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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Portugueses em festa

Os portugueses que moram no Brasil, especialmente em São Paulo, comemoram hoje os 88 anos de existência de um dos mais tradicionais e queridos clubes do futebol paulista e brasileiro, a Associação Portuguesa de Desportos. A “Lusa do Canindé”, como é carinhosamente chamada, nasceu em 1920, fruto da fusão de cinco agremiações brasileiras de origem portuguesa: Lusíadas Futebol Clube, Portugal Marinhense, Associação Cinco de Outubro, Associação Atlética Marquês de Pombal e Esporte Club Lusitano.

A data é duplamente festiva para os lusitanos, pois também lembra a Batalha de Aljubarrota, uma das mais importantes na História de Portugal, ocorrida ao final da tarde de 14 de agosto de 1835, entre tropas portuguesas comandadas por Dom João I, e o exército castelhano de Dom Juan I de Castela. O confronto deu-se no campo de São Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre as localidades de Leiria e Alcobaça, no centro de Portugal. O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos e o fim da crise de 1383-1385, e a consolidação de D. João I como rei de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. A paz com Castela só veio a estabelecer-se em 1411.

O primeiro jogo da Portuguesa de Esportes (primeira denominação) foi realizado no dia 22 de Agosto de 1920, com derrota por 3 x 0 para o São Bento. O pedido de filiação do clube à Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) aconteceu no dia 2 de setembro de 1920, mas como não havia mais tempo para a inscrição no campeonato daquele ano, a Portuguesa fundiu-se ao Mackenzie, já inscrito, e participaram juntos do campeonato de 1920.

A Associação Atlética Mackenzie foi o primeiro clube de futebol brasileiro. Fundada em 1898 por estudantes do Mackenzie College, era formada apenas por alunos do colégio. A Portuguesa-Mackenzie disputou os certames pela APEA até 1922. Em 1923, a Associação Portuguesa de Esportes desligou-se do parceiro e passou a disputar jogos com sua nova denominação. Foi em 1940 que o clube recebeu o atual nome de Associação Portuguesa de Desportos.

Em 1922 o clube comprou as instalações da Praça de Esportes União Artística Recreativa Cambuci, que foi inaugurada solenemente em 25 de janeiro de 1925. A partir de 1926, foram disputadas ali as primeiras partidas oficiais da “Lusa”. Em 1929, foi adquirido um terreno na Avenida Tereza Cristina, no bairro do Ipiranga. Em seguida o time fixou sede no tradicional Largo de São Bento, onde viveu fase de muitas glórias, destacando-se o título “Tri-Fita Azul” do futebol brasileiro. A “Fita Azul” era um troféu entregue pelo jornal A “Gazeta Esportiva” ao time brasileiro que conquistasse invicto, dez jogos fora do país.

Em 1976 o clube inaugurou um de seus maiores símbolos, o estádio do Canindé. O terreno, que pertencera ao São Paulo Futebol Clube já havia sido adquirido pela diretoria que tinha a frente o presidente Luiz Portes Monteiro, em 1956, mas a construção acabou se arrastando durante anos. A inauguração do estádio, que representou um marco para o clube, ainda foi seguida de obras de ampliação até atingir a capacidade atual, de 27.500 torcedores.

Quando da compra, no local havia apenas uma pequena estrutura: um campo para treinos, um salão pequeno, vestiários e outras dependências para treinamentos. Para o clube usar o terreno como seu campo oficial teria que estar nas normas exigidas pela Federação Paulista de Futebol. Tiveram de ser erguidos vários alambrados e uma arquibancada de madeira. Por isso, na época o estádio recebeu o apelido de “Ilha da Madeira”.

Em 11 de Janeiro de 1956 a Portuguesa fez a estréia em sua nova e provisória casa vencendo um combinado entre dois rivais Palmeiras e São Paulo por 3 x 2. Mas a inauguração do Estádio do Canindé deu-se em 9 de janeiro de 1972, com a vitória da Portuguesa por 3 x 1 sobre o Benfica de Portugal. Nos primeiros tempos a capacidade do Canindé era para apenas dez mil torcedores. Em 1979, quando da administração do presidente Manuel Mendes Gregório, o Canindé foi ampliado chegando aos atuais 27.500 e rebatizado com o nome de Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte.

O maior artilheiro da história da Portuguesa foi José Lázaro Robles, o Pinga, com 284 gols marcados entre 1944 e 1952 e o jogador que mais vestiu a camisa da Lusa foi o volante Capitão, com cerca de 500 jogos disputados.

