Porto Alegre, no dia 27 de agosto de 2016, na idade de 71 anos.

O ex-jogador de futebol estava internado no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Porto Alegre, há mais de três meses devido a complicações originadas pela diabetes.

Em julho, o Grêmio chegou a fazer uma campanha junto aos seus torcedores para a doação de sangue ao ídolo, que defendeu a camisa gremista entre 1964 e 1971, e também em 1977, somando 264 gols no clube, sendo 13 em Gre-Nais.

Com passagens também pelo Santos e pelo futebol mexicano, foram 636 gols marcados na carreira. Em 1966, fez parte do elenco que tentou o tri na Copa do Mundo disputada na Inglaterra.

Alcindo começou a carreira nas categorias de base do Aimoré, de São Leopoldo, tendo depois sido transferido para os juvenis do Lansul, de Esteio. Quando de um jogo com os aspirantes do Internacional, em 1958, Alcindo, que tinha apenas 13 anos de idade foi contratado pelo time colorado.

Ao final dos anos 50 foi dispensado pelo Internacional, em razão de ter pedido uma ajuda de custo para poder comparecer aos treinos. Por isso foi parar nas categorias de base do Grêmio, que o emprestou ao S.C. Rio Grande, de Rio Grande, em 1963, onde teve destacada atuação.

No ano seguinte retornou ao Grêmio para jogar nos profissionais do clube. No tricolor, formou uma boa dupla de ataque com João Carlos Severiano. Em 1972 foi para o Santos, convidado por Carlos Alberto Torres e atraído por jogar com Pelé.

Em 1973 foi jogar no Jalisco, do México, a convite do treinador Mauro Ramos. Ainda no México, se transferiu para o América. Foi lá na Cidade do México que nasceu seu filho, Juan Carlos.

O “Bugre Xucro”, apelido dado pelo narrador paulista Geraldo José de Almeida, estreou com a camisa tricolor em 1964. Tinha uma jogada mortal: recebia a bola na entrada da área e, de costas para o gol, protegia-a com o corpo e girava rápido, para o chute certeiro.

Veloz, fazia a festa com os lançamentos milimétricos do meia Sérgio Lopes. Alcindo tinha na força física e na intimidade com o gol adversário as suas principais virtudes. 

Se consagrou como o segundo maior artilheiro da história dos Grenais com 13 gols, ficando atrás apenas de Luiz Carvalho, que marcou 17 vezes pelo tricolor no clássico. É o primeiro jogador, na lista dos 10 maiores artilheiros do clube, com 231 gols ao todo.

Jogou a Copa do Mundo de 1966 pela Seleção Brasileira. Com a camisa canarinho fez sete jogos, sendo quatro vitórias, dois empates e uma derrota. Marcou um gol. Seu companheiro de ataque foi Tostão. Encerrou a carreira profissional em 1978, consagrado como um dos maiores ídolos da história do Grêmio.

Alcindo é o maior goleador do Olímpico. Foram 129 gols em 186 jogos. No total, ali e em outros campos, em 11 anos de Grêmio, ele fez 231 gols em 377 partidas. O Olímpico foi o seu templo.

Alcindo inspirou milhares de crianças e adolescentes a serem gremistas. A maioria, que ouvia a narração das partidas pelo rádio, nunca o viu jogar. O centroavante foi a estrela de um time vencedor, numa época em que a competição regional dava a medida da rivalidade Gre-Nal.

Alcindo estreiou num Gre-Nal no dia 23 de abril de 1964, uma quinta-feira à noite. Havia completado 19 anos no dia 31 de março. O Grêmio tinha Arlindo, Renato Silva, Airton, Áureo, Ortunho, Cleo, Marinho, Sergio Lopes, Joãozinho, Alcindo e Vieira. O Inter vinha com Gainete, Edmilson, Rui, Luís Carlos, Sadi, Sapiranga, Parobé, Nilzo, Vanderley, Gaspar e Cacildo.

Aos 25 minutos do primeiro tempo, Alcindo faz o que considerou o gol mais importante da sua vida, porque o consagrou na estreia de um Gre-Nal. O lateral Renato Silva chutou de longe, a bola bateu no joelho de Gainete, e o Bugre marcou no rebote. Aos 35 minutos, Alcindo marcou de novo.

Alcindo adorava Gre-Nal. Jogou 31 clássicos, ganhou 11, perdeu nove e empatou 11. Fez 12 gols em Gainete, Schneider, Silveira, Guaporé e Manga.

Quantos viram Alcindo jogar? Logo que parou, ele sonhava que continuava fazendo gols. O pesquisador Laert Lopes sabe que, se Alcindo fez 129 gols em 186 jogos no Olímpico, sua média era de dois gols a cada três partidas. Em 57 jogos na Arena, Barcos fez 14 gols. Um gol a cada quatro jogos. Não há como não ter saudade de Alcindo.

