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domingo, 5 de abril de 2009

S.C. Internacional, um gigante de 100 anos (Final)

Já garantido no Mundial de Clubes da FIFA, o Internacional fez uma preparação especial para a competição, sem descuidar do campeonato brasileiro. O técnico Abel Braga achou por bem utilizar um time reserva algumas vezes e o titular outras. O resultado até que foi bom, pois o time terminou como vice-campeão. Antes disso, nenhum clube que ganhou a Libertadores havia terminado o Brasileirão entre os dois primeiros colocados. Até então, um quarto lugar do São Paulo, em 1993 tinha sido o melhor resultado.

Depois de um ano de muitas conquistas veio 2007 e um mau começo de temporada. Mas aos poucos as coisas foram melhorando e o ciclo de vitórias foi completado com o título de campeão da Recopa Sulamericana, diante do Pachuca do México, que havia ganho a Copa sulamericana de 2006. No primeiro jogo, no Estádio Hidalgo, na Cidade do México o Internacional perdeu por 2 X 1. Alexandre Pato abriu o placar, mas Gimenez, com dois gols, virou para o time mexicano.

Na partida decisiva no Beira Rio, perante 51 mil torcedores, o Inter venceu por 4 X 0, a maior goleada da história da competição. Alex, de pênalti, Pinga, Alexandre Pato e Mosquera (contra) marcaram os gols. Com a conquista da Recopa, o Internacional que já havia vencido a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes da FIFA em 2006, garantiu a inédita Tríplice Coroa Internacional.

No começo de 2008 o Internacional trouxe mais um título internacional, a Copa Dubai, nos Emirados Árabes. E venceu adversários temíveis, a começar pelo Stuttgart, da Alemanha. Um gol de Alex garantiu a vitória por 1 X 0 e a classificação para párea a final da competição, contra o poderoso Internazionale de Milão. Nova vitória, desta vez por 2 X 1, gols de Fernandão e Nilmar, de bicicleta.

De volta ao Brasil, o clube foi campeão gaúcho, após dois anos sem conquistar a competição. A decisão foi contra o Juventude. No primeiro jogo, no Estádio Alfredo Jaconi, o Inter perdeu por 1 X 0. Na partida decisiva, no Beira-Rio, um placar histórico: 8 X 1 para o Internacional, com três gols de Fernandão, Danny Morais, Alex, Nilmar, Índio e o goleiro Clemer, de pênalti, um cada. A vitória rendeu ao clube o 38° título e consolidou o Internacional como o maior vencedor da história do Campeonato Gaúcho.

Com uma campanha apenas regular no Campeonato Brasileiro, o Internacional ainda conquistou ao apagar das luzes do ano um título inédito para o futebol brasileiro: a Copa Sul-Americana, da qual foi campeão invicto, com 5 vitórias e 5 empates. Foi o quarto título internacional oficial do clube: Libertadores, Mundial, Recopa e a Sul-Americana, este último nenhum outro clube brasileiro conquistou. Com isto, o Internacional tornou-se, ao lado do Boca Juniors, da Argentina, “CAMPEÃO DE TUDO”, possuindo todos os títulos oficiais que um clube da América do Sul pode almejar. A partir do conceito "campeão de tudo", o Inter modificou seu escudo para 2009.

Ainda em 2008, o Internacional lançou uma campanha para chegar aos cem mil associados. Embora tenha se aproximado desse número, o objetivo ainda não foi alcançado. Mas, mesmo assim figura entre os dez clubes com maior número de sócios em todo o mundo.

Os principais títulos conquistados pelo Internacional: Taça de Campeão Mundial de Clubes FIFA em 2006; Copa Libertadores da América: 2006; Copa Sul-Americana: 2008; Recopa Sul-Americana: 2007; Campeonato Brasileiro de Futebol: 3 vezes (1975, 1976 e 1979); Copa do Brasil: 1992; Campeonato Gaúcho: 38 vezes (1927, 1934, 1940, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1947, 1948, 1950, 1951, 1952, 1953, 1955, 1961, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1978, 1981, 1982, 1983, 1984, 1991, 1992, 1994, 1997, 2002, 2003, 2004, 2005 e 2008); Campeonato de Porto Alegre: 24 vezes (1913, 1914, 1915, 1916, 1917, 1920, 1922, 1927, 1934, 1936, 1940, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1947, 1948, 1950, 1951, 1952, 1953, 1955 e 1972).

O Gigante da Beira-Rio

Seu nome de fato é Estádio José Pinheiro Borda, homenagem a um velho português que durante muitos anos comandou as obras, se tornando o maior realizador do grande sonho e que infelizmente não pode vê-lo concretizado. No dia 12 de setembro de 1956, o vereador Ephraim Pinheiro Cabral, um homem do futebol, que por várias vezes presidiu o Inter, apresentou na Câmara de Porto Alegre o projeto de doação de uma área que seria aterrada no rio Guaíba. Na verdade o Inter estava ganhando era um terreno dentro da água pois o aterro só teve início em 1958.

