Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Juca Kfouri denuncia

Por Jaqueline Patrocínio

O jornalista Juca Kfouri publicou em seu blog do Uol, nesta terça-feira, 26, que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, foi serviçal da ditadura e um dos responsáveis pela prisão de Vladimir Herzog - que foi morto pelos militares.

Kfouri afirma que Marin é “fartamente” responsável pela prisão que resultou no assassinato de Herzog, em 1975. “Na época, Marin era deputado e em discursos elogiava o trabalho do torturador Sérgio Paranhos Fleury e colaborava com as denúncias sobre a existência de comunistas na TV Cultura, cujo jornalismo era dirigido por Herzog”, publicou.

Na opinião do jornalista, este é o motivo pelo qual Dilma Rouseff não recebe Marin, que trata assuntos relativos ao governo Federal em audiências com o vice-presidente da República, Michel Temer. Ele está no comando da CBF e do Comitê Organizador Local para a Copa do Mundo de 2014 (COL), desde março de 2012, após a renúncia de Ricardo Teixeira.

Prisão e morte de Vlado

Herzog foi torturado e morto nas dependências da Operação Bandeirantes (Oban), por agentes do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), durante o regime militar, e tornou-se símbolo na luta pela restauração da democracia no Brasil.


Biografia de Vladimir Herzog
Daelcio Freitas - UOL

Da Redação, em São Paulo

Jornalista, professor da USP (Universidade de São Paulo) e teatrólogo, Vlado Herzog nasceu em 1937 na cidade de Osijsk, Iugoslávia. Filho de Zigmund Herzog e Zora Herzog, imigrou com os pais para o Brasil em 1942. A família saiu da Europa fugindo do nazismo.

Vlado foi criado em São Paulo e se naturalizou brasileiro. Fez Filosofia na USP e tornou-se jornalista do jornal O Estado de S. Paulo em 1959.

Nesta época, Vlado achava que o nome soava exótico nos trópicos e resolveu passar a assinar Vladimir. No início da década de 60, casou-se com Clarice. Com o golpe militar de 1964, o casal resolveu passar uma temporada na Inglaterra e Vladimir conseguiu trabalho na BBC de Londres. Lá, tiveram dois filhos, Ivo e André. Em 1968, a família voltou ao Brasil. Vlado trabalhou um ano em publicidade, depois na editoria de cultura da revista Visão. Em 1975, foi escolhido pelo Secretário de Cultura de SP, José Mindlin, para dirigir o jornalismo da TV Cultura.

A morte

Na noite do dia 24 de outubro de 1975, o jornalista apresentou-se na sede do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). No dia seguinte, foi morto aos 38 anos.

Segundo a versão oficial da época, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de Jorge Benigno Jathay Duque Estrada e Rodolfo Konder, jornalistas presos na mesma época no DOI/CODI, Vladimir foi assassinado sob torturas.

Como Herzog era judeu, o Shevra Kadish (comitê funerário judaico) recebeu o corpo e, ao prepará-lo para o funeral, o rabino percebeu que havia marcas de tortura no corpo do jornalista, prova de que o suicídio tinha sido forjado.

Em 1978, o legista Harry Shibata confirmou haver assinado o laudo necroscópico da vítima - na qualidade de segundo perito - sem examinar ou sequer ver o corpo. Contrariando os depoimentos de torturas e violências cometidas no interior do DOI-Codi, Shibata reconheceu que esteve algumas vezes naquele órgão para medicar presos, mas que os únicos casos que constatou foram de "micoses, gripes e similares".

Em 1978, a Justiça responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog foi assassinado e decidiu conceder uma indenização para sua família.

A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964 - 1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo. Os donos dos veículos de comunicação fizeram um acordo com os jornalistas. Todos trabalhariam apenas uma hora, para que os jornais e revistas não deixassem de circular, e as emissoras de rádio e televisão continuassem com suas programações.

No dia 31 de outubro de 1975, foi realizado um culto ecumênico em memória de Herzog na Catedral da Sé, do qual participaram 8.000 pessoas, num protesto silencioso contra o regime.

No dia 17 de outubro de 2004, o caso voltou à mídia de forma chocante. O jornal Correio Braziliense publicou supostas fotos inéditas do jornalista, nu, antes de ser morto sob custódia do Exército. Dias depois, o secretário de Direitos Humanos, ministro Nilmário Miranda, divulgou uma nota afirmando que as fotos não eram do jornalista.

Antes da revelação da autenticidade das fotos, porém, o episodio havia causado um mal-estar entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os militares, que publicaram nota dizendo que "as medidas tomadas pelas forças legais foram uma legítima resposta à violência dos que recusaram o diálogo".

Irritado, o presidente da República considerou a nota "impertinente, equivocada e inoportuna" e exigiu retratação pública do comandante da Força, general Francisco Albuquerque.

A retratação, de cinco parágrafos, teve linha oposta à nota anterior. Dizia que o Exército lamentava a morte do jornalista Vladimir Herzog e que não queria reavivar "fatos de um passado trágico que ocorreram no Brasil". (Fonte: UOL Educação)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Imprensa esportiva está de luto

A imprensa esportiva paranaense e brasileira está de luto, com o falecimento ocorrido na tarde de hoje (14h20min), do jornalista e escritor, Vinicius Coelho. Ele morreu atropelado por um carro Gol, em acidente acontecido na Linha Verde (BR-476), próximo ao Auto Shopping Curitiba, na região do bairro Tarumã, na capital paranaense.

De acordo com informações da Polícia, Coelho cruzava a rua quando foi atingido por um automóvel. Ele chegou a ser atendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. De acordo com testemunhas, ele era morador da região e frequentemente caminhava pela rodovia. O motorista do veículo Gol, que o atropelou, foi encaminhado com escoriações leves ao Hospital Cajuru.

O corpo do jornalista será velado no estádio do Coritiba, o Couto Pereira, no bairro Alto da Glória a partir de amanhã (28) pela manhã. Coelho tinha 80 anos e era torcedor do Coritiba. Ele foi autor do segundo hino do alviverde, "Eterno Campeão", composto na década de 70. Além disso, foi o responsável pela narração televisiva para o Estado do título de campeão brasileiro do clube, em 1985.

Livros também estão no currículo de Vinícius Coelho. Ele escreveu três obras que têm o Coxa como tema: a biografia do ex-presidente do clube, Aryon Cornelsen; Atle-Tiba – Paixão de Multidões; e Evangelino: Campeoníssimo. Os dois últimos foram feitos em parceria com o jornalista e colunista da Gazeta do Povo, Carneiro Neto.

Nascido em 1932, em Curitiba, Vinícius Coelho ingressou na crônica esportiva duas décadas mais tarde, no Diário do Paraná, em 1953. Em 1962, foi contratado pelo Canal 6, aonde viria a ser locutor esportivo.

