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terça-feira, 30 de abril de 2019

A morte de Rodrigues Neto

O futebol brasileiro começou a semana mais triste. Morreu nesta segunda-feira (29), Rodrigues Neto, ex-lateral-esquerdo do Flamengo, Fluminense, Botafogo e Internacional, de Porto Alegre, aos 69 anos.

Sua morte teria sido ocasionada por uma trombose. Sofria de diabetes e estava internado no Hospital Bonsucesso na Zona Norte do Rio de Janeiro.

José Rodrigues Neto nasceu no município de Central de Minas (MG), em 1 de dezembro de 1949. Algumas publicações registram seu nascimento no dia 6 de dezembro de 1949, em Vitória (ES).

O pai era dono de uma sapataria e de uma pequena lavoura, o suficiente para cuidar da família numerosa e ainda patrocinar os gostos e aventuras do filho Rodrigues Neto com o futebol.

O jovem mineiro começou sua trajetória no Vitória Futebol Clube (ES). Seu futebol foi descoberto por olheiros do Flamengo em um amistoso do Vitória diante do Fluminense.

Na ocasião, Rodrigues Neto jogou apenas 20 minutos e encheu os olhos dos representantes do time da Gávea.

Contudo, o interesse do clube carioca só foi confirmado depois, quando um massagista conhecido pelo nome de “Mineiro” encaminhou Rodrigues Neto aos quadros amadores do Flamengo em 1966.

No ano seguinte assinou seu primeiro compromisso profissional. Ainda timidamente, Rodrigues Neto foi conquistando alguma credibilidade quando era aproveitado no decorrer de alguns compromissos.

Jogador de grande mobilidade, sua facilidade para apoiar o ataque era tão evidente que seu futebol foi aproveitado pela ponta esquerda em algumas partidas.

Em 1972 foi convocado para a Seleção Brasileira, quando ainda defendia o Flamengo, fazendo parte do grupo que conquistou a “Taça Independência”, competição disputada em nosso país.

Rodrigues Neto participou também da excursão "Canarinho" aos gramados da Europa em 1973, mas acabou cortado pelo médico Lídio Toledo em razão de um suposto problema na coluna.

Decepcionado, Rodrigues Neto nunca esqueceu o corte do escrete. Guardou mágoas e muito descrédito em relação ao trabalho do Departamento Médico.

A revista “Placar” de 29 de junho de 1973 também lançou dúvidas sobre os verdadeiros motivos de sua dispensa, inclusive apontando uma suposta preferência do técnico Zagallo pelo futebol de Marinho Chagas.

Em nota nas redes sociais, o Flamengo, clube no qual Rodrigues Neto atuou por 435 partidas, com 211 vitórias, 122 empates e 102 derrotas, 29 gols marcados e 12 títulos conquistados, lamentou a morte do jogador.

"Com imenso pesar, informamos o falecimento de Rodrigues Neto, um dos maiores jogadores da história do Flamengo. O lateral-esquerdo defendeu o Rubro-Negro entre 1967 e 1975 e brilhou, conquistando títulos importantes como os Cariocas de 1972 e 1974."

Rodrigues Neto inaugurou a “era” de laterais esquerdos destros do Flamengo, que teve Júnior como o grande expoente. Como Júnior, originalmente lateral direito, Rodrigues Neto era jogador de meio campo que foi deslocado para a lateral.

Era duríssimo na marcação e quando subia ao ataque virava mais um atacante. Tinha a característica de vir pela lateral e, na entrada da área caía para o meio e soltava a bomba de perna direita.

Cansou de fazer gols assim, o chute era potente e certeiro. Um grande nome que o Flamengo teve, e tantos gols importantes fez que virou ídolo.

Em 1976, Rodrigues Neto foi jogar no Fluminense, time no qual fez parte da "Máquina", ao lado de craques como Carlos Alberto Torres, Rivellino e Paulo César Caju.

O lateral afirmou que além do salário, também recebeu do Fluminense 185 mil cruzeiros em premiações no período de apenas 12 meses. Muito mais do que recebeu em quase 10 anos de serviços prestados ao Flamengo.

Rodrigues Neto permaneceu nas "Laranjeiras" até o findar da temporada de 1977, quando foi negociado com o Botafogo de Futebol e Regatas.

"O Fluminense lamenta o falecimento de Rodrigues Neto, lateral da "Máquina Tricolor" e "Campeão do Carioca", do "Torneio Viña del Mar" e do "Torneio de Paris", todos em 1976. O clube presta solidariedade aos familiares e amigos do ex-jogador", escreveu no Twitter o clube das "Laranjeiras".

Em 1978, Rodrigues Neto serviu a "Seleção Brasileira" na "Copa do Mundo da Argentina", na qual participou de quatro jogos na campanha invicta da equipe do técnico Cláudio Coutinho, terceira colocada no "Mundial".

Ele era jogador do Botafogo. "Nota de Pesar: Clube lamenta o falecimento do ex-jogador Rodrigues Neto, uma das 47 convocações alvinegras para a "Seleção Brasileira" em "Copas do Mundo". Disputou a Copa de 1978", lembrou o clube de "General Severiano".

Pela "Seleção Brasileira", Rodrigues Neto realizou um total de 19 partidas com 12 vitórias, 6 derrotas e 1 empate. Os registros foram publicados pelo livro “Seleção Brasileira 90 anos”, dos autores Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.

Rodrigues Neto também jogou pelo Internacional nos anos 1980. "O Inter lamenta com profundo pesar o falecimento de Rodrigues Neto, aos 69 anos.

O lateral-esquerdo defendeu a camisa colorada nas temporadas de 1981 e 1982, quando conquistou o bicampeonato gaúcho. Um tanto gordinho e calvo, o experiente Rodrigues Neto impressionou o preparador Gilberto Tim com seu condicionamento físico, apesar de já ser considerado um veterano.

“Desejamos força aos amigos e familiares", homenageou o clube gaúcho.

Jogador de bom vigor físico e irreverência, Rodrigues Neto encerrou a carreira no São Cristóvão, do Rio de Janeiro. Passou também por Ferro Carril Oeste e Boca Juniors, ambos da Argentina, além de atuar no futebol de Hong Kong.

Na Argentina, o lateral ficou conhecido como “El-Negrito”. Com muito prestígio, Rodrigues Neto morava em um amplo e confortável apartamento na “Calle Campichuelo”.

Chegou a ser treinador do Moto Club, São Bento e dos juvenis do Fluminense. (Pesquisa: Nilo Dias)

Rodrigues Neto, quando jogava no Internacional, de Porto Alegre. 

segunda-feira, 29 de abril de 2019

A morte do "Flexa Loira"

Morreu na última quinta-feira, 25, o ex-jogador Dirceu Krüger, um dos maiores ídolos da história do Coritiba, aos 74 anos completados no último dia 11. Ele nasceu no dia 11 de abril de 1945 e ultimamente trabalhava na área administrativa do clube.

De acordo com o diário “A Tribuna”, ele passou por uma cirurgia no último dia 13, em razão de uma obstrução intestinal, e recebeu alta, mas voltou ao hospital na quarta-feira 24 e não resistiu a complicações de saúde. O ex-meio-campista sofria com complicações intestinais desde os anos 70, após um choque durante um jogo.

Descendente de alemães e poloneses, começou a torcer pelo "Coxa" ainda criança. Começou a carreira no futebol amador de Curitiba, defendendo o União Ahú e o Combate Barreirinha. No entanto, o início da carreira profissional foi em um outro clube da cidade: o extinto Britânia, em 1963.

Em 1964, o Britânia venceu o chamado "trio de ferro" da capital - Coritiba, Atlético Paranaense e o atual Paraná, pelo mesmo placar de 2 X 1. Dirceu Krüger marcou os seis gols dos jogos.

Não demorou para que a diretoria do Coxa desembolsasse 20 milhões de cruzeiros para contratar o meia e o lateral Antero. O acerto foi assinado no dia 24 de fevereiro de 1966.

