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domingo, 1 de maio de 2011

O centenário do E.C. Novo Hamburgo (Final)

O Novo Hamburgo nunca ganhou um Campeonato Gaúcho, mas chegou a vencer algumas competições estaduais disputadas apenas por clubes do interior, sem a presença dos poderosos Grêmio e Internacional. Em 1972, a equipe ganhou o Título do Interior. Em 2000, depois de quase uma década sem disputar a primeira divisão gaúcha, o time venceu mais uma vez a Divisão de Acesso e voltou ao escalão principal, para cair novamente no ano seguinte.

Finalmente, o Novo Hamburgo foi vice da Divisão de Acesso em 2003 e retornou à elite gaúcha. Desta vez, não voltou a cair, pelo contrário: fez boas campanhas e conseguiu classificação para a Série C do Campeonato Brasileiro, voltando a uma competição nacional depois de 19 anos. E ainda fez bonito neste campeonato, conseguindo chegar no quadrangular final, mas sem subir para a segunda divisão.

Em 2005, o time disputou a Copa do Brasil pela primeira vez, conseguindo classificação por meio da posição final no Campeonato Gaúcho do ano anterior. Na mesma temporada, venceu a Copa Emídio Perondi, considerada uma extensão do Estadual, o que deu uma vaga para o time na Copa do Brasil de 2006.

Títulos: Campeão Gaúcho da 2ª Divisão (1996 e 2000); Copa FGF (2005); Copa Emídio Perondi (2005); Campeão Gaúcho do Interior (1961, 1965, 1972). E um recorde brasileiro e talvez mundial: foi por 34 vezes consecutivas, campeão municipal de Novo Hamburgo

O industrial Pedro Adams Filho, dono da fábrica de calçados que deu origem ao Esporte Clube Novo Hamburgo era natural de Santa Clara do Sul, tendo nascido a 13 de abril de 1870 e falecido em 1935. Foi um dos pioneiros do setor coureiro-calçadista no Rio Grande do Sul.

Quando tinha por volta de 16 anos a família mudou-se para Dois Irmãos e aos 18 anos iniciou seus trabalhos como aprendiz de seleiro com Jacob Bossle, dono de uma selaria e uma sapataria em Taquara. Logo depois voltou a Dois Irmãos onde trabalhou num curtume e numa correaria. Em 1888, estabeleceu seu próprio negócio como sapateiro e seleiro. Produzia arreios, selas, botinas, tamancos, chinelos, solas e sapatos. Na época com 12 empregados, Pedro Adams, embrenhava-se pelas picadas da colônia para vender seus produtos ao maior número de pessoas possível.

Em 1891 casou com Rosa Saenger, com quem teve 6 filhos. Com a chegada da linha de trem de Porto Alegre a Novo Hamburgo em 1898, mudou-se para lá, percebendo as oportunidades geradas pelo aprimoramento da rede de distribuição. Em 1901 resolveu associar-se a José Frederico Gerhardt e instalar uma fábrica de calçados em moldes mais modernos, com um maior número de máquinas e funcionários (mais de 100): a Fábrica de Calçados Sul RioGrandense.

Aproveitou para contratar seu irmão Alberto para gerente técnico, e dedicou-se integralmente às questões administrativas. Apenas três anos depois de iniciada a empresa, José Frederico Gerhardt retirou-se da sociedade satisfeito com seu capital e lucro, tendo a fábrica passado a chamar-se Pedro Adams Filho & Cia. Ltda.

Foi co-responsável pela fundação do Esporte Clube Novo Hamburgo, fundado em uma festa que o empresário ofereceu a seus funcionários em comemoração ao dia do trabalho, em 1911. Foi presidente da Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo de 1910 a 1911 e fundador do Jockey Club de São Leopoldo por volta de 1912. No mesmo ano era agente do Banco da Província na cidade o que lhe facilitou a obtenção de créditos para suas empresas.

Preocupado com a modernidade de sua fábrica importou máquinas da Alemanha e Estados Unidos, também trouxe técnicos para operá-las do Uruguai e da Itália. Estes técnicos, Salvador Ingletto, Nicolas Daile e Paulo Triebses, transformaram sua fábrica numa verdadeira escola, da qual saíram várias outras fábricas do Vale do Sinos.

Em 1917 fundou o Curtume Hamburguez, na mesma rua de sua fábrica, aumentando seus negócios. Nos anos da década de 1920 sua fábrica produzia mais de 700 modelos de calçados diferentes e sua produção diária era de 2.000 pares de calçados, sendo 1.500 sandálias e 500 sapatos masculinos.

Auxiliou de maneira indireta a Novo Hamburgo tornar-se um pólo do calçado feminino, pois quando um de seus empregados saía da empresa para abrir um negócio próprio, procurava não competir com o antigo patrão, optando pela produção de calçados femininos, já que, muitas vezes, Pedro Adams Filho ajudava financeiramente essa nova fábrica. Em 1924 faleceu sua primeira esposa. Dois anos depois casou-se com Olga Maria Kroeff que residia em Porto Alegre. Mudou-se para lá, tendo com ela três outros filhos.

Foi representante do Partido Republicano Riograndense na cidade de Novo Hamburgo, desde 1917, tendo sido durante dez anos conselheiro municipal representando o distrito de "Hamburger Berg" na Câmara de São Leopoldo. Junto com Jacob Kroeff e Leopoldo Petry foi um dos líderes do movimento que emancipou Novo Hamburgo de São Leopoldo em 1927.

Fundou em 1927 a Energia Elétrica Hamburguêsa Ltda. para fornecer energia elétrica à cidade e garantir também o abastecimento da sua indústria. Em 1929 fundou a Caixa Rural União Popular de Novo Hamburgo, com sede em sua empresa, sendo o primeiro diretor, tendo como auxiliares Oscar Adams, seu filho, e Alonso Bernd. A Caixa fornecia crédito rural e também financiamentos pessoais e para construção de moradias. Foi um dos criadores da Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo.

Em 4 de abril de 1930 sua empresa foi alvo da primeira greve de Novo Hamburgo, motivada pelo desconto proposto pela empresa de 10% nos salários por conta da crise econômica pela qual estava passando a economia nacional. A manifestação foi tratada como caso de polícia, conforme prática da época.

Por sofrer de asma passava temporadas no clima mais ameno do Rio de Janeiro. Em 1933 sua saúde piorou drasticamente, sofrendo de insuficiência cardíaca. Foi obrigado a se afastar dos negócios definitivamente e faleceu em casa dois anos depois. (Pesquisa: Nilo Dias)

O moderno Estádio do Vale abriu novos caminhos para o clube. (Foto: Acervo do E.C. Novo Hamburgo)