Coelho trabalhou no jornal e na televisão até 1969, quando se mudou para o Rio de Janeiro, onde foi repórter do jornal O Globo. Nesse ano, conseguiu em primeira mão a informação de que Zagallo seria escolhido para dirigir a seleção brasileira na Copa de 1970.

Retornou a Curitiba em 1974 para ser chefe da editoria de esportes da Gazeta do Povo, onde trabalhou por dez anos. Simultaneamente, trabalhou na TV Paranaense (hoje RPC TV), empresa que deixou em 1986. Vinícius Coelho também acumulou várias passagens por rádios da cidade. Trabalhou nas rádios Colombo, Independência, Universo e Cidade.

Com nove Copas do Mundo e duas Olimpíadas currículo, ele acumulou carimbos em seus passaportes. A primeira cobertura internacional do jornalista foi em 1959, no extinto Campeonato Sul-Americano de futebol (atual Copa América), na Argentina. O curitibano também foi presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos e da secção da América da AIPS (Association Della Presse Sportive). Seu último trabalho foi como colunista do jornal Tribuna no Paraná, em 2009.

Vinícius Coelho também vivia um drama pessoal desde 2007, quando o filho dele, Bruno Strobel Coelho, foi morto após ser supostamente agredido por agentes de uma empresa de segurança. O jovem desapareceu em 2 de outubro daquele ano e uma semana depois foi encontrado morto, com dois tiros na cabeça e marcas de espancamento, num matagal nas proximidades da Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré.

Segundo as investigações, o jovem teria sido flagrado por funcionários da empresa de vigilância Centronic pichando o muro de uma clínica no bairro Alto da Glória, em Curitiba. Depois de rendido pelos seguranças, Bruno foi levado até a sede da empresa, onde foi espancado. O jovem teria revelado que era filho de um jornalista, o que levou os vigias a decidirem executar o estudante para que ele não contasse o ocorrido.

 Assistiu a nove Copas do Mundo e duas Olimpíadas. Foi também autor de três livros: “Atletiba”, “Campeonísssimo” e a biografia de Aryon Cornelsen, destaque pela excelente gestão como presidente do Coritiba.

Em 2010 Vinicius foi um dos homenageados pelo Jockey Club do Paraná, que dedicou sete páreos em homenagem ao Dia do Jornalista, comemorado em 07 de abril. Os prêmios foram intitulados: “Jornalista Vinicius Coelho dos Santos”, “Jornalista Rosy de Sá Cardoso”, “Jornalista Luiz Geraldo Mazza”, “Jornalista Milton Ivan Heller”, “Jornalista Haraton Cezar Maravalhas”, “Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Paraná” e “Dia dos Jornalistas - 07 de Abril”.

Famoso por seus textos sobre o futebol, ele nunca escreveu sobre turfe, mas revelou que frequentava com a família o Jockey Club do Paraná, quando este se encontrava em outro endereço.

A última entrevista dele foi ao ar na Rádio 98 FM na manhã de terça-feira (26), quando revelou um de seus principais desejos, voltar a escrever colunas em jornais. Vinicius também foi responsável pelo sucesso de muita gente, pessoas as quais indicou e auxiliou no inicio de suas carreiras. (Pesquisa: Nilo Dias)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A agonia de um clube centenário

Uma decisão da Justiça paulista pode tirar de sua sede, no bairro da Ponte Pequena, um dos mais tradicionais clubes esportivos de São Paulo e do Brasil, o Clube de Regatas Tietê, que completou 102 anos neste mês de junho. A prefeitura decidiu que o clube não terá renovado o contrato de comodato, e pretende transformar o local em um Clube Escola. O corpo conselheiro do Tietê se sente injustiçado e a direção da entidade tem esperanças de reverter a situação e para tal já entrou com recurso na Justiça.

Criado em 2007, o projeto Clube Escola consumiu 114 milhões de reais dos cofres municipais para a realização de obras em 320 espaços. Entram na lista campos de futebol de várzea e quadras poliesportivas. Em sua nova destinação, o complexo, que conta com sete quadras de tênis, cinco piscinas, cinco quadras externas, cinco ginásios fechados, um campo de futebol oficial e uma pista de atletismo, pode abrir as portas ao público já a partir do ano que vem.

No início do ano, o prefeito Kassab e o então ministro dos Esportes, Orlando Silva, pediram ao clube que aceitasse a instalação da Faculdade Zumbi dos Palmares no local, pois assim renovariam a concessão, o que acabou não acontecendo, sendo o clube enganado. A Faculdade mudou-se para um prédio que fica no Clube de Regatas Tietê. Acertou de repassar R$ 40 mil mensais ao clube para os custos de água, luz e manutenção, mas até hoje, passados 18 meses, não cumpriu o estipulado.

Outros clubes, como Palmeiras, Corinthians, Portuguesa e Espéria também ocupam áreas municipais, mas não correm riscos, o que causa estranheza nas hostes tietanas. A ameaça atinge somente ele. A alegação do município é de que não dá para um terreno gigante ficar na mão de tão poucos. A última renovação aconteceu em 1972, portanto há 40 anos.

O Tietê é um dos clubes mais antigos da cidade. O nome vem do rio vizinho, onde frequentadores praticavam remo até meados do século passado. O clube mais antigo da cidade é o São Paulo Athletic Club, conhecido como Clube dos Ingleses, fundado em 1888.

O Regatas Tietê já foi um clube frequentado pela nata da sociedade paulista, que ali praticava natação, esgrima, balé, judô e atletismo. João Senna, avô do saudoso piloto Ayrton Senna, costumava remar nas então límpidas águas do Tietê. João Havelange, presidente de honra da Fifa due suas primeiras braçadas no hoje poluído rio.

O mesmo fez Maria Lenk, a primeira atleta sul-americana a disputar os Jogos Olímpicos, em 1932, na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, e a primeira a quebrar recordes mundiais nos 200 m e 400 m peito em 1939.

Outra campeã oriunda das quadras do Tietê foi Maria Esther Bueno, grande vencedora de Wimbledon em 1959, 1960 e 1964. Mas já houvera sido campeã de duplas mistas em Roland Garros e outros torneios de “Grand Slam”, tais como aberto da Austrália e do EUA.

Outro destacado atleta surgido no Tietê foi Abílio Couto, o primeiro nadador a se consagrar por realizar as maiores travessias do mundo em águas abertas: no Canal da Mancha, Estreito de Darnelos, Estreito de Bosphoro, Dover to Deal, Miramar a Mar del Plata, Canal de Suez, Santa Fé a Coronha, Lac Des Cygnes, Salton Sea, Baia de Tóquio, Capri/Nápoles, entre outros. No ano de 1965 Abílio realizou outro sonho, a travessia do Estreito de Gibraltar, que separa a África da Europa.