Fica a memória do “Estádio Olímpico”, com números também monumentais. Desde o primeiro jogo, no dia 19 de setembro de 1954, até o último, em 17 de fevereiro de 2013, o Olímpico teve 1.768 partidas. O Grêmio venceu 1.159 vezes, empatou 382 e perdeu 227. Fez 3.510 gols, sofreu 1.306.

Títulos. Grêmio: Campeão Gaúcho (1964, 1965, 1966, 1967, 1968 e 1977); Santos: Campeão Paulista (1973); Campeão da Copa dos Campeões Brasileiros (1975); América do México: Campeão Nacional (1976). (Pesquisa: Nilo Dias)


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O adeus a Jonas Cardoso

O rádio gaúcho e brasileiro está de luto com o falecimento ocorrido ontem (24) do diretor da Rádio Minuano, de Rio Grande, Joanes Vladimir Lázarus da Cunha Cardoso ou simplesmente Jonas Cardoso, como era mais conhecido pela sua grande legião de ouvintes.

Tinha 62 anos de idade. Os amigos mais íntimos o chamavam carinhosamente de “Carioca” ou “Sapo”. O sepultamento é hoje (25), saindo da capela A, às 11 horas.

Natural de Carazinho (RS), onde nasceu em 25 de junho de 1954, mudou-se para Rio Grande em meados da década de 1960, tendo trabalhado nas três emissoras AM da cidade, Cultura Riograndina, Cassino e Minuano, da qual era diretor nas últimas quase duas décadas.

E também nos jornais “O Tempo” e na Sucursal da Empresa jornalística Caldas Junior, junto com o também saudoso Marcos Rezende e com a amiga Iara Bandeira, da qual nunca mais tive notícias. E por fim na Assessoria de Imprensa da prefeitura de Rio Grande.

Creio que em sua última passagem pela Cultura Riograndina foi levado por mim, ao tempo que a emissora era dirigida pelo saudoso Paulo Nahuys Coelho e pertencia ao Grupo Delfim. Ele foi comentarista e repórter esportivo, além de noticiarista e apresentador de programas musicais.

Em passagem anterior pela emissora, Jonas apresentava um programa vespertino chamado "Super Som Dimensionado", isso lá pela metade dos anos 1970.

Ainda hoje pela manhã, conversando com o amigo e jornalista Willy César lembrei de um costume diário do Jonas. Todas as manhãs quando chegava na emissora, no velho prédio da Silva Paes, ao passar pelo corredor que levava aos banheiros, sempre com o jornal “Zero Hora” embaixo do braço, parava na janela do Departamento de Esportes e Jornalismo, ambos dirigidos por mim e brincando, dizia a minha esposa Teresinha Motta, que era repórter: “Terê, vou tirar um barro”. 
  
Não esqueço das idas diárias ao “Bar Minuano”, que ficava na Silva Paes esquina Andrade Neves, bem próximo da rádio, onde derrubávamos as cervejas do meio-dia e depois almoçávamos por lá. A noite o endereço era o “Bar do Beledón”, também na Silva Paes, esquina com a Praça Tamandaré.

O Beledón era um uruguaio, que preparava o melhor mocotó da cidade. Um boa praça, que depois de fechar o seu estabelecimento comercial costumava tomar a “saideira” no bar do abrigo de ônibus, na Praça Tamandaré. Ele morava no “Lar Gaúcho”, e certa vez exagerou na dose e entrou dentro do lago que existia ou existe, ainda, na Refinaria de Petróleo Ipiranga. Foi salvo por um dos guardas da indústria.

Mas essa é outra história. No "Bar do Beledón" a gente acompanhava os jornais local e nacional da TV. Na época eu estava na Zero Hora e TV Rio Grande. Era grande a concorrência com a Caldas Júnior, onde o Jonas e o Marcos Rezende trabalhavam na Sucursal.

Certa ocasião eu fiz uma reportagem exclusiva em São José do Norte, quando do resgate de um barco pesqueiro, o “Brasil Atlantic V”, que havia sido jogado na praia após um tremendo temporal na costa nortense.

Jonas e Marcos, apavorados assistiram a reportagem e só não me chamaram de santo, porque não era. Mas rivalidades jornalísticas a parte éramos todos grandes amigos.

Aos domingos o programa era diferente. A gente ia ao Clube de Regatas Rio Grande ou ao Hipódromo da Vila São Miguel, que lamentavelmente não existe mais. Quando chovia o galho era quebrado no "Restaurante Tamandaré", frente a praça de igual nome.

Vez por outra nos aventurávamos a locais mais longe do centro da cidade, como o “Bar Gato Preto”, passando o pórtico. E a gente não desprezava nenhuma festa, fosse longe ou perto.

