Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

sábado, 30 de abril de 2011

O centenário do E.C. Novo Hamburgo (3)

O ano de 1961 também foi marcante para o Esporte Clube Novo Hamburgo. Presidido por Oscar Sperb, o Novo Hamburgo bateu de frente com a Seleção do Uruguai, em duas brilhantes partidas. Com uma grande equipe, o anilado perdeu a primeira partida por 1 x 0 e, na segunda, empatou em 1 x 1, com gol de Raimundo para o anilado. O time base contava com Valdir – Alduíno – Beiço - Hélio e Itamar - Ica e Vevé – Miltinho – Mujica - Raimundo e Casquinha.

O jogo mais longo de um Campeonato Gaúcho, válido pela fase classificatória em 1968, teve como protagonistas Grêmio e Novo Hamburgo. A partida começou a ser disputada em 22 de fevereiro, uma quinta-feira à noite, e só foi terminar quase três semanas depois, em 13 de março, numa tarde de quarta-feira. Faltavam ainda 35 minutos para se encerrar o jogo quando faltou luz no Estádio Olimpico. O placar era 0 X 0.

Esgotado o período de espera para volta da iluminação, o regualamento determinava que o tempo restante fosse disputado noutra data. A FGF só conseguiu marcar os últimos 35 minutos para 19 dias depois, novamente no Olímpico, com portões abertos. O Grêmio aproveitou e ainda conseguiu vencer por 1 X 0.

Mané Garrincha, “O Anjo das pernas tortas”, teve uma passagem pelo Esporte Clube Novo Hamburgo. Ele vestiu a camisa 7 na noite de 2 de julho de 1969, na partida amistosa, em que o Internacional venceu o Novo Hamburgo por 3 X 1, no Estádio Beira-Rio. Garrincha saiu de campo aos 15 minutos do segundo tempo, sendo muito aplaudido pelos torcedores gaúchos. Antes da partida, Garrincha fez um treino no Estádio Santa Rosa, quando conheceu um pouco do clube e o grupo de jogadores.

Em junho de 2001, para evitar que o estádio Santa Rosa fosse à leilão para pagar dívidas trabalhistas recebendo um valor muito abaixo de seu valor de mercado, a direção do clube precisou tomar uma medida corajosa: buscou um comprador para o estádio. Essa medida dura, porém necessária para salvar o clube, precisou ser tomada.

Demonstrando compromisso com a comunidade, a Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (Aspeur), entidade mantenedora do Centro Universitário Feevale, adquiriu a área por um valor expressivo, garantindo assim a continuidade do clube e de uma história centenária.

Uma nova área de 5 hectares foi adquirida no bairro Liberdade, situada entre as ruas Santa Tereza e Simões Lopes, onde foi construída a nova casa anilada, o moderno Estádio do Vale. O nome do novo estádio foi decidido através de uma eleição com os torcedores do clube. Em um total de 1.302 votos a opção estádio do Vale obteve 647 votos.

Desde 2007 o Novo Hamburgo sedia seus jogos no novo estádio, mesmo sem estar concluído. Estão prontos o pavilhão principal com 3.500 lugares, três lances de arquibancadas cobertas que totalizarão 12.000 lugares, um pátio com estacionamento para 300 carros, que futuramente será ampliado para 500 carros. O gramado é de última geração, com 105m x 75m, grama Bermuda Tif Way 419 e um sistema de drenagem que armazena a água da chuva numa cisterna de 200 mil litros e irriga o campo através de 32 torneiras.

O primeiro jogo no Estádio do Vale foi disputado no dia 17 de agosto de 2008, quando o Novo Hamburgo derrotou o Criciúma, de Santa Catarina por 2 X 1. O primeiro gol na nova praça de esportes foi marcado por Tiago Moraes, do Criciúma.

Para muitos torcedores o melhor time da história do E.C. Novo Hamburgo foi montado em 1952. A formação base era: Paulinho – Zulfe – Mirão - Heitor e Crespo – Casquinha - Pitia e Soligo – Niquinho - Martins e Raul Klein. O técnico era Carlos Froner.

O principal jogador era Raul Klein, ponteiro-esquerdo habilidoso, que chegou à Seleção Brasileira, tendo disputado, juntamente com o goleiro Paulinho, o Panamericano de 1956. O Brasil foi campeão com uma equipe formada, em sua base, por atletas gaúchos. Raul disputou várias partidas. Já Paulinho não teve a mesma sorte: foi reserva durante toda a competição.

Outros jogadores importantes que fizeram história no clube: o centroavante Geovani, no Campeonato Gaúcho de 1962, marcou 13 gols e se sagrou artilheiro da competição. Seu feito só seria repetido mais duas vezes por atletas da equipe do interior. Uma por Sapiranga, em 1966, e outra por Giancarlo, principal goleador da competição em 2006.

O zagueiro Erico Scherer, o popular “Fogareiro” é considerado um dos melhores defensores a terem vestido a camisa do Novo Hamburgo. Por 18 anos ele defendeu seu clube do coração. Faleceu no dia 6 de maio de 1966 e, em seu enterro, o caixão foi levado por seis atletas uniformizados do clube. Além disso, a bandeira do Novo Hamburgo foi posta sobre o caixão como uma homenagem.

O goleiro Periquito é considerado o melhor da história do Novo Hamburgo. Na década de 40, deixou o clube para atuar pelo Internacional, onde fez parte de um grande time da equipe colorada, conhecido como “Rolo Compressor”.Sapiranga, veloz ponta-direita que também jogou no Internacional nos anos 60. Em 1961 foi campeão gaucho e artilheiro do campeonato com 16 gols. Em 1966, deixou o Inter e voltou ao Floriano, onde conquistou pela segunda vez o título de artilheiro do Gauchão, dessa vez com 13 gols. Passou ainda pelo Flamengo de Caxias do Sul, onde encerrou a carreira, em 1968.