Apelidado de ”Flecha Loira”, pelo jornalista esportivo Albenir Amatuzzi, pela velocidade, pelos passes milimétricos e pela facilidade com que passava pelos adversários e ainda pela elegância, Dirceu Krüger estreou no Coritiba em 1966 e marcou 58 gols em 252 jogos com a camisa verde e branca.

Krüger foi destaque na época áurea do Coritiba, quando enfileirou taças do “Paranaense” e o “Torneio do Povo” em 1973, competição nacional organizada pela CBD e que reuniu os clubes de maior torcida na época em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná.

Em 1970, Krüger quase morreu após um jogo pelo Coritiba. Era 11 de abril, dia em que o jogador completava 25 anos. Em uma partida contra o Água Verde, o jogador dividiu com o goleiro Leopoldo, que o acertou violentamente na região do intestino.

O grave ferimento fez com que Krüger fosse internado por 70 dias, com o órgão danificado a ponto de ter até recebido a extrema-unção, rito católico para enfermos. Ele sobreviveu e voltou a atuar até se aposentar. 


Voltou aos gramados em uma excursão à Argélia, onde diz ter marcado o gol mais bonito da carreira. Em 1972, recebeu a “Fita Azul” por permanecer invicto em amistosos no exterior.

Kruger carregou a marca de nunca ter sido expulso. Encerrou a carreira aos 31 anos de idade.

Ele teve 54 anos de sua vida dedicados ao clube paranaense. Além de jogador, foi auxiliar técnico, treinador do time e chegou a assumir funções administrativas, além de ter sido responsável pelas categorias de base.

Em 1979, fez sua primeira partida como técnico. Um dos jogos em que esteve no comando foi o 0 X 0 com o Goiás no “Couto Pereira”, na caminhada do Coritiba pelo título brasileiro de 1985, durante a troca de Dino Sani por Ênio Andrade.

Ajudou o Coritiba nas conquistas do Campeonato Paranaense em 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974 e 1975 e foi auxiliar técnico de Ênio Andrade no título do Campeonato Brasileiro de 1985.

Comandou o time principal em 185 partidas, a maioria das vezes como interino. Só teve uma chance como técnico efetivo em 1997, comandando a equipe no "Campeonato Paranaense".

A idolatria era tanta que o "Flecha Loira" foi homenageado em vida com uma estátua erguida em 2016 com a iniciativa dos torcedores, que arrecadaram dinheiro para a construção do busto colocado em frente ao "Estádio Couto Pereira", onde torcedores se reuniram após a morte do ídolo.

A última aparição pública do ídolo coxa-branca foi na final do segundo turno do "Campeonato Paranaense", a “Taça Dirceu Krüger”, quando entregou o troféu de campeão ao time de aspirantes do Atlético Paranaense, que venceu exatamente o Coritiba na decisão.

Mesmo com o nome historicamente ligado ao rival, foi respeitosamente aplaudido pela torcida rubro-negra na "Arena da Baixada".

A despedida do Dirceu Krüger rendeu homenagens de atletas e ex-atletas de relevância na história do Coritiba. "Seu Krüger, descanse em paz. Obrigado por todos os ensinamentos", declarou o lateral Rafinha, hoje no Bayern de Munique, da Alemanha, e que trabalhou com Dirceu.

"Muita luz à família "Coxa-Branca!".. descanse em paz, Flecha", escreveu Alex em seu perfil no Twitter. Tcheco e Pachequinho também prestarem condolências a família de Krüger.

"Um craque como poucos. Foi uma marca, sem dúvida alguma. Um jogador extraordinário, mas principalmente pelo caráter, conquistou a simpatia de todos e até o respeito do adversário", comentou o jornalista e narrador esportivo Carneiro Neto, que acompanhou a carreira do "Flecha Loira", apelido que ganhou pela mobilidade em campo.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o prefeito de Curitiba Rafael Greca, e o governador do Estado, Carlos Massa Ratinho Junior, também o homenagearam, bem como os rivais do Coritiba, Paraná e Atlético Paranaense, além de outros clubes, como o Santos.

O Coritiba decidiu fazer mais uma homenagem ao ídolo Dirceu Krüger. A partida da equipe, hoje a noite, 20 horas, no “Couto Pereira”, pelo “Campeonato Brasileiro da Série B”, não terá cobrança de ingressos. Para garantir acesso, o torcedor precisou fazer um cadastro no site ou na loja oficial do clube.

Como o regulamento da Série B não permite portões abertos e também estipula um preço mínimo de R$ 20 para os ingressos, o Coritiba vai custear as entradas.

Para o historiador coxa-branca Guilherme Straube, Krüger foi o maior ídolo do clube por diversos fatores. Estreou contra o Grêmio de Porto Alegre já marcando gol, ao driblar o zagueiro Airton "Pavilhão".

Jogador extremamente inteligente e rápido, e por isso o apelido "'Flecha Loira", era parado pelos adversários apenas na base da violência. Ele fez o gol da vitória na decisão de 1972 contra o Atlético e ajudou o clube a tornar-se pentacampeão regional.

Como treinador das categorias de base, Krüger acompanhou e ajudou a formar todas as gerações de atletas que foram criadas no clube, a partir da década de 1980. Em 2016, a torcida coritibana reuniu-se e financiou a construção de uma estátua de Krüger, em frente ao "Estádio Couto Pereira".

Dificilmente alguém, algum dia, conseguirá fazer pelo Coritiba, o que fez o eterno “Flecha Loira." Na carreira, Krüger não aceitou jogar por outros clubes que não o Coritiba desde que assinou contrato.

Em 1971, o Vasco procurou o time alviverde para levar Krüger, mas acabou contratando Kosilek, que fazia dupla com ele. Criou-se então a lenda de que o “Chinês”, apelido do presidente Evangelino Neves, teria ludibriado o Vasco.

Na verdade, o presidente Evangelino Neves não deixou Krüger aceitar os convites que teve do Flamengo, Corinthians e de outros. Falava-se que o Kosilek foi para o Vasco da Gama confundido com o Krüger.

Mas isso não é verdade, é uma lenda. O Kosilek também era um ótimo jogador, e o Vasco sabia que o Coritiba não ia deixar o Krüger sair, contou Carneiro Neto. Krüger deixou a esposa, dois filhos, uma neta e toda a torcida coxa-branca. (Pesquisa: Nilo Dias)



sexta-feira, 26 de abril de 2019

O Rio Preto agora é centenário

O Rio Preto Esporte Clube, da cidade de São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo e mais conhecido somente por Rio Preto, é mais uma agremiação esportiva a integrar a galeria dos clubes centenários do futebol brasileiro.

Foi fundado em 21 de abril de 1919 por um grupo de jovens: professor Atílio Onibeni, Francisco de Almeida Viegas (Pacheco), Gabriel Camarero, Francisco Laurito, José Bueno (Juca Bueno), João Jorge (João da Pinta), Francisco Fusco e José Zanirato “Bepe”.

Quando da fundação havia na cidade, uma agremiação conhecida apenas por “Esporte Clube”, composta por elementos ligados às firmas comerciais de São José do Rio Preto.

Procuraram então seus diretores e propuseram-lhes a fusão dos dois clubes. Assim, o clube fundado passou a chamar-se Rio Preto Esporte Clube, como homenagem a agremiação extinta.

O primeiro jogo do novo clube foi contra o Clube Atlético Imperial, da cidade de Taquaritinga (SP). Mesmo tendo perdido essa primeira exibição, o Rio Preto não parou de receber convites para jogos.

Logo em seguida surgiu na cidade um concorrente ao Rio Preto Esporte Clube, o Palestra (fundado em 1929). Os dois foram protagonistas do primeiro clássico de Rio Preto.