Em outra oportunidade eu e o Jonas acompanhamos o nosso Rio-Grandense até São Gabriel, para o jogo decisivo pelo campeonato de Ascenso do Rio Grande do Sul. O nosso time perdeu nos pênaltis. Ao chegarmos em Rio Grande, quase ao clarear do dia, deu ainda para tomarmos a saideira no Bar do Abrigo.

Jonas também foi atleta. Excelente goleiro de futebol de salão, defendeu por muitos anos o time do Bossa Nova, clube riograndino de futebol de salão que se sagrou campeão estadual em 1974. Depois jogou no Rio-Grandense futebol de salão, que era dirigido pelo saudoso Bento Castelã.

E também brincava no time do "Bar Minuano", onde eu também jogava e o pessoal me chamava de “Geraldão”, em referencia ao atacante que na época jogava no Internacional, de Porto Alegre. Modéstia a parte, eu era um artilheiro nato.

Na década de 1960, antes de se mudar para Rio Grande, Jonas já atuava como goleiro de futebol de salão e de campo em sua terra natal, Carazinho.

O amigo comum, jornalista Willy César escreveu em sua página no Facebook:

“Aprendi a gostar do Jonas, ouvindo seus programas em rádio, no início dos anos 1970. Lembro de uma parada de sucessos aos sábados, à noite, na Rádio Cultura Riograndina, programa que simplesmente adorava, na inocência dos meus 14 anos. Foi um dos meus ídolos do rádio.

Quis o destino que nos tornássemos amigos e colegas de profissão, no rádio e no jornalismo. Trabalhamos em rádio, no mesmo momento, ele na Cassino, depois na Minuano; eu na Rádio Universidade FM, atual Furg FM.

E entre os anos de 1997 e 2001, atuamos juntos no Gabinete de Imprensa, da Prefeitura Municipal de Rio Grande, como repórteres. Foi um aprendizado muito bom para ambos.

Com ele, aprendi muitos macetes do fazer jornalístico dentro da Prefeitura, situação familiar a ele. Eu dei algumas dicas como escrever em computador, pela primeira vez na vida dele, e dali, deslanchou.

Entrevistei-o na Rádio da Furg, em 1992. Voz linda, perfeita. Ele contou passagens de sua vida como goleiro de futebol de campo e salão. Atuando no Bossa Nova, como goleiro, foi campeão estadual de futsal. Também revelou detalhes incríveis de sua vida de radialista e jornalista. Esta gravação está no Museu da Comunicação "Rodolfo Martensen"/Furg.

Como delegado regional dos jornalistas de Rio Grande, tive a incumbência de montar o processo para obtenção de registro de jornalista profissional, que lhe foi entregue em 1993, embora já atuasse desde os anos 1970.

Foi um exemplo para todos nós. Quando apareceram dois cânceres na garganta, livrou-se deles, um após o outro, mas perdeu a voz. Lutou como um leão, submeteu-se a um transplante de rim, fez diálise, até a hora da morte. Há poucos dias, teve uma perna amputada, mas já pensava em adquirir prótese mecânica. Continuava lutando pela vida.

Como excelente goleiro que foi, defendeu-se das envenenadas "bolas" da morte, matando-as no osso do peito algumas vezes, partida que só perdeu agora, deixando-nos tristes e melancólicos. Foi um bravo, um guerreiro incansável, exemplo que serve a todos os seus familiares, e aos seus amigos e colegas, que com ele aprendemos e juntos crescemos na profissão de radialistas e jornalistas.

Muita luz na reentrada celestial, parceiro Jonas Cardoso. Abraços carinhosos aos irmãos e sobrinhos”.

A última vez que vi o Jonas foi em 2011, em uma bonita festa na Pizzaria Passione, na avenida Domingos de Almeida, em Rio Grande, organizada pelo Willy César e o Célio Soares, em minha homenagem, com a presença de amigos da imprensa e do F.B.C. Rio-Grandense.

Também foi a última vez que vi o amigo comum Ney Amado Costa. Havia uma particularidade entre eu o Jonas e o Ney. Os três torcíamos pelo Rio-Grandense e pelo Internacional, de Porto Alegre. Mais pelo colorado riograndino, é claro.

Conto essas historinhas para lembrar da grande amizade que nos uniu por mais de 40 anos. Tempo bom que não volta mais. Mas fica a lembrança que nada pode apagar. Que descanse em paz. (Texto: Nilo Dias)

Eu e Jonas, no Bar Minuano, em 2011. (Foto: Meu arquivo pessoal(

Time do Bossa Nova, campeão estadual, com Jonas no gol. (Foto: Arquivo de Claudio Carvalho de Moura)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

“Silva Cão”, o endiabrado

Averaldo Dantas da Silva, conhecido como Silva "Cão", nasceu em 9 de maio de 1948, no bairro do Mutange, em Maceió. O apelido ganhou quando ainda era criança e jogava futebol na rua. E o acompanha até hoje. Silva cresceu sendo chamado de “Cão” por causa de seu estilo de jogo incisivo. Chegou até a ser comparado ao “diabo” porque costumava infernizar os adversários.