Ingo, centro-médio que também jogou no Cruzeiro, de Porto Alegre; Júlio Kunz, um dos melhores goleiros já surgidos no Brasil; Miro, que defendeu as cores do Grêmio Portoalegrense; Miguel, que jogou pelo Internacional e Seleção Gaúcha; o lateral-direito Josimar, titular durante a Copa de 1986, no México, com o técnico Telê Santana; Moeler, goleiro que figurou no Selecionado Gaúcho e Ritzel, o “Arranca Taboa”, apelido ganho devido a violência de seu chute, que também jogou pelo Internacional nos anos de 1915, 1916 e 1917.

Ele fez parte do primeiro combinado Portoalegrense, que enfrentou os uruguaios em 1916, e que esteve assim formado: Schiel – Mordieck e Simão – Mário Cunha – Saavedra e Hansen – Sisson – Ritzel – Bendionda – Lúcio Assunção e Vares.

O jornal NH, realizou recentemente uma pesqiisa com seus leitores, procurando saber quais os melhores jogadores que vestiram a camisa anialada nesses 100 anos. e Também os técnicos. Alguns nomes lembrados:

GOLEIROS: Ademir Maria, Eduardo Martini, Geninho, Luciano, Marquinhos, Osvaldo, Paulinho, Petzold e Periquito. ZAGUEIROS: Aládio, Fogareiro, Heitor, Beiço, Paulo Vieira, Bob, Solis, Dias e Claudio Luis. MEIAS: Dagoberto, Éderson, Helenilton, Preto, Rached, Robson, Valdo e Xameguinha. LATERAL-DIREITA: Celso Augusto e Manoel
. LATERAL-ESQUERDA: Lauri, Luis e Paulinho. VOLANTES: Caçapava, Claudio Reginato
Lourival, Müllerve Pedro Ayub. PONTA-ESQUERDA: Anchietinha, Gilmar, Loivo, Passos, Raul Klein e Soares. PONTA-DIREITA: Itamar, Kasper, Preto e Zé Melo. ATACANTES: Éderson, Geada, Guinga, Jéferson
Róbson e Sapiranga. CENTROAVANTES: Bira Burro, Bugrão, Caio Junior, Claudiomiro, Jorjão, Paraná, Pedro Verdum, Romário e Valdinei. TÉCNICOS: Crlos Froner, Enio Andrade, Ernesto Guedes, Gilmar Iser, Marco Eugênio e Vacaria.

Também não pode ser esquecida a figura do grande treinador Pedro Otto Bumbel, que conquistou sucesso internacional. Ele marcou não somente a história do Esporte Clube Novo Hamburgo, como também a história do futebol mundial. Bumbel estudou e se fascinou pelo futebol, assistindo jogos do Taquarense.

Era natural de Taquara, onde nasceu no dia 6 de julho de 1914. Tornou-se militar do Exército Nacional e foi galgando patentes. A par dessa atividade profissional, estudava o futebol e todas suas nuances. Jogou muito pouco futebol, mas entendia das regras, de esquemas táticos, de como conseguir fazer com que o jogador produzisse o seu limite.

De Taquara foi para Novo Hamburgo. Bumbel encontrou espaço na Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo, onde além do futebol, introduziu o voleibol e o basquete, que aprendera lendo.

Em 1938, Bumbel marcou sua história como treinador de futebol, sendo convidado pelo Sport Club Novo Hamburgo a comandar a equipe. Aceito o desafio levou o time ao titulo citadino. Bumbel treinou depois o Cruzeiro de Porto Alegre e o Flamengo do Rio de Janeiro, na condição de auxiliar técnico de Flávio Costa. Em 1946, foi contratado pelo Grêmio. Em 1947 se aborreceu com os dirigentes gremistas e deixou o clube, retornando em 1949.

Foram muitas vitórias e a mais consagradora delas, 5 x 0 diante da seleção principal da Costa Rica. Em meio ao Campeonato Gaúcho de 1951, a Federação da Costa Rica convidou Bumbel para ser seu treinador. Ele largou o Grêmio, largou o Exército, largou tudo. O Grêmio se conformou e contratou outro treinador. No Exército foi declarado desertor e condenado à prisão militar. Durante dez anos ficou exilado, sob pena de prisão.

Seguiu sua brilhante carreira como técnico de futebol, embora melancolicamente pela ausência de sua pátria. Dirigiu com sucesso a seleção da Guatemala, seleção de Honduras e o Saprissa, da Costa Rica, pelo qual foi campeão nacional. Na Europa treinou o Porto, campeão português, Lusitano, vicecampeão português e Acadêmica de Coimbra. Na Espanha, o Atlético de Madri, campeão espanhol, Elche, vice-campeão espanhol, Valência, Racing Santander, Sevilha, Málaga e Sabatel.

Passado o período no exílio, Otto Pedro Bumbel retornou à Porto Alegre, onde foi articulista do jornal Diário da Notícias e correspondente do jornal "A Bola", de Lisboa. No dia 2 de agosto de 1998, foi encontrado morto no pequeno apartamento onde morava sozinho, com suas lembranças. Havia aproximadamente três dias que havia falecido, quando foi encontrado.

O legendário técnico Pedro Otto Bumbel. (Foto: Site BDFutbol)