O Clube registrou sua importância também no futebol, que remonta o ano de 1935, quando comprou o São Paulo da Floresta, que havia sido campeão paulista em 1931. Contava com grandes jogadores, como Arthur Friedenreich, mas havia assumido mais dívidas do que poderia pagar. O Tietê passou a se chamar Tietê-São Paulo e tentou disputar o Campeonato Paulista de 1935, alterando seu nome para Independente Esporte Clube, mas acabou desistindo.

O clube abriga ainda o antigo Estádio da Floresta (Chácara da Floresta), onde houve no passado recente grandes e importantes jogos de futebol do Campeonato Paulista, inclusive seu primeiro jogo.

Os bons tempos do Tietê não resistiram ao tempo e as más administrações. Há cerca de 10 anos o clube contava com 30 mil associados. Hoje tem apenas 3.312, dos quais apenas 800 são pagantes regulares. A mensalidade cobrada é de míseros R$ 35 reais. Para aumentar a receita o clube aluga suas dependências para festas de casamentos, aniversários e baladas a preços que oscilam entre R$ 12 mil e R$ 30 mil.

A soma de tudo é insuficiente para cobrir as despesas. Hoje, o clube tem uma dívida de R$ 30 milhões, oriundas principalmente de ações trabalhistas e do IPTU, e patrimônio de R$ 80 milhões.

Mesmo que o Tietê seja despejado, ele não vai acabar, pois possui uma sede própria às margens da represa de Guarapiranga. Mas o clube não quer abrir mão de sua sede social, onde se encontra há 102 anos.

O Tietê contou, ainda, com muitos colaboradores na sua diretoria, destacando-s entre eles, na Presidência do Conselho Deliberativo e da Diretoria, respectivamente, Armando Simões Neto, ex-presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo e Durval Guimarães , atleta do tiro esportivo, que participou de nove Pan-americanos, onde conquistou duas medalhas de prata e seis de bronze, bem como participou de cinco olimpíadas consecutivas.

As gestões anteriores, mais recentes, contaram com os seguintes presidentes da diretoria: José Jorge de Oliveira Braga (advogado), Paulo Roberto Bonjorno (perito criminal), Evaldo Renato de Oliveira (advogado) e João da Silva Filho (procurador de Justiça).

O atual presidente do Clube de Regatas Tietê é Edson Oliveira Rocha, eleito ao cargo em 2 de novembro de 2006. Na atual diretoria administrativa participa também o vice-presidente Administrativo Fábio Sandin Damasceno, eleito ao cargo em 25 de novembro de 2007.

Atualmente o clube conta apenas com as atividades sociais e algumas modalidades amadoras. O Tietê possui sete quadras de tênis de campo de saibro, sendo uma coberta e cerca de 300 tenistas cadastrados. A atual diretora de tênis é a atleta Martinha Pêra. Tem ainda um amplo salão para a prática de esgrima.

É uma pena que um clube da tradição do Regatas Tietê, esteja passando por uma situação difícil, em que sua saída da sede atual, é aparente. Tendo em vista que estamos próximos de uma olimpíada, esperamos que a prefeitura de São Paulo e a Justiça, deem ao tradicional e centenário clube a oportunidade de se recuperar e continuar a formar atletas de nível para o nosso país. (Pesquisa: Nilo Dias)

Vista do Clube de Regatas São Paulo, situado nas imediações da Ponte Grande (atual Ponte das Bandeiras). Fundado em 1903 às margens do rio Tietê, foi um dos primeiros centros esportivos da cidade, sendo sucedido
em 1907 pelo Clube de Regatas Tietê.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O filósofo da bola

Antônio Franco de Oliveira, o “Neném Prancha”, nasceu em Resende (RJ), no dia 16 de junho de 1906. Foi roupeiro, massagista, olheiro e técnico de futebol. Ganhou a alcunha de “O Filósofo da bola”, de Armando Nogueira, por suas frases engraçadas.

Antônio era filho de Zeferino, um biscateiro e dona Julia, uma empregada doméstica. Aos 11 anos, foi tentar a vida na cidade do Rio de Janeiro. Ganhou o apelido de "Neném Prancha", por causa das mãos, que mediam cada uma 23 centímetros de comprimento, e dos pés, número 44, que sempre calçavam chinelos.

Parrudo e alto, seu corpo forte escondia um mulato solitário, feio e introvertido. Muitos o tinham como assexuado. Com uma boina inseparável na cabeça, gostava de dar sermões. Ao longo do tempo, sofreu problemas de visão. Ainda assim, optou por não enxergar bem a usar óculos.

Tornou-se um mito do futebol brasileiro devido às suas frases de efeito. Tanto que o escritor Pedro Zamara lançou, em 1975, um livro chamado "Assim Falou Neném Prancha", sobre o pensamento deste ícone da filosofia futebolística.

Neném iniciou sua carreira no futebol como jogador no extinto Posto Quatro Futebol Clube, time campeoníssimo da praia,onde era o goleador. Depois se tornou zagueiro, no Carioca Esporte Clube, time do Jardim Botânico, que existe até hoje. Não obtendo sucesso, abriu uma escolinha de futebol para crianças nas areias de Copacabana. Ao mesmo tempo, trabalhava como roupeiro, massagista e olheiro do seu time do coração, o Botafogo.

Reza a lenda que jogava uma laranja aos pés dos candidatos a craque para então conferir seus talentos. Foi assim com Heleno de Freitas, o maior craque que ele descobriu. Neném se colocava atrás de um tabuleiro de laranjas como se fosse vendedor no areal de Copacabana. E para cada garoto jogava uma fruta. Pela reação, separava o craque do "cabeça-de-bagre".

Heleno de Freitas, mineiro de 15 anos, amorteceu uma laranja na coxa, deixou-a cair no pé, fez embaixada, levou-a à cabeça, trouxe de volta ao pé, que deu ao controle do calcanhar. E Neném viu que descobrira o mais fino, inventivo e temperamental craque do país. Por isso, até a morte, Neném levou na carteira de cédulas a foto desse que brilharia como ninguém no Botafogo de Futebol e Regatas - muito mais que o fulgor da gloriosa estrela solitária do alvinegro carioca.

Heleno foi o melhor, mas não o único. Ele também achou na praia o lateral Júnior, que disputou as Copas do Mundo de 1982 e 1986 e hoje é comentarista de televisão. E o levou ao Botafogo. Por ser especialista no trato com os jogadores, principalmente os mais jovens, foi técnico das divisões de base do alvinegro.