O futebol de Alagoas pode até não ser dos mais adiantados do país, o que não impede que muitas vezes surjam jogadores de alta condição técnica e que acabam se transferindo para centros maiores. Foi o caso dele, considerado até hoje um dos maiores ponteiros esquerdos do futebol alagoano.

Aos 16 anos, foi campeão jogando no Bebedourense, time amador de Maceió, quando ainda era um pré-juvenil. Após sair do Bebedourense, foi levado ao CSA, mas não foi aproveitado porque o então técnico Hélio Miranda o achava magrinho e só servia para cruzar a bola.

Rejeitado no time azulino, o então dirigente Binel o viu jogar e o levou ao CRB. Lá ele ficou e o CRB adquiriu o seu atestado liberatório dando em troca uma série de meiões ao Bebedourense. Naquela época, 1965, ainda era um juvenil.

Hábil e driblador, "Silva Cão", aos 18 anos já era titular do CRB. Seu estilo de jogo era mesmo esfuziante. Oportunista e manhoso, o craque superava seus adversários com muita categoria. Seus dribles sensacionais deixavam, quase sempre, em polvorosa as defesas adversárias.

Em 1965, jogando pelo CRB surgiu como a grande revelação do campeonato. Seu primeiro treinador foi Claudinho que confiou no futebol e o lançou no time principal. Aos 18 anos já era um craque cobiçado pelo Sport, de Recife, mas o CRB não o deixou se transferir para o futebol pernambucano.

Na sua estreia no profissional do CRB, em 1966, Silva jogou contra o time do extinto Estivadores e marcou o gol da vitória do Galo por 1 X 0 no campo da Pajuçara, o velho “Estádio Severiano Gomes Filho”.

Mas o bom foi a partida seguinte, uma quarta-feira à noite, também no campo da Pajuçara, que, na época, tinha iluminação. O CRB ganhou por 3 X 1 do CSA e “Silva Cão” fez os três gols. Foi a consagração, mesmo no início da carreira. Daí em diante, deslanchou.

Nesse período foi campeão alagoano em 1969. Quando surgiu a oportunidade para ir jogar no Vasco da Gama, o clube da Pajuçara fechou o negócio e Silva teve bons momentos em São Januário.

Retornou ao CRB em 1972, e se transformou mais uma vez no grande destaque da equipe. Ganhou os títulos de campeão nos anos de 1972/73 e o tetra campeonato 1976/77/78/79.

Silva se destacava nas cobranças de pênaltis. Uma pequena corrida, a bola colocada num canto e o goleiro no outro. Essa era a fotografia da cobrança de um pênalti por Silva.

Foi o jogador a disputar mais jogos na história do clássico entre CRB e CSA, com 95 participações. Silva tem um recorde nacional de gols em clássicos regionais. Marcou, nada menos, que 65 gols no clássico alagoano, superando até mesmo a marca de Pelé contra o Corinthians que é de 50 gols.

Foi artilheiro dos Campeonatos Alagoanos de 1968 (11 gols), 1972 (21 gols) e 1977 (16 gols). Foi sete vezes campeão alagoano pelo CRB (1969/72/73/76/77/78/79). E  três vezes artilheiro do Campeonato Alagoano (1968/72/77)

Diferentemente de outros personagens, "Silva Cão" garante que nunca sofreu discriminação dentro do futebol por causa do preconceito de cor nos seus quase 20 anos como jogador. E rodou o Brasil jogando por times intermediários e grandes, como o Vasco da Gama, em 1967, Vitória (BA), e o Sport, do Recife, nos anos 70.

Ele sabia que companheiros seus sofreram discriminação por causa da pele, principalmente no Náutico, do Recife. Dizia que por lá, houve uma época que a coisa era pesada. Quando chegou ao CRB, jogadores que foram ídolos no final dos anos 50 e nos anos 60, como o atacante Xavier, não podiam frequentar as festas do clube, por pura discriminação.

Ele, no entanto, salienta que a única coisa que poderia soar como uma suposta discriminação era o fato de a torcida do CSA, sua maior vítima, o apelidar de “Wanderleia”, em alusão à cantora e musa da Jovem Guarda. 

Houve um tempo que quando ele partia para cima do marcador, se fosse do CSA, a torcida o chamava de "Wanderleia, porque antes de dar o bote e o drible, rebolava muito na frente do cara.

Daí a razão do apelido. Ele revela que Ciro foi quem o marcou melhor ao longo da sua bem-sucedida carreira.

Ao lado de “Silva Cão”, tinha o Geraldo Alves dos Santos, o Geraldo "Cassetete", jogador do rival CSA. Hoje amigos, ponta-esquerda e lateral-direito travaram embates memoráveis no gramado do “Trapichão”. 