A maior goleada da Portuguesa aconteceu na Bolívia em 2 de Fevereiro de 1970 na cidade de Oruro, a 3.600 m de altitude contra o Ferroviário de Oruro e terminou 12 a 0 para a Portuguesa.

No decorrer desses anos, mesmo não tendo uma torcida tão numerosa quanto São Paulo, Santos, Corinthians e Palmeiras, a Lusa acabou se tornando um time tradicional e conquistou um espaço importante na história do futebol brasileiro. Do lendário Djalma Santos ao habilidoso Denner, muitos craques defenderam a equipe do Canindé.

Ao longo de sua história, a Lusa conquistou muitos títulos importantes. Conquistas internacionais: Troféu San Isidro, Espanha (1951); Fita Azul (1951, 1953 e 1954); Torneio Internacional do Canindé (1981); Conquistas regionais: Torneio Rio-São Paulo (1952 e 1955); Torneio Imprensa, Rio de Janeiro (1943); Taça Oswaldo Teixeira Duarte, Goiás (1971); Conquistas estaduais: Campeonato Paulista (1935, 1936 e 1973; Campeão Paulista da Série A2 (2007); Torneio Início (1935, 1947 e 1996); Taça São Paulo (1973); Taça Governador do Estado (1976); Taça São Paulo (1973); Taça dos Invictos (1955 e 1974); Troféu Vicente Matheus (1990); Futebol feminino: Campeonato Brasileiro (2000); Campeonato Paulista (1998, 2000 e 2002); Categorias de base: Copa São Paulo de Juniores (1991 e 2002); Campeonato Paulista Sub-20 (1990) e Campeonato Paulista Sub-15 (2002 e 2004).

Além dos títulos, os torcedores da Portuguesa têm outro motivo para se orgulhar: os grandes jogadores que vestiram a camisa rubro-verde. O maior deles é, também, um dos maiores craques da história do futebol brasileiro e mundial. O lateral-direito Djalma Santos defendeu a seleção brasileira em mais de 100 partidas, incluindo quatro Copas do Mundo (1954, 1958, 1962 e 1966). Ele ainda foi bicampeão mundial com a amarelinha (1958 e 1962). Pela Lusa, jogou mais de 400 vezes e conquistou os maiores títulos do clube. Djalma foi um dos responsáveis pelo bicampeonato do Torneio Rio-São Paulo, além de ter vencido três campeonatos paulistas. No último deles, em 1966, derrotando o Santos de Pelé.

Mais recentemente, outro jogador acabou marcando bastante a torcida lusitana. Criado no Canindé, onde chegou aos 11 anos de idade, Dener despontou para o futebol vestindo a camisa da Portuguesa na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1991. O atacante foi o destaque da competição e acabou levando a taça para o Canindé pela primeira vez. Sua velocidade e dribles desconcertantes impressionaram todo o país e o levaram à seleção brasileira. Em 1994, o atacante, que já era tido como uma das maiores revelações do futebol nacional, estava emprestado ao Vasco, quando uma tragédia tirou sua vida. O jogador faleceu, aos 23 anos, em um acidente de carro no Rio de Janeiro, dando um triste fim a uma carreira tão brilhante quanto curta.

Além de Djalma Santos e Dener, outros jogadores importantes defenderam as cores da Portuguesa. Entre eles: Julinho Botelho, Pinga (o maior artilheiro da história do clube, com 284 gols), Enéas (179 gols), Nininho (133 gols), Servílio (131 gols), Sílvio (120 gols), Brandãozinho, Ivair, Dener, Zé Roberto e Leandro Amaral.

A Severa é a mais antiga e tradicional mascote do clube. É uma homenagem à fadista portuguesa Dima Tereza que fez grande sucesso na década de trinta e que era conhecida como "A Severa". Em função disso, a Portuguesa bicampeã paulista de 35 e 36 também era conhecida pelos seus adversários como "A Severa".

O hino antigo do clube (Hino Rubro-Verde) tem letra e música de Archimedes Messina e Carlos Leite Guerra. O hino atual (Campeões) é de autoria do cantor português Roberto Leal e de Márcia Lúcia. (Pesquisa: Nilo Dias)

Em pé:
Carlos Alberto - Juths - Herminio - Ditão - Vilela e Mario Ferreira.Agachados: Jair da Costa - Ocimar - Servilho - Ipojucan e Melão. (Foto:Museu dos Esportes)