Contemporâneos e estudiosos garantem que certas frases nunca foram ditas por ele. O que se passou foi o seguinte: de tão querido, alguns de seus jogadores, como Sandro Moreyra, Lúcio Rangel e Sérgio Porto, ao se tornarem jornalistas, fizeram o possível para colocar Neném na mídia. João Saldanha, por exemplo, testava suas tiradas sensacionais divulgando-as como se fossem de autoria de Prancha. Muita gente chegou a achar que “o tal de Neném” jamais existiu e que era um personagem inventado pelo "João Sem-Medo".

Ao ser perguntado se realmente tinha proferido a mais famosa de suas frases "Pênalti é uma coisa tão importante, que quem devia bater é o presidente do clube", Neném explicou: "O que eu falei é que o pênalti é tão fácil que até o presidente pode bater”.

Algumas frases de "Neném Prancha": "Jogador de futebol, tem que ir na bola com a mesma disposição com que vai num prato de comida. Com fome, para estraçalhar"; "Jogue a bola pra cima, pois enquanto ela estiver no alto não há perigo de gol"; "O Didi joga bola como quem chupa laranja, com muito carinho"; "O goleiro deve andar sempre com a bola, mesmo quando vai dormir. Se tiver mulher, dorme abraçado com as duas"; "Penalti é uma coisa tão importante, que quem devia bater é o presidente do clube"; "Se concentração ganhasse jogo, o time do presídio não perdia uma partida"; "O importante é o principal, o resto é secundário"; "Se macumba resolvesse, o campeonato baiano terminava sempre empatado"; "Quem pede tem preferência, quem se desloca recebe"; “O futebol é uma caixinha de surpresas”; “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”; “Treino é treino, jogo é jogo”. "Futebol é muito simples: quem tem a bola ataca, quem não tem defende"; "Jogador bom é que nem sorveteria: tem várias qualidades"; "Bola tem que ser rasteira, porque o couro vem da vaca e a vaca gosta de grama"; Futebol moderno é que nem pelada, todo o mundo corre e ninguém sabe para onde”; “Jogador brasileiro não vai ter problema no México, não. Tudo já morou em favela e não pode se queixar de altitude” e “Goleiro é uma posição tão amaldiçoada que onde ele pisa nem grama nasce”.

Homem de poucas palavras, mas perfeito observador e muito inteligente, só falava nos momentos oportunos. Lançava com grande humor as suas frases irônicas para definir os fatos. Adepto do futebol simples e objetivo, ele contestava a forma de jogar de Domingos da Guia. Neném repudiava o drible e a firula dentro da área.

Para muitos torcedores Neném era uma figura humana estranha. Apesar de muito conhecido na praia, ele jamais foi visto tomando banho de mar. Antonio Franco de Oliveira jamais gostou de falar sobre o seu passado.

A exemplo dos demais funcionários do Botafogo passou por privações com os frequentes atrasos dos salários. Mas nunca pensou em largar o clube de seu coração. Foi há muito custo que ele concordou em se internar numa casa de saúde.

"Neném Prancha" jamais pensou em casamento, porque o pouco dinheiro que ganhava servia apenas para "manter o estômago em dia". E quando perguntado porque ficou solteiro, comentava: "Casamento é coisa muito séria para terminar nas manchetes de jornais".

Neném morreu na madrugada do dia 17 de janeiro de 1976, na Casa de Saúde Dr. Eiras, vítima de um enfarto do miocárdio. Ele tinha 59 anos. Profundo conhecedor de futebol, "Neném Prancha" atuou até pouco antes de morrer como "olheiro" no futebol de praia. Roupeiro do departamento de atletismo no Botafogo desde 1943 - começou trabalhando para a divisão juvenil de futebol. Antonio Franco de Oliveira passou a ter problemas no coração a partir de março de 1975.

Ele teria ficado muito agitado com o lançamento do livro "Assim falou Neném Prancha", de autoria do esportista Pedro Zamara". Pelo menos esse foi o comentário mais ouvido durante o seu enterro no cemitério São João Batista. (Pesquisa: Nilo Dias)


O livro que conta a vida de "Neném Prancha".

terça-feira, 19 de junho de 2012

O futebol no topo do mundo

O Nepal está situado na Ásia Meridional, limita com a República Popular da China e com a União Indiana. Seu território estende-se ao longo de 140.798 quilômetros quadrados, é muito íngreme e mais da metade do norte do país está encravado nos cumes mais altos do Himalaia como o Everest, com 8.840 metros de altitude, o Kinchinjuga, 8.585 m, o Makalu, 8.472 m e o Dhaulagiri, 8.170 m entre outros.

Os nepaleses são muito gentis, sorridentes, simpáticos e conversadores. O ritmo de vida é muito mais lento mesmo na agitada Katmandu, capital do país, situada a 1400 metros de altitude e encaixada no fundo de um vale entre quatro montanhas. Ao visitar o Nepal o turista terá muitas chances de entrar em contato com os nepaleses e eles terão a maior satisfação em falar sobre o país, os festivais, a religião ou sobre futebol.

Os nepaleses adoram futebol e sua Seleção representa o país nas competições oficiais da FIFA. A equipe é controlada pela All Nepal Football Association, fundada em 1951 e filiada à FIFA em 1972. Ainda sem expressão no continente asiático, nunca disputou a fase final da Copa da Ásia. Mesmo assim o futebol é o esporte mais popular no Nepal.

A Seleção manda seus jogos no “Dashrath Stadium”, mais popularmente conhecido como “Dashrath Rangashala”. O Estádio foi inaugurado em 1956 e tem capacidade para quase 18.000 pessoas.

O “Dashrath Stadium” está localizado na Tripureshwor de Kathmandu. Todos os grandes eventos desportivos, futebol em particular, são realizados nele, como também grandes eventos musicais. Bandas locais como “1974AD” e “Bajracharya Deepak“ se apresentaram lá, em passado recente. Em 19 de fevereiro de 2010, o cantor canadense Bryan Adams fez um show no estádio.

A seleção nepalesa de futebol é dirigida atualmente pelo técnico indiano Shyam Thapa, que comandou grandes times de seu país, especialmente o East Bengal e a seleção da Índia na década de 1970, chegando à terceira colocação na Copa da Ásia. Thapa chegou no começo de 2007 ao Nepal, com o objetivo de preparar a seleção nepalesa para um plano audacioso: classificar o time para a Copa de 2014.

A missão não será evidentemente fácil para uma seleção praticamente amadora, mas que conta com a paixão de sua torcida e alguns jogadores jovens que podem se tornar bons atletas à medida que ganhem experiência. O Nepal em toda sua história nunca disputou uma Copa do Mundo. E tem apenas dois títulos conquistados, campeão dos Jogos Sul-Asiáticos (1984 e 1993).