“Silva Cão”, endiabrado, infernizava a zaga azulina, enquanto “Cassetete”, viril, parava as jogadas do “Galo”, muitas vezes com faltas, chegando a quebrar um braço do colega de profissão em disputa de uma bola.

Geraldo conta que ganhou o apelido de “Cassetete” quando já havia se profissionalizado. Por causa de suas entradas mais ríspidas, o narrador Arivaldo Maia, da Rádio Gazeta, foi o idealizador da alcunha que o consagrou como carrasco dos pontas do futebol alagoano. 

Ele tinha o costume de adjetivar os jogadores da época. Graças a ele, ficou reconhecido como “Geraldo Cassetete”. Na rua, as pessoas só o conhecem pelo apelido.

O radialista lembra também do “Jorge da Sorte”, que jogou no CRB e no Ferroviário. Ele costumava ficar no banco de reservas, mas, quando entrava em campo, sempre marcava o gol da vitória do seu time. Ele era um talismã e realmente dava sorte às equipes que defendia. Além dele, teve também o “Capeta”, entre tantos outros ícones do nosso futebol, dizia.

“Silva Cao” conta que a própria torcida do CRB cobrava que ele driblasse Geraldo, mesmo que este o quebrasse ao meio. Já o lateral dizia que era cobrado pelos seus torcedores para que tirasse o atacante de campo, pois, ele sempre se dava bem contra o CSA nos clássicos. A missão de Geraldo era não deixar ele jogar, e não importava como.

O curioso é que, após a aposentadoria, a dupla, agora, dedica-se aos números. E se engana quem pensa que a contabilidade diz respeito ao futebol. É que ambos passaram a trabalhar com finanças. Silva, já com 68 anos, atua como contador da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), enquanto Geraldo, que tem 59, é servidor do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE).

Hoje, Silva e Geraldo vivem a harmonia de uma amizade que, no passado, esteve longe de existir, com direito à provocação antes, durante e após o jogo. “Silva Cão” era um ponta habilidoso, vindo a se tornar o maior artilheiro do clássico das multidões. Já o segundo, um implacável lateral-direito, cuja vontade com a qual entrava em campo deixou marcas em ambos.

Silva, que é também comentarista esportivo, afirma que Geraldo foi o seu maior algoz. O artilheiro diz que ainda carrega consigo as lembranças da rivalidade, um braço quebrado numa jogada pela linha de fundo em que ele chegou forte e o derrubou com um carrinho. Na queda, sofreu a fratura e ficou ausente do time por vários dias.

O ex-ponta do CRB conta que nunca alimentou nenhum rancor e que sabia que aquele era o estilo de jogo do amigo Geraldo, apesar de, à época, o pai de “Silva Cão” ter desejado vingar o filho quando “Cassetete” foi visitá-lo no hospital. Seu pai foi quem ficou furioso com ele e quase o expulsou do quarto.

Apesar da fama de jogador violento, Geraldo garante que apenas seguia as orientações de seus treinadores. Destacou que seu estilo de jogo tinha a força como principal característica, assegurando, no entanto, que nunca agiu de forma desleal. Para ele, Silva foi o adversário mais difícil de marcar, preparando-se de maneira diferenciada para enfrentá-lo.

Explica que não era violento, sempre foi um jogador de marcação firme. Não deixava ninguém passar. Sempre visava à bola quando estava dentro de campo. Confessa, porém, que a sua preparação era outra quando não tinha o Silva pela frente, pois, sabia que, se vacilasse, tomaria muitos dribles.

Contratado pelo CSA em 1981, “Silva Cão” finalmente se viu livre dos pontapés dados pelo algoz Geraldo. E como ambos passaram a ser companheiros de time, a amizade, que dura até hoje, logo se fortaleceu.

Residindo em bairros próximos, “Cão” passou a dar carona para “Cassetete” em idas e vindas para os treinamentos no “CT Gustavo Paiva”, no “Mutange”. (Pesquisa: Nilo Dias)


"Silva Cão" e "Geraldo Cassetete", hoje são amigos. (Foto: Fillipe Lima)

terça-feira, 16 de agosto de 2016

A morte de João Havelange

Morreu hoje no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro o advogado, empresário, atleta e dirigente esportivo brasileiro Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange, mais conhecido como João Havelange.

Ele estava internado para tratamento de uma pneumonia desde julho. O corpo foi enterrado à tarde, no cemitério São João Batista.
No final do ano passado, Havelange foi internado no mesmo hospital em decorrência de problemas pulmonares. Ele havia completado 100 anos de idade no último dia 8 de maio.

Em junho de 2014, ele foi internado por causa de infecção respiratória e permaneceu no mesmo hospital, em Botafogo, por quatro dias até receber alta.

Já em 2012, Havelange chegou a ficar em estado grave com quadro de infecção bacteriana, mas recebeu tratamento no mesmo local e se recuperou. Desta vez, o ex-dirigente não resistiu aos problemas de saúde.