Com a profissionalização, Rio Preto e Palestra seguiram caminhos distintos. O Palestra ficou no amadorismo e o Rio Preto seguiu sozinho no profissional.

O Rio Preto tem no América Futebol Clube o seu maior rival. Em 1946, existia um time amador em Rio Preto que era imbatível, a Associação dos Bancários.

Neste time jogava Canizza, jogador que desafiava qualquer um a vencer seu time. Alguns esportistas da cidade, liderados pelo engenheiro da “Estrada de Ferro Araraquarense”, Antonio T. Pereira Lima, resolveram fundar um clube de futebol para derrotar o time de Canizza.

Fundado como América Futebol Clube, sua estreia foi contra a Ferroviária, de Araraquara (SP) no antigo campo do Palestra. Mas devido às chuvas, o gramado estava alagado e a diretoria do América solicitou à do Rio Preto o empréstimo de seu estádio.

O pedido foi negado. De fato, os coronéis e doutores do Rio Preto andavam ressabiados com o novo rival. Eles acusavam os americanos de estimular a dissidência de jogadores do Rio Preto para contratá-los em seguida.

E um dos primeiros jogadores a trocar o verde e branco pelo vermelho foi exatamente Benedito Teixeira; o aclamado ex-presidente do América tinha sido ponta-esquerda do Rio Preto.

Os diretores do Rio Preto não externaram à época, mas à boca pequena também se sabe da mágoa por não ter sido o Rio Preto o adversário na estreia do América.

Oficialmente, o clube não emprestou o “Estádio Dr. Vitor Britto Bastos” alegando que o jogo danificaria o campo, encharcado depois das chuvas. Começava ali uma das maiores rivalidades do Estado de São Paulo.

América e Rio Preto fazem um clássico curioso: os confrontos entre ambos são escassos. Uma das equipes mais antigas do interior paulista, o Rio Preto disputou em 2008 pela primeira vez a Série A1. Já o América fundado bem mais tarde, passou quase toda sua vida na divisão maior de São Paulo.

Outro fato curioso: ambas as equipes subiram de divisão no mesmo ano em duas oportunidades. Em 1963 o América subiu para a 1º divisão e o Rio Preto para a 2º, fato que se repetiu em 1999.

Mas o mais curioso aconteceu em 2007: O América foi rebaixado para a Série A2 e o Rio Preto promovido para a Série A-1. Este distanciamento, portanto, não faz com que seus torcedores apoiem o time rival. Pelo contrário, quem é América nunca será Rio Preto e vice-versa.

Confrontos entre os dois rivais até hoje: 65 jogos, 33 vitórias do    América, 19 empates e 13 vitórias do Rio Preto.

O último confronto entre eles aconteceu em 29 de janeiro de 2012, 3 X 0 para o Rio Preto, em partida realizada no “Estádio Anísio Haddad”, valido pela 2° rodada do Campeonato Paulista da Série A2.

Atualmente o clube disputa a Série A3 do "Campeonato Paulista" e a "Copa Paulista". É chamado por seus torcedores de “Verdão da Vila Universitária” e “Glorioso”.

O mascote oficial é o “Jacaré”. Criado por Cláudio Malagoli em 1968 quando de um concurso que buscava escolher um mascote para o clube como modo de festejar os 49 anos de fundação da entidade.

Cláudio sagrou-se vencedor e o “Jacaré” acabou sendo adotado como mascote do clube. Tal escolha não poderia ter sido melhor na opinião dos torcedores, que dizer ser o “Jacaré”, o “couro duro do Oeste”.

O Rio Preto é o primeiro clube que se tem notícia de adotar esse animal como mascote, já que uma das regras do concurso era de que não poderia ser imitado o mascote de nenhum clube ou entidade. Hoje o “Jacaré” também é mascote do Brasiliense, do Distrito Federal.

Um dos primeiros problemas enfrentados pelo Rio Preto foi encontrar um local para a prática do futebol. Na tentativa de achar um bom lugar, os dirigentes procuraram os proprietários de terras na cidade, até encontrarem alguém disposto a colaborar.

Foi assim que o coronel. Victor Brito Bastos, numa demonstração de amor às causas esportivas e ainda da simpatia com que recebeu a noticia da fundação da nova agremiação, cedeu graciosamente, extensa faixa de terreno, para que ali pudessem levar adiante os planos então de projetar o nome de Rio Preto.

Dois anos se passaram e o campo foi totalmente cercado com muro de tijolos e arquibancada de madeira. Coube a Bepe Zanirato, construtor da época, esses melhoramentos. O nome do Coronel Victor Brito Bastos, batizou a praça de esportes, em justa homenagem a quem doou o terreno.

A cidade cresceu e sentindo a necessidade de dotar a tradicional agremiação de uma praça de esportes mais completa, em meados de 1965, surgiu o Novo Rio Preto E.C.. Formou-se uma comissão encabeçada pelo desportista Farid Abrão Maluf.

O terreno do “Estádio Coronel Victor Brito Bastos” foi loteado e vendido, e com mais as vendas de títulos patrimoniais, a agremiação comprou uma área de 68 mil e 100 m² (quase três alqueires), pegado ao “Consorcio de Menores,” área localizada na “Vila Universitária”.

O presidente Anísio Haddad trocou uma quantidade de gado com Anésio Vetorazzo, 16 alqueires no Distrito de Engenheiro Schmitt, próximo ao trevo da SP 310.

Mesmo estando em seu nome, destinou-o para ser o futuro Clube de Campo do Rio Preto Esporte Clube. Acreditando em um belo projeto onde seriam vendidos os primeiros 1.000 títulos patrimoniais e pago o terreno, o qual passaria então para o patrimônio do clube. Com o falecimento do presidente no cargo, a área foi para o seu espólio.

Vieram outros presidentes e na gestão do doutor Reinaldo Navarro da Cruz foi transferida a Sede do Clube, da antiga telefonia da família Haddad na Rua Marechal Deodoro para a Galeria Bady Bassitt, esquina da mesma com a Rua Bernardino de Campos no 1º andar, em salões alugados, instalando-se lá a Boate para sócios e convidados, com finalidade de angariar fundos.

No dia 21 de abril de 1968, o novo estádio do Rio Preto foi inaugurado. Devido a colaboração importante na sua construção pela Família Haddad, em especial os senhores Anísio Haddad e Valdemar Haddad, a praça de esportes recebeu a denominação de “Estádio Anísio Haddad”, que foi inclusive um dos grandes presidentes da agremiação.

Recentemente o “Estádio Anísio Haddad” passou por uma grande reforma para se adequar as normas da Federação Paulista de Futebol para receber os jogos da 1° divisão paulista, assim sua capacidade caiu de 35 mil para 18.740 lugares.

A praça de esportes ganhou alojamento completo para atletas, que foi denominado de ex-presidente Ulisses Jamil Cury, novas cadeiras cativas, levantado todo o muro, feito salas, sanitários, etc. e desenvolvidas obras importantes no clube de Campo.

Ainda no mandato do doutor Reinaldo Navarro da Cruz, através de uma Comissão de Vereadores da cidade, presidida pelo doutor Vergílio Dalla Pria Netto e composta pelo professor Eduardo Nicolau e doutor José Eduardo Rodrigues, foi inaugurada a sonhada iluminação do “Estádio Anísio Haddad”.

Iniciou-se então, um projeto para transformar o Rio Preto E.C. em um verdadeiro clube, além do esportivo, social, recreativo e cultural, a construção de um Poliesportivo em 21 de abril de 1988 através de um contrato com a Somar Empreendimentos Imobiliários Ltda.

Em 1989, com o termino do mandato do doutor Vergílio Dalla Pria Netto, foi eleita por unanimidade do Conselho para presidente a doutora Wayta Ap. Menezes Dalla Pria, primeira mulher presidente do clube na história.