Em março deste ano, o presidente da FIFA, Joseph Blatter visitou o Nepal, quando se encontrou com o presidente Ram Baran Yadav e o primeiro-ministro Baburam Bhattarai. Depois, Blatter e sua comitiva assistiram à cerimônia de abertura da “Challenge Cup” e à partida de abertura entre Nepal e Palestina.

Essa foi a mais importante competição esportiva organizada pelo país em todos os tempos. A “Challenge Cup” garantiu uma vaga para a prestigiada Copa Asiática de Seleções que será disputada em 2015. No dia 9 de março, após uma reunião com integrantes do Comitê Executivo da Federação Nepalesa de Futebol, Blatter visitou as obras do projeto “Goal II” (campos e alojamentos) e lançou o “Goal III” (centro de treinamento).

O Nepal tem um longo histórico no futebol, existente desde 1921, durante o reinado da dinastia Rana. Apesar da federação nacional ter sido fundada apenas 30 anos depois, o futebol chegou ao país por meio de estudantes ingleses que chegaram como alpinistas ou missionários budistas, e que por ventura, permaneceram em definitivo, disseminando assim a popularização e prática desse esporte.

Como o país possui uma imensa influência religiosa, símbolos religiosos e da monarquia foram representados até mesmo no escudo da federação. Em 2006, com o fim da monarquia, o símbolo foi alterado.

O futebol no país pode evoluir rapidamente, já que dezenas de meninos de rua e órfãos da guerra do Nepal calçam suas chuteiras todos os sábados de manhã para jogar futebol, graças a um programa social do qual participam orfanatos da capital do país do Himalaia. Garotos entre 14 e 17 anos treinam durante meses para disputarem um campeonato anual de futebol na capital nepalesa, do qual participam até mil meninos de rua e mais de uma centena de orfanatos, segundo estimativas de diversas ONGs.

O idealizador do projeto que começou há 11 anos é o francês Jerome Edou, que garante ser o esporte muito importante para a socialização das crianças, que se tornam mais responsáveis e conscientes do trabalho em grupo, porque não estão simplesmente jogando para si mesmo.

O futebol ajuda de fato os garotos, como demonstra o caso do jovem Haribansa Ghimire, de 14 anos, que, fugindo da pobreza, deixou sua casa no distrito de Nuwakot, a cerca de 80 quilômetros de Katmandu, para tentar ser um bom jogador de futebol. Seu sonho não é impossível: vários jogadores que atualmente integram a seleção nepalesa sub-17 foram formados pelo Garuda Sport Club, encarregado de organizar os treinamentos e o campeonato anual, que este ano contou com dez equipes.

Outro dos participantes é Arjun Majhi, de 16 anos, que mora em um orfanato. Antes de ser abrigado pelo centro, Majhi passou dois anos e meio pedindo esmolas na rua após fugir de sua casa no distrito de Udaypur - a cerca de 150 quilômetros de Katmandu -, cansado dos maus-tratos que recebia da madrasta.

No ano passado, sua equipe foi campeã do torneio, embora na edição atual o time não tenha conquistado o bicampeonato, porque, segundo Majhi, vários bons jogadores estavam machucados.

Os treinadores concordam que os estudos não atraem muito os jovens, enquanto o futebol, por outro lado, causa furor e os ajuda consideravelmente em sua socialização. Eles aprendem que têm que seguir algumas regras.

Bharat Thapa, técnico da equipe do orfanato “A Voz das Crianças” disse que quando alguém os elogia, desenvolvem um sentido de autoestima. Por meio do futebol, aprendem a socializar e descobrem as possibilidades do trabalho em equipe. No entanto, se as coisas não acontecem como querem, eles se aborrecem. Mas reconhece que apesar disso o futebol contribui para atenuar a tendência à agressividade dos meninos de rua.

Dentre as qualidades que os garotos aprendem durante a prática esportiva, a disciplina é talvez a virtude mais aparente. “Se chegarem um minuto tarde, são proibidos de treinar”, conta Edou, que vive no Nepal há 20 anos e também dirige uma agência de montanhismo. O grupo de defesa dos direitos das crianças CWIN, estima que atualmente haja entre 800 e mil meninos de rua na capital nepalesa.

De acordo com a Plataforma Central de Bem-estar da Criança, um órgão governamental, há 454 orfanatos no Nepal, dos quais 166 ficam em Katmandu e abrigam cerca de 8 mil crianças e adolescentes.

O Himalayan Sherpa Club foi criado há seis anos, e seu objetivo maior é unir os jovens do Himalaia e mostrar que a região não vive só de escalar montanhas, mas também de outros esportes. Isso porque o Nepal, país que fica entre a Índia e China, possui oito das dez maiores montanhas do mundo.

Desde 2006 quando foi criado, foram diversos acessos consecutivos, até chegar ao segundo lugar na primeira divisão na temporada 2011/12. Hoje, o zagueiro da seleção nacional é o capitão do time. O clube aceita jogadores de todos os tipos de etnia. A intenção dos dirigentes é consolidar o Himalayan Sherpa Club como a maior equipe do país. E depois transformá-lo na maior do sul da Ásia, até conquistar o continente.

Apesar da falta de incentivo financeiro, o clube ainda dá suporte aos jovens que querem aprender o futebol ou outros esportes, e ainda proporciona estudos a eles.

O Nepal recorda até hoje um triste momento vivido em 1988, quando de um jogo de futebol entre um time local e outro de Bangladesh. O horror não foi dentro de campo. Tudo ia bem até começar uma chuva de granizo. A multidão correu para se proteger e dezenas de pessoas foram pisoteadas e esmagadas contra os portões. Das oito saídas disponíveis, a multidão de 30 mil pessoas só pode acessar uma para escapar, resultando na morte de 93 pessoas por sufocamento ou esmagamento. (Pesquisa: Nilo Dias)

O “Dashrath Stadium” tem capacidade para 18 mil expectadores, e é palco de jogos de futebol e shows artísticos.

domingo, 17 de junho de 2012

O "Galo Carijó" goiano

O Goiânia Esporte Clube, uma das mais tradicionais agremiações esportivas de Goiás foi fundado em 5 de julho de 1938. O clube que tem o nome da capital do estado de Goiás é um dos principais da região. É o terceiro time com mais campeonatos conquistados em Goiás. O “Galo Carijó” tem 14 títulos da primeira divisão do Campeonato Goiano, e dois da segunda em seu histórico. Já participou em cinco ocasiões da Série A do “Brasileirão” e duas vezes da Copa do Brasil.

O escudo do time sugere o ano de 1938 como o da data de fundação. Entretanto, publicações dizem algo diferente sobre a história do alvinegro da capital. Na versão do jornalista e escritor, João Batista Alves Filho, falecido em 2008, publicada no livro “Arquivos do Futebol Goiano”, o 30 de abril de 1936 seria o dia exato em que o Goiânia Esporte Clube teria sido originalmente criado. Idealizado por Joaquim da Veiga Jardim, que também teve participação na fundação do Atlético-GO, Vila Nova e Goiás, foi, segundo relatos, o “pai” do “Galo Carijó”.