Era filho do belga Faustin Havelange, um comerciante de armas radicado no Rio de Janeiro, que possuía uma grande propriedade que se estendia pelos atuais bairros de Laranjeiras, Cosme Velho e Santa Teresa.

Durante entrevista no programa da SporTV, "Histórias com Galvão Bueno", João Havelange contou que após a morte de seu pai, recebeu convite de uma empresa belga para dar continuidade aos negócios do comércio de armas de seu pai.

Mas não aceitou, dizendo que tinha verdadeira aversão a armas, por se tratar de instrumento de morte e violência. E declarou que nunca teve uma arma em sua vida.

Havelange, que nasceu no Rio de Janeiro em 8 de maio de 1916, desde a infância se dedicou aos esportes. Como atleta praticou natação e polo aquático profissionalmente, obtendo uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 1955.

No Fluminense, foi escoteiro e atleta, infantil, juvenil e adulto, destacando-se em vários esportes, inclusive no futebol, pois em 1931 foi campeão carioca juvenil.

Ainda nesta década graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense e competiu como nadador nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. Brilhou como jogador de pólo aquático em Helsinque, em 1952, além de comandar a delegação brasileira em Melbourne, em 1956.

Posteriormente, foi dirigente de esporte, inicialmente na Federação Paulista de Natação, já que residia em São Paulo na época, em 1948. Quando retornou ao Rio de Janeiro em 1952, se tornou Presidente da Federação Metropolitana de Natação e vice-presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

A essa época já havia se formado advogado e além de acionista, ocupava o cargo de diretor executivo da Viação Cometa, tradicional empresa de transporte rodoviário de passageiros que opera nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.

Havelange presidiu a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) de 1956 a 1974, como sucessor de Sylvio Correa Pacheco. Na época a entidade, além do futebol, congregava 24 modalidades esportivas.

Foi nesse período que o futebol brasileiro teve maior sucesso, sagrando-se Tricampeão Mundial de Futebol nas conquistas das Copas do Mundo de 1958, na Suécia, de 1962, no Chile e de 1970, no México.

Depois foi eleito o sétimo presidente da FIFA, cargo que ocupou de 1974 a 1998, substituindo a Sir Stanley Rous. Ao sair, foi sucedido por Joseph Blatter. De 1963 a 2011, foi membro do Comitê Olímpico Internacional. Com mais de 40 anos de mandato ininterrupto, foi decano desse órgão. Foi um dos dois únicos brasileiros que foram membros do COI. O outro foi Carlos Arthur Nuzman, atual presidente do Comitê Olímpico Brasileiro(COB).

Em 1998 foi eleito Presidente de Honra da FIFA, sendo também torcedor e presidente de honra do Fluminense. Apesar de ser torcedor do tricolor carioca, Havelange também foi presidente do Vasco da Gama.

Em 1 de Setembro de 1960 foi eleito Comendador da Ordem da Instrução Pública e a 28 de Fevereiro de 1961 foi eleito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

A 13 de Novembro de 1963 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública. A 21 de Junho de 1991 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito. Em 2010, foi eleito a "Personalidade do ano de 2009" no prêmio "Faz Diferença" do jornal O Globo.

Eleito para a FIFA em 1974 permaneceu à frente da entidade até 1998. Organizou seis Copas do Mundo, visitou 186 países e trouxe a China, desligada por mais de 25 anos por razões políticas, de volta à FIFA. Criou também os Campeonatos Mundiais de Futebol nas categorias infanto-juvenil, juvenil, juniores e feminina.

Neste período, tornou-se amigo de Horst Dassler, herdeiro da marca esportiva Adidas, e dono da ISL, considerada a maior empresa de marketing esportivo do mundo, que comercializa os direitos de televisionamento e publicidade das Copas do Mundo de futebol e das Olimpíadas.

Quando deixou a Presidência da FIFA, em 1998, já eleito Presidente de Honra, passou a se dedicar ao trabalho filantrópico junto às Aldeias Internacionais SOS, patrocinado pela entidade em 131 países. Ganhou prêmios por isso e foi cotado para ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz.

Em abril de 2013, aos 96 anos de idade, suspeito de envolvimento em casos de corrupção, renunciou à Presidência de honra da FIFA para escapar de qualquer punição.

Dois anos antes, ele já havia deixado de ser membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). Nos dois casos, Havelange foi acusado – ao lado de inúmeros outros dirigentes – de receber propinas da empresa de marketing ISL em troca de contratos de transmissão para a Copa do Mundo.

O jornalista investigativo Andrew Jennings, em seu livro “Foul! The Secret World of FIFA: Bribes, Vote-Rigging and Ticket Scandals”, lançado em 2006, descreve Havelange como um dirigente corrupto.