Só em 1959 o clube fincou as primeiras estacas do Beira-Rio. Na década de 60, uma época difícil para o Inter no futebol, o Beira-Rio, ironicamente chamado de "Bóia Cativa" parecia que jamais seria concluído. Cansados das derrotas do time nos Eucaliptos, ali pertinho, os torcedores saiam para ver as obras do novo estádio. Finalmente o estádio foi inaugurado no domingo de 6 de abril de 1969, dois dias e 60 anos depois da fundação do Inter.

No jogo inaugural, contra o Benfica de Portugal, Claudiomiro fez o primeiro gol no estádio. E de repente um homem grande começou a chorar, e a abanar para a torcida, enquanto dava a volta olímpica no gramado: era Rui Tedesco, o engenheiro que concluiu o Beira-Rio. Emocionados estavam também os dirigentes, mas nada era maior do que o orgulho dos torcedores. Naquela tarde nascia o Gigante da Beira-Rio.

A arquitetura do Estádio incorporou detalhes do Azteca, do México, San Siro, de Milão, e Olímpico de Tóquio. No início, existia o projeto de colocação de mais um nível de arquibancadas, o que poderia elevar a capacidade de público para 130 mil pessoas. O Beira-Rio foi construído em grande parte com a contribuição da torcida, que trazia tijolos, cimento e ferro para a obra, inclusive do interior.

Nesse sentido, havia programas especiais de rádio, para mobilizar os torcedores colorados em todo o Rio Grande do Sul. Consta que até Falcão, mais tarde ídolo colorado, chegou a trazer tijolos para a construção. Agora, o Inter se prepara para tornar o Beira-Rio um dos mais modernos estádios do mundo, para poder sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, que será jogada no Brasil. É o projeto “Gigante para Sempre”, que prevê até mesmo a cobertura do estádio. Com isso o clube se adaptá às mais recentes exigências e padrões internacionais do futebol, pronto para sediar qualquer jogo nacional ou internacional, com um complexo esportivo sustentável.

O Sport Club Internacional é conhecido como “Celeiro de Ases”, por ser um dos principais formadores de jogadores no Brasil. De suas categorias de base saíram grandes craques nos últimos anos, como Lucio, Fábio Rochemback, Daniel Carvalho, Nilmar, Rafael Sóbis, Alexandre Pato e Taison, entre outros.

O Hino

Nelson Silva, o compositor do hino colorado era carioca e torcedor do Flamengo. Veio ao Rio Grande do Sul para fazer shows com um conjunto do qual participava e acabou ficando. Certo dia o Grêmio ia jogar contra o Flamengo. Nelson comprou ingresso e foi ver seu time jogar. Foi barrado na entrada do estádio por ser negro.

Devolveram-lhe o dinheiro do ingresso e disseram-lhe que não poderia entrar no estádio devido à cor da sua pele. Isso foi em 1946. Depois disso Nelson Silva aproximou-se do Internacional, tanto que apaixonou-se pelo clube.

No final dos anos 50, o Internacional sentiu necessidade de ter um hino, uma canção formal de celebração dos sentimentos colorados. Foi realizado um concurso para a escolha do hino, havendo muitos candidatos. Mas nenhum dos hinos satisfez a alma colorada como aquele que fora feito numa tarde de sofrimento de torcedor. O torcedor era o carioca Nélson Silva, compositor de morro, músico do conjunto "Águias de la Madianoche", e que morava há nove anos em Porto Alegre quando compôs o hino colorado.

O Inter desandava contra o Aimoré, o ano era 1957. Ele escutava o jogo e esperava a namorada Ieda, mas esqueceu o compromisso daquela tarde. Sentou-se brabo na mesa de um bar em frente, e por razões de quem é artista, começou a escrever um hino de louvação ao Internacional.

Quando concluiu a última estrofe “com o Clube do povo do Rio Grande do Sul”, teve a sensação de que era isto que seria cantado pelo torcedor. Foi o que aconteceu, “Celeiro de Ases” é hoje o hino oficial do Sport Club Internacional e do torcedor colorado.

Há alguns anos, a torcida também costumava cantar uma antiga marchinha carnavalesca: “Papai é o maior/Papai é que é o tal/ Que coisa linda, que coisa rara/Papai não respeita a cara”.

Mascote

Para identificar o Inter como um clube do povo, nas páginas esportivas da antiga Folha Desportiva e do jornal A Hora, surgiu na década de 50 a figura do Negrinho, um personagem cheio de ironia e malandragem. O avesso do maior rival do Inter, o Grêmio Porto Alegrense.

Com o tempo, o Negrinho acabou virando o Saci, aquele que gosta de armar ciladas contra as pessoas, como uma analogia ao que o Internacional faria nos campos de futebol. (Pesquisa: Nilo Dias)

Primeiro troféu de 2009.