A primeira diretoria do Goiânia foi formada por José Neddermeyer, como presidente; o 1º vice foi Carlos Alberto de Freitas; o 2º vice foi Benedito Zupelli; o secretário geral era Pedro de Sousa Osório; o 1º secretário foi Manoel Alves; o 2º secretário foi João Santana Sobrinho; Tesoureiro: Aquilino Contart; e ainda tinha José Henrique da Veiga Jardim como encarregado do setor esportivo.

Mas o “Galo” precisava definir como seria o uniforme. O glorioso e belo uniforme ficou definido com as cores preta e branca, quando ganhou logo uma definição: camisas pretas com golas brancas, trazendo o mapa do Estado de Goiás. Os calções seriam brancos, com meias pretas. O distintivo foi carinhosamente bordado por dona Maria Luzia Leite, a “Baby” e dona Lucy Gomes da Veiga Jardim.

A primeira formação do Goiânia teve lugar de honra na sua história foi: Pernambucano - Diogo e Lázaro – Carioca - Lino e Hugo Piegas - Dito Salgado – Trindade - João Leite e Juca. O primeiro triunfo alvinegro só veio na terceira partida oficial disputada. Na ocasião, contra o Anápolis Futebol Clube.

Crescendo junto com a cidade, fundada em 24 de outubro de 1933, o clube teve início avassalador e foi o primeiro pentacampeão estadual, de 1950 a 1954, sendo que duas vezes de forma invicta. Mas o começo não foi tão brilhante assim. Nas duas primeiras partidas realizadas pelo Goiânia Esporte Clube, a equipe da capital só conheceu derrotas. A primeira por 3 x 1, para o time da cidade de Bela Vista, em um feriado de domingo, quando se comemorava o dia da padroeira da cidade.

O time só se profissionalizou, em 1964, 10 anos após o futebol goiano ter aderido o profissionalismo. Foi o clube da capital que levou mais tempo para alcançar essa situação. O presidente da época era Luiz Miguel Estevam de Oliveira. Apesar disso, foi o segundo a conseguir um título na nova era do esporte regido pela Federação Goiana de Desportos.

Exaltada por publicações da década de 60 e 70, a “casa do Goiânia”, a “Vila Olímpica”, sempre foi o orgulho dos dirigentes. Construída para ser o lugar onde o clube formaria os atletas não só para o futebol, mas para o basquete, natação, voleibol e outros esportes, o Centro de Treinamentos do “Galo” era tido como o grande trunfo dos desportistas que tocavam o clube.

“A Vila Olímpica” é hoje o maior patrimônio que um clube de futebol tem na capital goiana. Localizada perto do centro e no setor da cidade que mais cresce, vem sendo construída para deixar o associado alvinegro em condições de frequentar um clube completo.

Até o final do ano estarão concluídas as obras programadas para que ao lado da piscina já construída, da churrascaria, das quadras e dos dois campos de futebol que estão prontos, venham aumentar a área de lazer do sócio alvinegro.

Desenvolvida e distribuída pela própria agremiação, a construção da Vila Olímpica serve também para fazer com que o clube tenha cada vez mais associados e que, estes, contribuam financeiramente com o clube. Assim, com mais conforto e opções, o Goiânia quer que a torcida se interesse cada vez mais pelas “coisas” do clube.

O Estádio Olímpico Pedro Ludovico foi inaugurado no dia 3 de setembro de 1941, com o jogo Goiânia 2 X 0 América Mineiro. O estádio tem capacidade para 10 mil pessoas. O homenageado, Pedro Ludovico, foi o fundador da capital goiana.

Segundo a Federação Goiana de Futebol, entidade que, hoje, rege o futebol goiano, a primeira vez que o Goiânia Esporte Clube pode soltar o grito “é campeão” foi em 1945, quando Aládio Teixeira Alvares assumiu a presidência, substituindo José Henrique da Veiga Jardim. O Atlético-GO – como sempre – foi superado na ocasião. Era o segundo campeonato disputado em Goiás, ainda amador. O primeiro foi conquistado pelo próprio rubro-negro, o grande rival do alvinegro na época.

No ano seguinte, em 1946, com novo presidente, Joaquim Brandão Ferreira, o “Galo” foi novamente campeão goiano. Dessa vez, o time da Vila Olímpica deixou o Atlético-GO na segunda colocação. Foi o primeiro bicampeonato conquistado por um time goiano, justamente, na terceira edição da competição.

Em 1947, o Goiânia não levou a taça, mas voltou a ser o melhor time de 1948, sob o comando do presidente Ary Rodrigues de Bessa. Na oportunidade, o “Galo” chegou a sofrer derrota por 5 x 1 para o Goiás e a golear o Independente por 10 x 3. Veio o ano de 1949 e o rubro-negro mais uma vez triunfou no Campeonato Goiano. Apesar disso, a não conquista do título por parte do Goiânia seria perdoada pelos torcedores. Isso porque, o que viria a seguir seria, algo pitoresco

De 1950 a 1954, apesar das intervenções do TJD/GO, só o Goiânia comemorou. Nem mesmo o “incômodo” atleticano e as ações do Goiás na Justiça, puderam evitar que o time da Vila Olímpica alcançasse o primeiro pentacampeonato goiano, sendo que, por duas vezes, em 53 e 54 de forma invicta. Em meio ao crescimento de equipes como Goiás e Vila Nova, o “Galo” seguia comandando o futebol no Estado.

Assim, de 1956 a 1974, o alvinegro foi campeão apenas seis vezes, para espanto dos dirigentes do clube. Até 1974, ano da última conquista alvinegra, a tabela de campeões da Federação Goiana de Desportos mostrava o time da Vila Olímpica com 14 troféus estaduais. Juntas, as outras equipes somavam 17 conquistas. Os emergentes, Vila Nova e Goiás, até aquele momento, somavam 5 e 3 títulos, respectivamente.

O Goiânia é o 3º time com mais títulos no Campeonato Goiano totalizando 14, sendo ultrapassado pelo Goiás na década de 90 (atualmente com 23 títulos) e pelo Vila Nova em 2005 (atualmente com 15 títulos). O último título do Goiânia foi em 1974, sendo o último campeão no Estádio Olímpico Pedro Ludovico Teixeira. Depois que o Estádio Serra Dourada foi inaugurado em 1975, o Goiânia não ganhou mais nenhum Campeonato Estadual.