Segundo o escritor, o filho do fundador e ex-diretor da Adidas, Horst Dassler, comprou votos de delegados indecisos na primeira eleição de Havelange. Dois anos depois, o brasileiro retribuiu o favor entregando a Dassler o poder exclusivo sobre a comercialização dos principais torneios mundiais.

Por outro lado, Havelange foi apontado em pesquisa realizada pelo COI, em 1999, como um dos três maiores “Dirigentes do Século”, junto do Barão Pierre de Coubertin, fundador do COI e idealizador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, e o ех-Presidente do órgão, Juan Antônio Samaranch.

Durante sua vida Havelange colecionou medalhas, como a “Legion d'Honneur” (França), “A Ordem de Mérito Especial em Esportes” (Brasil), “Comandante da Ordem do Infante Dom Henrique” (Portugal), “Cavaleiro da Ordem de Vasa” (Suécia) e, em 2002, recebeu do reitor Paulo Alonso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o título de “Doutor Honoris Causa”.

O “Engenhão”, no Rio de Janeiro tinha o nome oficial de “Estádio Olímpico João Havelange”, que depois foi mudado para “Estádio Olímpico Nilton Santos”, cedido em comodato ao Botafogo. Em Uberlândia, o maior estádio multiuso do interior do Estado de Minas Gerais tem o nome de João Havelange.


Apesar de sua morte ter ocorrido em meio à realização dos jogos olímpicos em sua cidade, e da importância que teve na articulação da escolha do Rio de Janeiro como sede, o COI se negou a prestar homenagens ao seu ex-membro.  (Pesquisa: Nilo Dias)

João Havelange, em foto 2010 (Foto: Wikipedia)

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A morte de um ídolo colorado

O futebol do Rio Grande do Sul perdeu no domingo, 31, um de seus maiores expoentes, Olávio Dorico Vieira, mais conhecido como “Vacaria”, lateral esquerdo que foi campeão brasileiro pelo S.C. Internacional, de Porto Alegre e destacado treinador em clubes do Sul e Centro Oeste do país. Era natural de Urussanga (SC), onde nasceu no dia 26 de janeiro de 1949, Estava com 67 anos quando morreu.

O óbito ocorreu em Canoas, cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre onde morava. Vacaria estava em coma induzido desde a manhã de sábado e não resistiu.

O ex-jogador tinha um histórico de problemas de saúde. Em 2013, ele sofreu um AVC e foi internado em Santa Catarina. No ano passado, foi encontrado desacordado em casa pela família, diagnosticado com hepatite C e internado em Novo Hamburgo.

O velório do ídolo colorado ocorreu às 18h de sábado, no Cemitério Ecumênico de São Leopoldo. O sepultamento foi no mesmo local, às 16h do domingo.

Vacaria começou a carreira no time do Urussanga, de sua cidade natal, sem ganhar nada. Dali foi para o “Bota de Ouro”, de Vacaria, para jogar como ponta esquerda em troca do hotel e 10 cruzeiros por semana.

Era pouco, mas já era alguma coisa para quem tinha planos de um dia chegar em Porto Alegre. O Glória de Vacaria o contratou quando tinha apenas 16 anos. Com 18 anos, o jogador se tornou atleta profissional e rumou ao G.E.R. 14 de Julho, de Passo Fundo.

No time passofundense foi campeão da Série B gaúcha em 1968. Graças as suas boas atuações, chamou a atenção de outros clubes. Sempre teve qualidades de bom marcador e era dono de um poderoso chute de canhota, especialmente em bolas paradas.

Alguém podia pensar que ele nasceu em Vacaria ou tenha morado lá. Nada disso. O apelido veio de forma curiosa. Num treino do 14 de Julho, ele rebateu uma bola com tanta força que ela saiu do estádio, passando por cima da arquibancada. E um jogador, seu colega, não resistiu e disse em tom de gozação: “Essa bola foi parar lá em Vacaria" (a 190 km de Passo Fundo).

No ambiente de vestiário todo mundo tem que ter um apelido, então o pessoal começou a lhe chamar de Vacaria, pois havia jogado antes no Glória. O nome pegou e até hoje o carregou com muito orgulho, dizia.

No time de Passo Fundo trocou a ponta esquerda pela lateral esquerda. Eleito como o melhor lateral esquerdo do campeonato estadual de 1970, o técnico do Internacional, Daltro Menezes, mandou buscá-lo.

Em 1970 foi contratado pelo Internacional, de Porto Alegre. No time colorado Vacaria viveu seus melhores momentos como jogador de futebol. Mesmo se sagrando bicampeão gaúcho em 1970 e 1971, não se firmou como titular, tendo sido emprestado ao Figueirense, onde foi campeão catarinense em 1972. 

Em Santa Catarina, Vacaria se destacou, a ponto de chamar atenção de clubes de São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1973 retornou ao Internacional, dessa vez para ser titular absoluto das equipes formadas por Dino Sani (1972-73) e depois por Rubens Minelli (1974-76).

