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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma lenda chamada “Pantera”

O ano de 1947 marcou a chegada a Santana do Livramento, do goleiro Waldemar Silva, o “Pantera”, jogador que virou lenda no futebol local, defendendo a meta do E.C. 14 de Julho, o “Leão da Fronteira”. É até hoje considerado o melhor goleiro que pisou os gramados daquela cidade, em razão das defesas quase impossíveis que realizava.

"Pantera", que era natural de Erechim, defendia a bola chutada em sua meta segurando-a firmemente com apenas uma das mãos, direita ou esquerda, conforme o lado em que viesse. Sua figura impunha respeito aos adversários e a seus próprios companheiros, pelo modo destemido com que se movimentava, como se fosse mesmo uma pantera.

Quando abria seus compridos braços e pernas e esticava os dedos de suas grandes mãos, formava com eles um "x" que abarcava os quatro cantos da goleira.

“Pantera” jogou só três anos pelo 14 de Julho. Mas a sua passagem pelo rubro-negro mais velho do Brasil foi tão marcante, que muitas são as histórias contadas, verdadeiras ou não sobre esse legendário goleiro negro, que media quase dois metros de altura e era capaz de proezas tais como segurar uma cadeira com os dentes, e a erguer do chão com alguém sentado nela.

“Pantera”, não obstante a sua prodigiosa força física, tinha uma natureza tranqüila e uma leveza de gestos. Em 1949, numa campanha memorável da equipe quatorzeana, conquistou o título de campeão municipal, escrevendo seu nome na história do “Leão da Fronteira”, com letras douradas.

Ivo Gomes, ex-jogador do 14 de Julho nos anos 50, costumava dizer: “só existiram dois grandes goleiros no mundo, Iaschin e "Pantera”. O russo Iaschin, foi considerado pela FIFA o maior goleiro da história do futebol mundial.

É lógico que um goleiro com as qualidades de “Pantera” chamasse a atenção de vários clubes do centro do país, que quiseram contratá-lo, mas ele não queria sair do 14 de Julho. Contam, não se sabe se é verdade, ou não, que certa vez, pressentindo que iriam negociá-lo tomou uma bebedeira tão grande, que se manteve embriagado durante todo o tempo em que os dirigentes do clube interessado estiveram na cidade. E assim acabaram desistindo de comprar o seu "passe".

Sua prodigiosa carreira acabou cedo, devido o alcoolismo e mais tarde por distúrbios mentais, que o levaram a morar na cabina da Rádio Cultura, no Estádio João Martins, do 14 de Julho. Os últimos dias vividos pelo magnífico guarda-valas foram no Instituto Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre. (Pesquisa: Nilo Dias)