Em 1993, o doutor Vergílio Dalla Pria Netto voltou a presidir o Rio Preto, desenvolvendo após conseguir devolução da área fronteiriça ao estádio na Avenida Faria Lima, a construção do “Iboruna Shopping”, que visava recursos para a independência financeira do futebol, tendo sido inaugurado a primeira âncora em 1 de outubro de 1996.

O Rio Preto é uma das equipes mais tradicionais do interior paulista, tendo passado a maior parte de sua história disputando o Campeonato Paulista da série A2 (Segunda Divisão).

Em 2007, a equipe conquistou o vice-campeonato da categoria, sendo promovido a elite do futebol paulista pela primeira vez em 2008, sendo rebaixado no mesmo ano para a série A2 do “Paulistão”.

Títulos conquistados. Estaduais: Campeão da Série A3 (1963 e 1999). Campanhas de destaque: Vice-campeão da Série A2 (2007); Vice-campeão da Série A3 (1994 e 2016). (Pesquisa: Nilo Dias)

O Rio Preto em 1999.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Morre o mais antigo funcionário do Grêmio

A alegria dos dirigentes, jogadores e torcedores do Grêmio Portoalegrense, na noite da última terça-feira (23), misturou-se a tristeza com o falecimento de Antônio Carlos Ricci Verardi, o mais antigo funcionário do clube, ocorrido na madrugada de quarta-feira (24) aos 84 anos de idade.

De acordo com o clube gaúcho, Verardi lutava contra um câncer e perdeu a batalha. O velório foi realizado na tarde de quarta-feira no Saguão do portão A da Arena, e a cremação ocorreu às 20 horas.

A vocação para a gestão do futebol acompanhava Antônio Carlos Verardi, o "Seu Verardi", desde a juventude. Ao longo dos seus 84 anos de vida, inúmeras oportunidades se apresentaram a ele para cumprir a sua destinação, sendo a maior delas no Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Nascido em Passo Fundo (RS), no dia 1 de junho de 1934, em uma família de seis irmãos, o filho de Seu Vitório e Dona Doralina compartilhava com os outros três meninos da casa a paixão pelo futebol. Decidiram montar um time, e coube a ele, com 13 anos , a tarefa de escolher o nome do Glória Futebol Clube, as cores verde e branco do uniforme, reunir os jogadores e organizar as partidas.

Um ano depois, em 1949, quando ingressou no internato do Colégio Rosário, em Porto Alegre, a história se repetiu: foi encarregado pelos irmãos maristas para coordenar as atividades dos três times da escola- os maiores, os médios e os menores.

Seu primeiro contato com o Grêmio se deu quando o irmão mais velho, Waldemar, foi chamado para jogar no clube. Segundo Verardi, ali teve inicio "um amor instantâneo”, a partir do qual nasceu "uma afeição imediata e eterna". Ele também atuou na equipe e chegou a jogar na velha "Baixada", mas sua trajetória vitoriosa no tricolor gaúcho seria construída fora de campo.

De volta a Passo Fundo, enquanto se preparava para prestar vestibular, "Seu Verardi" assumiu a supervisão e uma posição na zaga do Independente, recebendo o apelido de majestade da área pela imprensa local. Ele agregou à equipe os jogadores do reavivado Glória Futebol Clube. O time amador disputou o campeonato municipal contra três clubes profissionais - e sagrou-se campeão.

No final de 1952, mudou-se novamente para Porto Alegre, após ser aprovado no vestibular para Faculdade de Farmácia, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 

Estudava pela manhã e trabalhava no banco de Crédito Real do Rio Grande do Sul á tarde, no qual também organizou um time para disputar o campeonato bancário. Ao término da graduação, chegou a montar uma pequena farmácia, mas a forte concorrência o fez encerrar o negócio.

Cinco anos após sua chegada na capital, "Seu Verardi" casou-se com Dona Carminha, com quem teve cinco filhos e construiu uma família que o acompanhou em todos os momentos.

Por intermédio de uma colega do banco, soube de uma oportunidade para trabalhar no setor de exportação da Celulose Cambará S.A., cujo dono era o doutor Fernando Kroeff, presidente do Grêmio em 1958.

Ele assumiu a vaga, foi informado que uma das suas funções era redigir o relatório presidencial para o Conselho do clube, retomando seu contato próximo com o Grêmio.

Após oito anos de trabalho, foi solicitado para organizar a administração da Comissão de Obras do Grêmio, por um período de 30 dias.

Com a tarefa finalizada no prazo combinado, ele retornou ao seu posto na Celulose Cambará, que havia ficado reservado, mas não permaneceu lá por muito tempo: foi convidado pelo presidente do Grêmio, doutor Mário Antunes da Cunha e pelo doutor Fernando Kroeff para assumir a gerência-geral do clube. Ele não se esquivou do desafio, iniciando em 1° de agosto de 1965, aos 31 anos de idade, uma trajetória vitoriosa, de muito trabalho e amor pelo tricolor.

Profissional sério e competente deu-se tão bem na nova função que virou referência nacional e foi um dos pioneiros no Brasil a atuar como superintendente de futebol. Em 2005, se aposentou, mas seguiu no Clube, dessa feita como superintendente de futebol, responsável pela logística do grupo profissional.

Mesmo com a saúde um tanto abalada, Verardi  ainda chegava cedo para trabalhar no CT Luiz Carvalho, e era um dos últimos a sair. Não importava se era dia normal, de folga ou final de semana, ele sempre era encontrado nas dependências do clube.

Nos últimos meses, depois de ter sido convidado para acompanhar a delegação no Mundial dos Emirados Árabes, Antônio Carlos Verardi se dedicou a divulgação da obra “Seu Verardi e Grêmio – Uma História de Amor”, livro de memórias lançado o ano passado, um documento de valor inestimável, no qual conta passagens de sua vida pelo Grêmio. 

No mesmo ano, recebeu das mãos do vice-presidente de futebol Duda Kroeff, juntamente com o presidente Romildo Bolzan Jr, uma placa de homenagem por todo o trabalho desempenhado ao longo de várias décadas.

Verardi era amigo pessoal do técnico Renato Portaluppi, que conhecia desde os tempos em que este surgiu para o futebol, no começo dos anos 80. Para se ter idéia do tamanho da amizade que os unia, o treinador o chamava de “pai”.

Por volta das 15h30min de ontem, após o retorno do Grêmio, que jogara no Paraguai na noite de terça-feira, o técnico Renato Portaluppi, integrantes da comissão técnica e jogadores chegaram ao local do velório.

Bastante emocionado e carregando uma bandeira do clube, o treinador puxou uma salva de palmas para o amigo que fez na década de 80, quando ainda atuava como jogador.

Uma das cenas mais emocionantes foi quando Renato Gaúcho entregou aos familiares a medalha de campeão gaúcho de 2019. O prêmio foi colocado sobre o corpo de "Seu Verardi". 

Além de gremistas, o Internacional também se mostrou solidário com o falecimento. João Patrício Herrmann, vice-presidente eleito do clube, compareceu e fez reverência a Verardi. 

"O Seu Verardi era um dirigente à moda antiga, uma pessoa íntegra e que está acima da rivalidade Gre-Nal", disse Herrmann. "Meu pai, certa vez, tentou levar ele para trabalhar no Internacional. Claro que ele não aceitou, seguiu no Grêmio", completou, em referência a Eraldo Herrmann, presidente do Inter entre 1974 e 1975.

O velório no saguão da Arena mobilizou os gremistas. Desde o final da manhã, figuras históricas do clube apareceram para prestar homenagens a "Seu Verardi". Mano Menezes, treinador do Cruzeiro, enviou coroa de flores ao ex-dirigente. 

O mesmo foi feito pelo grupo de jogadores de 2007, equipe que chegou à final da Libertadores contra o Boca Juniors. Celso Roth, com quatro passagens pelo Grêmio, também disse adeus ao funcionário mais antigo do clube gremista.