E colecionou títulos. Sagrou-se novamente campeão gaúcho em 1973, 1974, 1975 e 1976, além de bicampeão brasileiro em 1975 e 1976, ao lado de monstros sagrados como Manga, Figueroa, Falcão, Carpegiani, Valdomiro e Lula.

Vacaria participou de todos os jogos da vitoriosa campanha de 1975, mas ficou fora da final contra o Cruzeiro, de Belo Horizonte, por causa de uma lesão. A conquista de 1975 é até hoje a de melhor desempenho de um clube na história do Campeonato Brasileiro, com 19 vitórias em 23 jogos disputados.

Com 1m75 e 71 kg, era definido de forma bem humorada por Falcão como um encurvado “Frango d’água”.

Em 1977 deixou novamente o Internacional, se transferindo para o Palmeiras, de São Paulo. No clube alviverde chegou novamente a final do Brasileiro em 1978, mas perdendo o título para o Guarani, de Campinas (SP), onde encerrou a carreira de atleta em 1980.

Conforme registros do Almanaque do Palmeiras, de autoria de Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Vacaria disputou 29 partidas pelo alviverde com 16 vitórias, 9 empates, 4 derrotas e 1 gol marcado.

A partir dai passou a trabalhar como treinador, dirigindo principalmente clubes do interior do Rio Grande do Sul. Mas, também dirigiu a categoria Júnior, do Internacional, ganhando o título estadual em 1988.

Fora do Estado treinou o Atlético Paranaense em 1993. Posteriormente ganhou o título catarinense de 1998 pelo Criciúma. Treinando o Avenida, de Santa Cruz do Sul foi campeão da Segundona Gaúcha, em 1999. Repetiu o feito em 2000, treinando o Novo Hamburgo, e em 2003, no Porto Alegre.

Depois do anilado hamburguês, Vacaria passou a treinar apenas clubes pequenos. Em janeiro de 2008 foi contratado pelo Sinop, que terminou o campeonato matogrossense em 12º lugar, entre 20 disputantes. Este foi seu último trabalho.

Atualmente, Vacaria trabalhava no setor de relacionamento social do Inter e participava dos eventos consulares do clube em várias cidades do Estado.

Títulos conquistados como jogador. 14 de Julho, de Passo Fundo. Campeonato Gaúcho da Série B (1968); Internacional. Campeonato Gaúcho (1970, 1971, 1973, 1974, 1975, 1976); Campeonato Brasileiro (1975 e 1976) e Figueirense. Campeonato Catarinense (1972).

Como treinador. Internacional. Campeonato Gaúcho Júnior (1988); Criciúma. Campeonato Catarinense (1998). Avenida. Campeonato Gaúcho da Divisão de Acesso (1999); Novo Hamburgo. Campeonato Gaúcho da Divisão de Acesso (2000) e Porto Alegre. Campeonato Gaúcho da Série B (2003).

No jogo contra o Corinthians, em que o Internacional perdeu por 1 X 0, o clube prestou homenagens ao ídolo. A morte de Vacaria estremeceu e entristeceu não apenas a comunidade colorada, mas seus ex-colegas de elenco no Inter dos anos 70.

Paulo César Carpegiani recordou com saudosismo as constantes brincadeiras do "querido" Vacaria nos vestiários do Estádio Beira-Rio. Disse lamentar profundamente sua morte. Para ele, Vacaria era uma pessoa magnífica dentro e fora de campo. Extrovertido, brincalhão, malandro. De uma picardia incrível.

Outro parceiro de Vacaria, Jair lembrou da alegria esbanjada pelo ex-colega em um jogo recente a que assistiram lado a lado no Beira-Rio. Tricampeão brasileiro, o “Princípe Jajá” ainda ressaltou a parceria do ex-lateral no ambiente do vestiário colorado.

“O Vacaria era uma grande pessoa, um coração grande. Rapaz que sempre colaborou, um cara que não complicava nada. Um cara fora de série. Infelizmente. Perdemos mais um companheiro, lamentavelmente as coisas acontecem. A vida é assim. Levou mais um dos nossos amigos, do grupo da época. A gente é obrigado a aceitar.

Mas o Vacaria, puxa vida, foi um cara que sempre lutou pelos objetivos da vida dele, para os companheiros. Parece que não cai a ficha. Ontem, ele estava lá, com a gente, brincando, conversando. Que que eu vou fazer? Ele vai para o céu. Cumpriu sua tarefa. Um cara do bem. Deus vai abraçá-lo”, disse.

Em seu Twitter, Elías Figueroa, mesmo de longe, no Chile, manifestou tristeza pela morte do "grande amigo". O chileno ainda pediu que Vacaria "voe alto". “Muito triste com o falecimento do meu grande amigo e companheiro. Voe alto, Vacaria. Que Deus te receba em seus braços”, escreveu. (Pesquisa: Nilo Dias)