Em campeonatos brasileiros a melhor colocação do alvinegro aconteceu em 1975, quando alcançou a 28ª posição entre 42 participantes. Em 1999, na Série C, bateu o Fluminense, do Rio de janeiro, no Serra Dourada, por 4 X 3. Em 2001 disputou a Copa do Brasil eliminando o América-MG e sendo eliminado pelo Corinthians, perdendo assim os dois jogos disputados.

Nesses últimos anos o Goiânia vem lutado para se manter na Segunda Divisão Goiana, com administrações ruins, crises, pouco dinheiro e sem apoio da massa que comparecia nos áureos tempos do “Galo Carijó”. O único momento de destaque foi ter a presença de Túlio Maravilha no elenco do time. O estádio Olímpico também foi demolido para uma reforma que até hoje não terminou.

Em 2005 caiu para a Segunda Divisão e retornou como campeão em 2006, vencendo 8 dos 12 jogos disputados no torneio, porém acabou rebaixando novamente em 2007. Também ganhou dois Campeonatos Goianos da 2ª Divisão, 8 títulos do Torneio Início, além da conquista da Copa Brasil Central em 1967. Em 1981 o Goiânia foi vice-campeão do Torneio Centro-Oeste.

Acredita-se que o Estádio Serra Dourada não trouxe sorte ao Goiânia, pois o clube só conquistou títulos goianos antes da sua construção, em 1975, sendo o último em 1974, quando bateu o Goiás nas finais por 1 X 0 e empate em 1 x 1. O Goiânia Esporte Clube foi campeão goiano nos anos de1945, 1946, 1948, 1950, 1951, 1953, 1954, 1956, 1958, 1959, 1960, 1968 e 1974.

O principal rival do Goiânia é o Atlético Goianiense. Também teve destaque o clássico Go-Go, disputado entre o Goiânia e Goiás nos anos 60, 70 e 80. Mas com a decadência do “Galo Carijó”, a rivalidade praticamente não existe mais. (Pesquisa: Nilo Dias)

Time que conquistou o último título goiano, em 1974.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O histórico futebol de Porto Alegre (Final)

O Americano, que tinha as cores branca e grená foi fundado no dia 4 de julho de 1912, com a denominação de Sport Club Hispano-Americano. Foram seus fundadores: Jacinto Losano, João Ray, Bernardo Serrano, Erwin Siegmann, João Siegmann, Paulo Manchon, Manoel Manchon, André Ibañez, Reynaldo Preuss, Honório Ouriques e Napoleão Salatino.

Em 1913, o nome do clube foi alterado para Sport Club Americano. No ano seguinte, ingressou na Liga de Foot-Ball Porto Alegrense, a qual abandonou em julho de 1914, para ajudar a criar a Associação de Foot-Ball Porto Alegrense, juntamente com Frisch Auf, Grêmio e Fussball Porto Alegre.

Com a unificação do futebol de Porto Alegre, em 1916, foi fundada a Federação Sportiva Riograndense, e o Americano foi integrado à 2ª Divisão da capital gaúcha. Participou da fundação da Federação Porto Alegrense de Foot-Ball, em 1918.

Em 1924, o Americano filiou-se à Associação Porto Alegrense de Desportos (APAD), pela qual conquistou os campeonatos de 1924 e 1928. Neste ano, o clube sagrou-se campeão estadual, ao vencer o Grêmio Bagé na partida final, por 3 X 0, no dia 24 de outubro.

No ano de 1925, o Americano adquiriu o terreno onde foi construído o seu campo, situado na Rua Larga, próximo ao bairro da Azenha. A inauguração oficial ocorreu no dia 25 de abril de 1926, quando perdeu para o Internacional por 3 X 0.

No início de 1929, o Americano desligou-se da APAD e, juntamente com Grêmio , Internacional e outros clubes de Porto Alegre, criaram a Associação Metropolitana Gaúcha de Esportes Atléticos (AMGEA). Neste mesmo ano, o clube foi novamente campeão citadino. Porém, ficou de fora do Campeonato Gaúcho, pois a Federação Riograndense de Desportos indicou o campeão da APAD, o Cruzeiro, para a disputa da competição estadual.

No final de 1934, uniu-se à Federação dos Estudantes Universitários de Porto Alegre, passando a se chamar Americano-Universitário. Em 1935, conquistou o Torneio Início de Porto Alegre. Em 1937, vários clubes romperam com a AMGEA, criando a "AMGEA Especializada", numa tentativa de profissionalizar o futebol gaúcho.

O Americano, porém, manteve-se fiel à AMGEA (agora conhecida como "AMGEA Cebedense"), sendo vice-campeão do campeonato organizado pela entidade, em 1937. Aderiu à "AMGEA Especializada" no ano seguinte.

No início da década de 1940, o Americano passou por severas crises financeiras. O clube tentou uma fusão com o Foot-Ball Club Porto Alegre. Porém, a fusão não progrediu e o Americano decretou a falência, sendo extinto em 1941.

O Americano obteve os seguintes títulos: Campeão Gaúcho (1928); Campeão de Porto Alegre (1924, 1928 e 1929).

O Fussball Club Porto Alegre foi fundado no dia 15 de setembro de 1903, curiosamente na mesma data de criação do Grêmio. Seus fundadores foram Leopoldo Rosenfeld (presidente), J. Brenner (secretário), O. Becker (tesoureiro), Hugo Brenner, Oscar Schaitza, Guilherme Trein, Rodolpho Schoeller, Eugênio Sattler, Oscar Matte, Rodolpho Campani, Walter Heckmann, Ernesto Oswaldo Schmitt, Otto Niemeyer, Reynaldo Schoeller, Hugo Gerdau, Alfredo Stumpf, Hugo Becker e Francisco Strattmann. Todos eles eram ciclistas da Rodforvier Verein Blitz (Sociedade Radfahrer Verein Blitz).

A fundação de Grêmio e Fussball foi consequência de uma exibição feita pelos primeiros e segundo quadros do Sport Club Rio Grande, numa excursão em Porto Alegre em 7 de julho de 1903, o que motivou um grupo de amigos a criar um clube de futebol. A primeira sede do Fussball estava situada na Rua Dr. Timóteo, ao lado do Velódromo da Sociedade Blitz, em terreno doado pelo Dr. Luiz Englert. O campo foi inaugurado no dia 9 de novembro de 1903, com um jogo interno, e foi utilizado pelo clube até 1911.

O Fussball marcou presença no primeiro jogo disputado entre equipes porto-alegrenses, no dia 6 de março de 1904, contra o Grêmio. O programa da partida, com escalações dos times e outros detalhes, foi impresso em português e em alemão. O Grêmio venceu a partida, apitada por Valdemar Bromberg, pelo placar de 1 X 0. Além disso, o Fussball disputou com o Grêmio a primeira competição interclubes realizada em Porto Alegre: a Taça Wanderpreis.