Diversos jogadores do grupo atual e de equipes do passado do Grêmio também prestaram homenagens através das redes sociais. Léo Moura e Rafael Galhardo lembraram que ambos foram recepcionados no aeroporto pelo “Seu Verardi”.

“Obrigado por tudo, “Seu Verardi”. Você estará para sempre na memória de todos os gremistas”, escreveu Everton. “Obrigado por tudo “Seu Verardi”, foi uma honra ter convivido com o senhor”, publicou Geromel no Twitter, completando: “Um dos gremistas mais importantes da história nos deixou”.

O Bahia publicou post afirmando que Roger Machado, ex-jogador e técnico do Grêmio vai estar no velório. “Todas as nossas condolências ao tricolor gaúcho. Roger Machado considerava “Seu Verardi” como um segundo pai”.

Dinho, Danrlei, Paulo Nunes, Galatto e muitos outros ex-jogadores do clube prestaram homenagens pelas redes sociais.

"A grandeza da história do Grêmio foi feita por grandes homens e ele, com certeza, era um deles", comentou Duda Kroeff. "Ele era corneteiro, o Renato sofreu muito com ele nos últimos anos. Seu Verardi queria escalar o time", acrescentou em tom descontraído. "Era um excelente contador de histórias, um homem que tocou o futebol do Grêmio em tempos diferentes". 

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., usou as redes sociais para comentar a morte. “Nos deixa hoje o Antônio Carlos Verardi, o funcionário mais antigo do Grêmio Uma de suas grandes frases foi: ‘Eu só sou o que sou porque pertenço ao Grêmio’. Nossos sentimentos aos amigos e familiares”, escreveu em sua conta no Facebook.

Confira a nota oficial do Grêmio. "É com imenso pesar que o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense comunica o falecimento do senhor Antônio Carlos Verardi, aos 84 anos, ocorrido na madrugada desta quarta-feira, dia 24.

“Seu Verardi”, como era carinhosamente conhecido, era superintendente de futebol do tricolor e o mais antigo colaborador registrado no quadro funcional da instituição, com 54 anos de dedicação.

Adorado por atletas, dirigentes e colegas de trabalho por sua competência, fidalguia e discrição, “Seu” Verardi” criou com o Grêmio uma identificação única, que se mistura com a própria história do Clube”.

Os jogadores do Sub-17 do clube prestaram homenagem a Verardi na tarde de ontem, durante o Gre-Nal do Campeonato Brasileiro, vencido pelo Grêmio por 3 X 0. Todos os atletas entraram no gramado com uma tarja preta no braço. 

A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) anunciou que a Copa FGF, disputada no segundo semestre, receberá o nome de Antônio Carlos Verardi em homenagem ao funcionário do Grêmio. (Pesquisa: Nilo Dias) 


domingo, 21 de abril de 2019

Derrotado pela droga

O ex-jogador de futebol Valdiram Caetano de Morais, ou simplesmente Valdiram, de 36 anos, foi encontrado morto ontem (20) na rua Santa Eulália, na zona norte da capital paulista, em um local conhecido por abrigar usuários de drogas. Segundo a Polícia Militar, uma equipe foi atender uma chamada sobre um morador de rua morto.

Quando os policiais chegaram ao local, encontraram o corpo do ex-jogador caído na calçada e com sinais de agressão. Os policiais militares chegaram a acionar o serviço de resgate médico, que constatou o óbito. 

Ele só foi reconhecido posteriormente, por outros moradores de rua.  A informação foi confirmada pelo Instituto Médico Legal (IML) do bairro Santana, para onde Valdiram foi encaminhado.

Valdiram viveu como um atleta de potencial perdido e morreu como morador de rua por causa ainda não confirmada.

O Vasco da Gama divulgou nota oficial, na noite deste sábado, e lamentou o falecimento do seu ex-jogador. Valdiram foi atacante do clube na melhor fase de sua carreira, e vinha vivendo como morador de rua, enfrentando problemas com alcoolismo e drogas.

Era natural de “Canhotinho”, Pernambuco, onde nasceu no dia 30 de outubro de 1981. Coincidentemente, fazia aniversário junto de Maradona, craque argentino, nascido em 1960, que sofreu os mesmos problemas com drogas.

Revelado pelo Mirassol, da cidade paulista de igual nome, em 2001, teve passagens pelo CRB, de Alagoas, Anápolis, de Goiás, Belenenses, de Portugal e Cia Norte, do Paraná. Mas quando chegou ao Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, sua vida mudou.

Valdiram causou polêmica ao ser contratado, devido a um recheado histórico policial, além do consumo de drogas e bebida. Já tinha sido preso por estupro e agressão.

Na equipe da “Cruz de Malta”, teve relativo sucesso. O então jovem jogador se fez artilheiro anotando gols nos clássicos cariocas e culminando com a artilharia da “Copa do Brasil” de 2006, com sete gols marcados e ajudou o Vasco à chegar à final da competição, na qual o time cruzmaltino acabou sendo derrotado pelo Flamengo na luta pelo título.

Devido aos seus gols, despertou a malquerença da torcida adversária e recebendo um "canto" com impropérios dos flamenguistas. 

Na época, porém, desentendeu-se com o técnico Renato Gaúcho, quando pairavam sobre o jogador acusações de ter saído para a noite antes de um dos jogos da final contra o Flamengo. Acabou perdoado. Mas como faltava muitos aos treinos acabou dispensado.

Só que a mágoa do atacante com o Vasco não passou. Em 2007, quando defendia o Bonsucesso na segunda divisão do Campeonato Carioca, respondeu à dispensa que havia sofrido em fevereiro. "Coloquei o Vasco lá em cima e apanhei muito. Renato fez muita trairagem comigo", disse. Naquele mesmo ano, passou por Itumbiara e Ituano.

Dispensado do Vasco da Gama por indisciplina, rodou por vários clubes: Itumbiara (GO), Ituano (SP), Al-Shamal (Catar), Paysandu (PA), Criciúma (SC), Noroeste (SP), CSA (AL), Goytacaz (RJ), Avenida (RS), Sport (MG), Central (PE), Tupi (MG), Ferroviário (CE), Duque de Caxias (RJ), Bonsucesso (RJ) e Comercial (AL), colecionando episódios de indisciplina em todos eles.

Em passagem por Portugal em meados dos anos 2000 foi acusado por uma jovem por tentativa de estupro. Em 2010, foi acusado de tentativa de estupro e de dependência química. Assumiu os erros e tentou uma recuperação que foi abortada com a dispensa do CSA, de Maceió.

Nos anos seguintes, rodou por mais equipes, sempre com problemas. Anunciado como reforço do Comercial (AL) em dezembro de 2013, ficou apenas um mês no novo time. Dispensado, foi acusado pelo presidente do time, Flavius Flaubert, de envolvimento com drogas e de furto do celular de um companheiro. Valdiran negou o crime.

Àquela altura, o vício em drogas e álcool já era um problema conhecido. Em 2015, após mais de um ano afastado dos gramados, recebeu uma nova oportunidade do Vasco: o jogador procurou o então presidente Eurico Miranda para tentar recuperar a condição física.

Em 2015, Valdiram deu uma de “pastor”. O América, do Rio de Janeiro entrou em campo para um jogo contra o Gonçalense, quando era líder da Série B do Campeonato Estadual, com o reforço do ex-jogador, então com 32 anos.

Ele fez um culto para os jogadores americanos na sexta-feira. Abordou, com a experiência de quem tem um passado controverso o tema superação, até com certa propriedade.

Ainda em 2015, o ex-atacante desabafou. "O Valdiram, para o mundo, estava acabado e morto. Você sai com as mulheres e daqui a pouco vêm a cerveja, a cocaína, a maconha, o crack. Assim foi a minha vida. Eu vi a morte, eu vi o espírito da morte na minha frente. (...) Eu passei pelo vale das sombras da morte", afirmou, em entrevista ao jornal "Lance".

