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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Por pouco Pelé não parou no Brasil de Pelotas

Uma das mais famosas historias do futebol brasileiro é aquela da proposta de troca de “Pelé”, por “Joaquinzinho”, ídolo do Brasil, de Pelotas, quando da excursão do clube paulista por gramados do Rio Grande do Sul ao final dos anos 50. “Pelé” tinha 16 anos, e recém começava a ganhar oportunidades no time titular. Seu apelido na época era “Gasolina” e não “Pelé”.

Dirigentes do clube pelotense ficaram impressionados com o talento mostrado pelo garoto de canelas finas e corpo franzino, destaque no empate de 1X 1 no jogo amistoso disputado em 22 de março de 1957, no Estádio Bento Freitas. Um encontro entre dirigentes dos dois clubes aconteceu no saguão do Grande Hotel, de Pelotas, ocasião em que o presidente “xavante”, Carlos Russomano, ouviu do técnico Lula o pedido de liberação do atacante “Joaquinzinho”, o grande destaque daquele time.

O presidente Russomano disse que só liberaria o jogador por CR$ 400 mil e i Santos cedesse também "aquele negrinho rápido" que entrara no jogo no segundo tempo. O treinador santista disse que então não haveria acerto, pois o menino era um talento a ser lapidado, e que o clube não gostaria de se desfazer dele. E aí acabou a especulação. Esse acontecimento é confirmado por Pelé, como autêntico.

Tem também outra história que é considerada lenda. A proposta do Santos seria de levar o jogador pelotense em definitivo e, como compensação ao negócio, deixaria três juvenis emprestados por um período, entre eles o Pelé. E o Brasil teria recusado. Esta história, dizem, é confirmada pelos envolvidos, principalmente por Joaquinzinho e Pelé.

O jornalista Luiz Lanzetta, que foi meu colega de redação no jornal “Diário Popular”, de Pelotas, jura que essa versão é a verdadeira. Em 1976, ele fez uma entrevista com “Joaquinzinho”. Nesse papo, ocorrido no bairro do Areal, em Pelotas, ele teria falado ao jornalista sobre a famosa troca que acabou não ocorrendo entre Brasil e Santos.

A matéria saiu na época num jornal chamado “Xavante”, que era editado por Lanzeta e um pequeno grupo de jornalistas. Lanzetta mora em Brasília há muitos anos e por coincidência, na mesma cidade satélite que eu, Sobradinho.

Joaquim Gilberto da Silva, o “Joaquinzinho” nasceu em Pelotas no dia 31 de dezembro de 1934. Começou a carreira de futebolista em 1950, quando tinha apenas 16 anos, nas categorias de base do próprio Brasil, de Pelotas. Quatro anos depois, em 1954 já era titular absoluto no time treinado por Paulo de Souza Lobo, o “Galego”, o mais importante treinador da história do clube,

Seu esplendoroso futebol chamou a atenção de dirigentes do S.C. Internacional, de Porto Alegre. Em 1957 foi para o “Colorado” da Capital, que enfrentava grave crise, vendo o rival Grêmio acumular títulos. Os jogadores que haviam participado da jornada vitoriosa do Pan-Americano de 1956 ou haviam sido negociados ou decaiam de produção pela implacável chegada dos anos.

Não demorou para que no segundo semestre de 1959 “Joaquinzinho” fosse negociado com o Corinthians Paulista, clube que enfrentava uma crise técnica maior que a do Internacional, sem ganhar títulos há muitos anos. Prova disso é que em apenas dois anos passaram oito técnicos e inúmeros jogadores.

Seu jogo de estreia no Corinthians aconteceu em 19 de setembro de 1959, num amistoso contra a Portuguesa de Desportos, em que marcou dois gols, na vitória de goleada por 4 X 1.

Por lá o craque pelotense também não teve sorte e ficou negativamente lembrado por ter sido integrante do time do "Faz-me rir", apelido dado pelos torcedores rivais, em erazão do fracasso de 1961. No Corinthians fez 108 jogos e marcou 48 gols.

No tricolor carioca o seu futebol renasceu. Em 1963, com o paraguaio Fleitas Solich como treinador, conquistou o título de campeão do Torneio Rio-São Paulo. E em 1964 o de campeão carioca. Nas duas conquistas foi titular absoluto.

Depois voltou para o futebol paulista, defendendo a Ponte Preta, de Campinas e na sequência o XV de Novembro, de Piracicaba. Em 1969 retornou a sua cidade natal, Pelotas, onde vestiu a camisa do grande rival “xavante”, o Esporte Clube Pelotas, onde encerrou a carreira. O áureo-cerúleo tinha na época este time: Piva – Hermínio – Osmar - Walmir e Severo. Serafim ou Luizito e Jara ou Joaquinzinho - Sidnei Buttini – Leal - Walter e Paraguaio.

Para “Joaquinzinho”, os melhores técnicos que conheceu foram Tim, Sílvio Pirillo, Martim Francisco e Fleitas Solich. Foi um jogador polivalente, atuando nas cinco posições mais ofensivas, mas tendo preferência pela meia-esquerda. Tinha um chute forte e certeiro, tendo marcado inúmeros gols nas equipes onde atuou. “Joaquinzinho” faleceu em 20 de julho de 2007, em Pelotas, após sofrer uma isquemia.

Seu corpo foi velado no salão nobre do estádio Bento Freitas e enterrado no Cemitério São Francisco de Paula. Ele era supervisor técnico das categorias de base do Grêmio Esportivo Brasil. (Pesquisa: Nilo Dias)