"Ganhei muito dinheiro. Passei por 25 equipes, com salário de R$ 20 mil, R$ 30 mil. Na prostituição, na bebida, na noite do samba, no mundo das drogas... Esse dinheiro não dura, se acaba rapidamente. Eu passei a usar cocaína aos 27 anos. Depois, não parei mais, mas só usava quando bebia. Quando eu bebia, o meu nariz ficando coçando e escorrendo", relatou.

"O pior momento da minha vida foi em 2010. Foi quando eu realmente caí na cocaína, no crack, e passei um ano no mundo da escuridão. Cheguei a usar cocaína na Cracolândia, foi o pior momento. Difícil lembrar de tudo que passei como jogador do Vasco da Gama, e ver o momento em que eu me encontrava: usando drogas na favela do Jacarezinho", completou.

Em fevereiro de 2018, o ex-jogador foi tirado pelo Vasco da Gama das ruas do Rio de Janeiro, onde estava morando. O clube conseguiu, por meio do Serviço Social, interná-lo em uma clínica de reabilitação.

Isso ocorreu pouco depois de o jornal “Extra” ter publicado, em fevereiro de 2018, uma reportagem na qual contou ter encontrado o ex-vascaíno morando na rua em Bonsucesso, na zona norte do Rio. Desde então, o clube passou a pagar seu tratamento médico contra a dependência química e alcoólica. Ele permaneceu na clínica por quatro meses, até 23 de junho de 2018.

Infelizmente ele teve uma recaída. Voltou a beber, usar drogas e até roubou. Os problemas voltaram e o clube teve que dispensá-lo. Ele chegou a roubar um ”Iphone” de um jogador vascaíno e o vendeu por R$ 50, que teria sido para comprar drogas.

Foram busca-lo em uma boca de fumo em Viçosa, e ele estava em um estado de terror, ao lado de muitas latas usadas para consumir drogas, além de cachimbo e vela. Dirigentes do Vasco ligaram para o pai de Valdiram, que foi busca-lo, confessando que nem sabia onde o filho estava.

Valdiram chegou até a retomar a sua carreira ao ganhar uma chance no Olaria, clube do Rio de Janeiro, depois de ter recebido alta da clínica onde foi internado. Não deu certo. O último clube do atacante foi o Atlântico (BA), no qual disputou apenas um jogo em 2018. Porém, ele retornou para as ruas em julho.

Em 2018, sob um viaduto da capital paulista, ele gravou um vídeo pedindo ajuda a nomes como Denilson, Renata Fan, Edmundo e Zico, e deu a entender que acreditava ter salvado a vida de um irmão de Romário. 

"Eu ajudei o irmão dele, Ronaldo, que estava para morrer na favela do Jacarezinho. Eu ajudei! E aí?", afirmou ele, no vídeo, logo depois de um amigo citar o nome de Romário. O "Baixinho" de fato tem um irmão chamado Ronaldo Faria, mas Valdiran não explicou a referência.

Um amigo presente no vídeo destacou, diversas vezes, que o ex-atleta teria tido um salário de R$ 150 mil por mês antes de se tornar morador de rua. É importante ressaltar que o próprio Valdiram já havia desabafado sobre sua experiência com cocaína e crack na Cracolândia, em São Paulo, e na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro.

No vídeo, ele aproveitou a oportunidade para pedir ajuda a alguns nomes famosos do esporte com os quais trabalhou. "Sou Valdiram, aquele da Copa do Brasil de 2006! Do lado de Romário, Edilson Capetinha, Ramon, Morais, Renato Gaúcho. Estou pagando o preço aqui, debaixo de um viaduto em São Paulo", disse.

"Denilson, da Bandeirantes, casado com a filha do Zezé di Camargo e Luciano. Meu amigo! Denilson, eu mando um abraço. E ninguém vem aqui me ajudar. Estou magrinho. Será que eu só era amigo de Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, do Revelação e do Molejão quando eu estava na fama no Rio?", questionou.

Não se esqueçam de mim, Denilson, Edmundo e Romário. Ô, Denilson! Eu preciso, Renata Fan, sair dessa vida. Já paguei meu preço, estou sofrendo demais. Chega! Chega de ser envergonhado, chega! E aí, Zico? Tu é (sic) meu parceiro? Junior, quando a gente batia uma pelada em Copacabana, Junior! Casagrande!", pediu Valdiram.

A última aparição pública de Valdiram ocorreu em dezembro do ano passado, quando um vídeo publicado no "YouTube" mostrou ele pedindo ajuda a ex-companheiros de Vasco. (Pesquisa: Nilo Dias)



A morte de Valdiram: ex-Vasco apanhou e sofreu por mais de três horas

As últimas horas de vida de Valdiram antes de ser assassinado a pauladas na zona norte de São Paulo na madrugada de 19 de abril foram de agressões com chutes, socos, golpes de pedaço de pau e tentativa frustrada de fugir da morte.

Imagens de câmeras de segurança, relatos de testemunhas e dos dois suspeitos presos levam a polícia a crer que o ex-jogador do Vasco sobreviveu ao espancamento por mais de três horas até morrer na calçada da rua Santa Eulália.

As investigações do crime estão a cargo do departamento de homicídio da Polícia Civil de São Paulo (DHPP). Segundo o delegado que lidera o caso, Vander Cristian Rodrigues, Valdiram começou a ser agredido por volta da meia-noite do dia 19 de abril no bairro Santana, zona norte de São Paulo.

As câmeras de segurança do Centro de Controle de Zoonoses registravam 3h54 quando um dos suspeitos é visto andando pela rua com um pedaço de pau em mãos e desferindo golpes contra o ex-jogador.

Dois suspeitos, moradores de rua, estão presos. Eles e testemunhas ouvidas pela polícia alegam que Valdiram foi morto por ter praticado ato libidinoso contra uma criança de 3 anos.

O primeiro suspeito preso é padrasto da criança de 3 anos. Viviam em uma barraca na região ele, a mulher, a criança e a avó da criança.

"Ele narrou que é catador de papel. Quando voltou à barraca à noite, por volta da meia-noite de sexta, ele alega que viu o Valdiram dentro da barraca sem roupa e interpretou que estivesse praticando ato sexual contra a criança e por isso iniciaram as agressões. Ele confirma a agressão firme com socos e pontapés", contou o delegado Vander Cristian Rodrigues.

As primeiras agressões duraram em torno de 25 minutos e Valdiram teria ficado imóvel próximo à barraca. "O primeiro suspeito relata que Valdiram caiu. Depois ele acabou conversando com outro morador da região, o segundo suspeito que também agrediu o ex-jogador. Ele [Valdiram] retomou as condições e fugiu", explicou Rodrigues.

Valdiram foi encontrado morto próximo à barraca onde começaram as agressões, em frente ao Centro de Controle de Zoonoses.

"Ele saiu do local cambaleando, acho que percorreu uns 400 metros e chegou na calçada do Centro de Zoonoses, e o segundo suspeito apareceu com um pedaço de pau.

Ali ele desferiu golpes. O segundo suspeito o perseguiu e desferiu os golpes fatais, e foii embora. Foi isso que conseguimos evidenciar nos autos", relatou Vander Cristian Rodrigues.

O horário exato que Valdiram chegou à calçada do Centro de Controle de Zoonoses não é visto nas imagens das câmeras de segurança obtidas pela reportagem.

"Quando a gente vê as imagens, elas não são nítidas até para verificar onde foram os golpes, é impreciso. Mas o exame revela lesões múltiplas pelo corpo. Podem ser pauladas, chutes, agressões anteriores. A causa da morte foi traumatismo cranioencefálico", analisou o delegado.

Os suspeitos estão presos temporariamente por 30 dias para a continuidade das investigações. Eles devem ser indiciados por homicídio doloso. Nenhum dos dois tem advogados de defesa.

Moradores de rua ouvidos pelo UOL Esporte na última semana se referiram a Valdiram como "Jack", palavra usada por quem vive na rua para se referir a estupradores. As testemunhas ouvidas pela polícia relatam que o jogador foi morto por ter praticado atos libidinosos contra criança de 3 anos.

"Temos evidências robustas nos autos de que ele praticou ato libidinoso contra a criança. Duas testemunhas comprovam, além da narrativa do suspeito.

Além disso, ele foi encontrado nu. Tem testemunhas que dizem ter visto ele caminhando com camiseta preta tentando cobrir as partes genitais, ele foi encontrado nessas condições e tem uma testemunha que estava dentro da barraca e diz que ele estava só de camiseta na barraca, a avó da criança.

Esses elementos nos trazem indícios. Quem foi ouvido é uníssono no sentido de que ele teria praticado um ato libidinoso com uma criança de 3 anos", conta o delegado.

A criança foi encaminhada para hospital para a realização de exames, que, a princípio, não apontaram indícios de conjunção carnal.

Ao longo da carreira de jogador, Valdiram fez sucesso no Vasco, mas também ganhou espaço pelas polêmicas. Ele teve contrato encerrado no Belenense em Portugal porque teria tentado estuprar uma mulher em 2003.


O UOL apurou que Valdiram foi acusado duas vezes de tentativa de estupro no interior de São Paulo. Os dois casos são de 2001. O primeiro deles contra uma adolescente de 14 anos e o segundo contra uma ex-namorada. Em entrevista após o fato envolvendo a ex, Valdiram admitiu ter agredido a mulher. (Do UOL, em São Paulo - 02/05/2019)

terça-feira, 16 de abril de 2019

De Planaltina (DF) para o mundo

Lucimar da Silva Ferreira, mais conhecido como Lúcio, nasceu em Planaltina (DF), no dia 8 de maio de 1978. É um futebolista brasileiro que atua como zagueiro e líbero. Atualmente, joga no Brasiliense, do Distrito Federal.

Lúcio é um jogador conhecido pela sua força física, pelo seu jogo aéreo e pela sua presença no ataque, o que já lhe rendeu a marca de 52 gols marcados na carreira.

Quase uma unanimidade entre os torcedores e especialistas brasileiros, Lúcio é, juntamente com Taffarel, o terceiro jogador que mais vezes vestiu a camisa da Seleção Brasileira de Futebol, com 105 presenças, além de ter sido o capitão da equipe verde a amarela na “Copa do Mundo” de 2010 e na “Copa América” de 2011.

Iniciou sua carreira profissional em 1997 quando, em seu primeiro jogo após a transferência do Planaltina Esporte Clube para o Clube de Regatas Guará, enfrentou o Internacional, de Porto Alegre, pela Copa do Brasil e, mesmo seu time perdendo por 7 X 0, Lúcio agradou aos olheiros colorados e o clube gaúcho desembolsou R$300 mil pelo seu passe.

Atuou pelo “Colorado” até 2000, quando foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Mesmo cobiçado pelo Barcelona negociou sua ida para o Bayer Leverkusen, da Alemanha.

Lá, disputou a final da “Liga dos Campeões da Europa” de 2002, marcando o único gol dos alemães na derrota de 2 X 1 para o Real Madrid.

Eleito o melhor jogador do “Campeonato Alemão” de 2001-2002, em 2004, acertou por 12 milhões de euros, sua ida para o Bayern, de Munique, onde veio a conquistar o tricampeonato alemão.

Foi ídolo durante sua passagem pelo futebol do país, e conforme declarações do ex-treinador da Seleção Alemã, Jürgen Klinsmann, seria o brasileiro predileto dos alemães para jogar em sua seleção, caso se naturalizasse.

Preterido pelo técnico Louis Van Gaal, em 2009, Lúcio transferiu-se para a Internazionale, de Milão, onde conquistou a “Liga dos Campeões da Europa” de 2010 e o “Mundial Interclubes”.

Em sua primeira temporada pelo clube, 2009-2010, foi um dos principais destaques na conquista da tríplice coroa, “Champions League”, “Serie A” e “Coppa Italia”. Curiosamente, na final da Champions League, Lúcio enfrentou o seu ex-clube, o Bayern de Munique, e foi fundamental na vitória da Inter pelo placar de 2 X 0.

Após três anos de um casamento praticamente perfeito com a Internazionale, de Milão, o zagueiro resolveu pedir o divórcio. Ansioso por novos ares, o brasileiro pediu para sair do clube italiano e foi atendido.

Em 4 de julho de 2012, Lúcio assinou com a Juventus por dois anos. No mesmo ano, sagrou-se campeão da “Supercopa da Itália” em uma vitória por 4 X 2 sobre o Napoli, conquistando assim seu primeiro e único título com a camisa da “Velha Senhora”.

Cinco meses depois, no dia 17 de dezembro veio o anúncio de que Lúcio e a Juventus encerravam o contrato de modo consensual. O jogador teve uma participação frustrada no clube, tendo atuado em apenas quatro jogos: duas partidas na “Liga dos Campeões”, uma da “Supercopa italiana” e uma vitória na “Série A italiana”.

No dia 16 de dezembro de 2012, acertou sua saída da equipe de Turim, e confirmou as negociações que se desenvolviam desde meados de 2012 para seu retorno ao Brasil.

Em 18 de dezembro de 2012, dois dias depois de deixar a Juventus, Lúcio fechou por dois anos com o São Paulo, concretizando, depois de 12 anos na Europa, seu retorno ao futebol brasileiro.

Acostumado à Europa, Lúcio, depois de mais de uma década no futebol europeu, afirmou que tentava vencer a timidez e ter mais momentos de descontração, fatores que lhe faziam falta no “Velho Continente”.

Em março de 2013, após a derrota tricolor para o Arsenal, de Sarandí, Argentina, por 2 X 1, pela “Copa Libertadores”, Lúcio questionou sua substituição, feita pelo técnico Ney Franco, alegando que, quando saíra, o resultado era 0 X 0.

Com relação a ter deixado o campo contrariado, o zagueiro se justificou da seguinte maneira: "Não fiquei bravo, fiquei triste. Não fui para o ônibus antes de acabar a partida. Eu assisti à partida do vestiário, que fica a dois metros do campo. Triste, todo o mundo fica (quando é substituído). Quando eu não ficar mais triste tenho que parar de jogar futebol".

A má fase do zagueiro o levou a perder a posição de titular. Mas, em 7 de abril, quando foi escalado o time reserva são-paulino diante do Botafogo, de Ribeirão, Lúcio marcou um gol de falta e foi um dos líderes na vitória por 3 X 1, fora de casa.

Após a classificação heroica para cima do Atlético Mineiro, Lúcio prejudicou o São Paulo ao ser expulso no jogo de ida das oitavas da “Copa Libertadores” contra o mesmo Atlético Mineiro, quando seu time ganhava por 1 X 0.

Mas após a expulsão do jogador, o time, que até então tinha uma partida excelente, caiu de qualidade e se viu tomando 2 gols, o primeiro de Ronaldinho Gaúcho e o segundo de Diego Tardelli, sofrendo uma virada em pleno Morumbi de 2 X 1, o que tornou muito difícil a classificação para as quartas de final.

Ainda em baixa no “Tricolor”, Lúcio fez uma boa estreia de “Brasileirão” diante da Ponte Preta, marcando, inclusive, um gol na vitória por 2 X 0, e, assim, tentou recuperar a moral que tivera quando chegou ao clube, há cinco meses.

Em junho, após o empate fora de casa diante do Atlético Mineiro por 0 X 0, pela terceira rodada do principal certame em disputa no Brasil, Lúcio foi elogiado por Ney Franco. Esquecendo os atritos de um passado recente, o treinador afirmou que o zagueiro, agora, "estava dando retorno nos jogos".

No final de julho, no entanto, depois de uma troca de treinadores - Paulo Autuori substituiu Ney Franco - Lúcio, apesar de chances nos primeiros jogos sob o comando do novo técnico, acabou perdendo espaço no elenco, principalmente por, afobadamente, subir ao ataque e desguarnecer o setor defensivo tricolor.

Além do mais, correndo o risco de ficar de fora da excursão à Europa e ao Japão, o zagueiro ainda viu a diretoria estudar a rescisão de seu vínculo com o clube.

Além do mais, Lúcio acabou afastado do elenco são-paulino por insubordinação, após não aceitar críticas de Autuori. O treinador teria atribuído o gol do Internacional, na derrota tricolor por 1 X 0 aos gaúchos, a uma falha do defensor, que não aceitou as críticas do comandante.

Como consequência do seu afastamento, Lúcio não viajou à Alemanha para a disputa da “Copa Audi”, fator que acabou acarretando um prejuízo de €40 mil em relação ao valor inicialmente acordado.

O que acarretou tal redução foi uma das cláusulas no contrato do campeonato, que exigia a presença do zagueiro, ídolo do Bayern de Munique, clube que o organiza.

Mesmo diante da alegação da diretoria tricolor, que argumentou sobre os problemas de insubordinação, os alemães não foram flexíveis e fizeram valer seus direitos.

Sem zagueiros e naufragado numa crise sem precedentes, Lúcio acabou, de solução, se tornando um "imbróglio" ao clube do Morumbi.

Após não receber propostas e declinar às ofertas provenientes do mercado oriental, os são-paulinos também temiam a rescisão com o zagueiro, que custaria R$2 milhões.

Além do mais, treinando em separado, também gerou severas despesas, já que seu salário estava pouco abaixo do teto tricolor.

No entanto, apesar de todos os reveses que a manutenção do zagueiro representava financeiramente, o novo diretor de futebol do clube, Gustavo Vieira, confirmou que Lúcio não permaneceria no São Paulo. Se não houvesse acordo com nenhuma outra agremiação, o atleta poderia acabar mesmo sendo dispensado.

Com o fechamento da janela europeia bastante próximo, o clube ainda tentou negociar Lúcio com algum interessado no “Velho Continente”. As chegadas de Antônio Carlos, do Botafogo, e Roger Carvalho, do futebol italiano, contribuíram para que houvesse o desinteresse são-paulino em manter o pentacampeão.

Com a confirmação de seu afastamento, definitivo até segunda ordem, Lúcio perdeu, inclusive, sua camisa 3, que, sem dono, ficou à espera de algum novo atleta para envergá-la.

Em 2 de janeiro de 2014, assinou contrato com o Palmeiras no ano de seu centenário. O pentacampeão mundial com a Seleção aceitou receber no novo clube, metade dos vencimentos daqueles que lhe eram pagos no Tricolor (R$150 mil contra aproximadamente R$300 mil).

Após um ano difícil, que terminou de irregular para Lúcio, foi afastado do plantel, ainda no final de 2014, rescindindo seu contrato em janeiro de 2015.

Com contrato até o dia 4 de junho de 2015, com o Palmeiras, Lúcio acertou com o F.C. Goa, para disputar o “Campeonato indiano”, que se iniciou em outubro e terminou em dezembro. Seu treinador no F.C. Goa, foi o brasileiro Zico.

Em 7 de dezembro de 2017, após um ano afastado dos gramados, Lúcio foi anunciado como novo reforço do Gama, para a disputa o Campeonato Brasiliense de 2018.

Lúcio fez 10 jogos pelo “Periquito” (nove no campeonato estadual e um amistoso). O zagueiro recebeu dois cartões amarelos e marcou um gol, diante do Santa Maria, pela fase de grupo do “Candangão”.

Foi anunciado como novo reforço do Brasiliense, para disputar a Série D em 2018. Aos 40 anos é o último pentacampeão de 2002 que está em atividade. Atualmente disputa o “Candangão” pelo Brasiliense.

Integrante da Seleção Brasileira desde 2000, quando ainda estava no Internacional e foi convocado pela primeira vez, e capitão da equipe desde 2006, Lúcio acumulou uma série de conquistas importantes, como a “Copa do Mundo” de 2002 e a “Copa das Confederações” de 2009, quando marcou o gol do título.

Na Copa do Mundo de 2002, teve altos e baixos durante a campanha do pentacampeonato, mas mesmo assim se manteve como titular e jogou todas as sete partidas da seleção, comandada por Luiz Felipe Scolari.

Na Copa do Mundo de 2006, mais uma vez como titular, bateu o recorde de maior tempo sem fazer faltas em Copas do Mundo. Permaneceu 386 minutos sem cometer nenhuma falta, superando o recorde de Carlos Gamarra que era de 383 minutos.

Ainda em 2006, após a saída de Cafu da seleção, Lúcio foi nomeado capitão da equipe por “Dunga”, que assumiu o comando depois da decepção no “Mundial” de 2006.

Sob o comando de “Dunga”, Lúcio passou a se tornar uma unanimidade na seleção entre os torcedores e especialistas, tendo excelentes atuações não só com a camisa canarinha, mas também em seu clube.

A preparação para a Copa do Mundo de 2010 foi proveitosa, tendo a Seleção conquistado a “Copa América” de 2007, da qual Lúcio não participou por lesão, e a “Copa das Confederações” 2009, em que o zagueiro foi destaque, sendo autor do gol que deu o título à equipe, contra os Estados Unidos, na final.

Já na Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul, acabou mais uma vez vendo seu time sucumbir nas quartas de final frente a Holanda. Esta foi sua primeira “Copa do Mundo” como capitão da “Seleção Brasileira”.

Após a Copa, ficou durante alguns meses fora das convocações de Mano Menezes, novo treinador que assumiu depois do “Mundial”. 

No dia 3 de março de 2011, entretanto, Lúcio voltou a ser convocado. Mano Menezes, que já havia avisado que renovaria a seleção com uma nova safra de jogadores mais jovens, optou agora por mesclá-la com a experiência de jogadores como Lúcio e Júlio César.

No dia 4 de junho de 2011, fez seu jogo de número 100 pela Seleção Brasileira, novamente contra a Holanda, algoz do Brasil na “Copa do Mundo anterior”.

O jogo foi realizado no “Estádio Serra Dourada”, em Goiânia, e terminou com o placar de 0 X 0. No dia 7 de junho de 2011, foi anunciada, logo após o amistoso contra a “Seleção da Romênia”, que marcou a despedida de Ronaldo, foi divulgada a lista de Jogadores convocados para a “Copa América” 2011, na Argentina, sendo que Lúcio estava na lista.

Títulos conquistados. Guará: Campeão Brasiliense (1996). Internacional: Campeão Gaúcho (1997) e Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior (1998). Bayern de Munique: Campeão da Bundesliga (2004–05, 2005–06 e 2007–08); Campeão da DFB-Pokal (2004–05, 2005–06 e 2007–08) e Campeão da DFB-Ligapokal (2004 e 2007). Internazionale: Campeão da Serie A (2009-10); Campeão da Coppa Italia (2009–10 e 2010–11); Campeão da Liga dos Campeões da UEFA (2009–10); Campeão da Supercoppa Italiana (2010); Campeão da Copa do Mundo de Clubes da FIFA (2010). Juventus: Campeão da Supercopa da Itália (2012). Seleção Brasileira: Campeão da Copa do Mundo (2002); Campeão da Copa das Confederações (2005 e 2009).

Prêmios individuais. Bola de Prata da Revista Placar (2000); Melhor jogador da Bundesliga (2001–02, 2003–04); MasterSix Bola de Ouro (2007); Destaque Copa América (2008); FIFPro World XI (2010); Prêmio Futebol no Mundo (2009–10) e Melhor Zagueiro Central do Paulistão (2014). (Pesquisa: Nilo Dias)

Eu (Nilo Dias) e Lúcio, no Estádio Augustinho Lima, em Sobradinho, quando de uma visita do zagueiro à Brasília.