Em 1908, o clube atravessou uma grave crise: a diretoria pediu a renúncia do presidente Oscar Campani e, em 17 de junho, foi eleito para o cargo Carlos Foernges Filho. Em 1910, o Fussball participou da fundação da Liga de Foot-Ball Porto Alegrense, disputando o campeonato municipal. E em 1914, juntamente com Grêmio, Americano e Manschaft Frisch Auf, fundou a Associação de Foot-Ball Porto Alegrense.

Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916, o nome do clube foi mudado para Foot-Ball Club Porto Alegre. As cores também mudaram, trocando o alvi-negro original pelo alvi-verde. Em 1923, inaugurou o maior estádio de Porto Alegre na época: a Chácara das Camélias, que foi depois utilizado pelo Nacional.

Títulos conquistados: Troféu Wanderpreis (1904,1908 e 1909); Torneio Início (1923 e 1928); Torneio Lemos Bastos (1923); Torneio Ruy Barbosa (1923); Taça 14 de Julho (1927) e Citadino de Porto Alegre (1923).

O Militar foi fundado em julho de 1909 por alunos da Escola de Guerra de Porto Alegre. A sede do clube estava sediada no “Casarão da Várzea”, mesmo local onde atualmente se encontra o Colégio Militar de Porto Alegre.

A primeira partida da história do clube ocorreu em 7 de setembro de 1909, num empate em 0 X 0 frente o Internacional, no campo da Várzea. O primeiro time do Militar estava formado por: Prado - Aché e Abacílio – Américo - Fiuza e Costa – Atahualpa – Mendes – Souza - Lima e Vasconcelos.

Em 1910, foi um dos fundadores da Liga Porto Alegrense de Foot-Ball (LPAF), juntamente com 7 de Setembro, Grêmio, Internacional, Nacional, Fussball e Frisch Auf. No mesmo ano, o clube sagrou-se campeão citadino de Porto Alegre de forma invicta. Também conquistou o Campeonato de segundos quadros da cidade.

Em 1911, a Escola de Guerra foi transferida para o Rio de Janeiro e o clube foi extinto. Alguns jogadores, como o zagueiro Aché e o meia Mendes, transferiram-se para o América, ao chegarem no Rio de Janeiro, enquanto outros permaneceram em Porto Alegre e ajudaram a fundar o Esporte Clube Cruzeiro em 1913.

O Fussball Mannschaft Frisch Auf foi fundado em 31 de maio de 1909, por iniciativa do ex-jogador do Grêmio, Georg Black. O time era uma extensão da Sociedade de Ginástica Porto Alegre (Sogipa). Suas cores eram preto, vermelho e branco. Em 1910, o clube inaugurou o seu estádio, no bairro São João, mesmo local onde hoje localiza-se o Estádio Olímpico da Sogipa. Em 1917, o Frisch Auf foi extinto.

O Grêmio Foot-Ball 7 de Setembro foi fundado no dia 15 de agosto de 1909. Suas cores eram branco e verde. Os fundadores do clube foram Lothario Kluwe, João Kluwe, Archymedes Fortini, Percio Malater, Atanásio Vieira, Lourival Nuñes, Fidélis Prates, Arnaldo Corrêa dos Santos e Abílio Corrêa dos Santos, entre outros.

Seu campo situava-se no bairro Menino Deus. Graças ao prestígio do jornalista Archymedes Fortini, as atividades do clube eram publicadas com frequência nas páginas do jornal “Correio do Povo”, que anunciava as partidas de futebol, pic-nics e outras diversões no campo localizado no bairro Tristeza. Apesar disso o clube teve existência efêmera.

Em 1910, foi um dos fundadores da Liga Porto Alegrense de Foot-Ball (LPAF), juntamente com Grêmio, Internacional, Militar, Nacional, Fussball e Frisch Auf. Após um desentendimento com os demais clubes, retirou-se da Liga em 1912, desaparecendo pouco depois.

Outros clubes que existiram em Porto Alegre e disputaram campeonatos: Concórdia Foot-Ball Club, fundado em 1 de janeiro de1915. Sport Club Ruy Barbosa, fundado em 21 de outubro de 1915. Nesse mesmo ano foi criada a Liga da Canela Preta, formada exclusivamente por jogadores negros, que não eram aceitos nos grandes clubes de Porto Alegre. No dia 15 de março de 1917 foi fundado o Ypiranga Foot-Ball Club. No dia 29 de agosto de 1927 foi fundado o Club Athletico Bancário. (Pesquisa: Nilo Dias)

O Americano foi campeão gaúcho em 1928.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O histórico futebol de Porto Alegre (I)

O futebol de Porto Alegre nem sempre viveu só de Grêmio e Internacional. Ainda em plena atividade estão clubes bastante antigos e tradicionais, casos do E.C. São José, fundado em 24 de maio de 1913 e Esporte Clube Cruzeiro, fundado em 14 de julho de 1913. Os dois vão entrar ano que vem na seleta lista de clubes brasileiros centenários.

A capital gaúcha ainda contou recentemente com outras agremiações mais novas, que se encontram atualmente licenciadas, como o Porto Alegre Futebol Clube, fundado em 10 de junho de 2003, com o nome de Lami Futebol Clube, que em 9 de janeiro de 2006 mudou de nome e de cores. O time passou a vestir o branco, azul e grená, sendo chamado de Porto Alegre Futebol Clube. E ainda o Esporte Clube Lageado, fundado em 25 de novembro de 1955.

Outros clubes que participaram de campeonatos de Porto Alegre e do Estado, e que hoje não existem mais, ainda são lembrados com carinho pelos torcedores mais velhos. É o caso do G.E. Renner, que foi campeão gaúcho em 1954. O clube foi fundado no dia 27 de julho de 1931, por Victor Gottschold, Avelino Amaral e Apolinário Corrêa, entre outros, todos funcionários da A.J. Renner & Cia. O clube realizou seus primeiros jogos na rua Frederico Mentz.

Em 15 de novembro de 1935, o Renner inaugurou seu estádio na rua Sertório, esquina com a avenida Eduardo. No jogo inaugural derrotou o Taquarense, de Taquara, por 5 X 4. O estádio foi construído em um terreno doado por Antônio Jacob Renner.

Em 1936, o clube participou da fundação da Liga Atlética Porto Alegrense (LAPA), ao lado do Portuário, Rio Guahyba, Gloriense e Arrozeira Brasileira. Em 1937, com a divisão da principal liga portoalegrense, o Renner abandonou a LAPA e ingressou na facção da Associação Metropolitana Gaúcha de Esportes Atléticos, que manteve-se fiel à CBD (AMGEA cebedense).

Em 1938, o clube venceu o Torneio Início e o Campeonato Municipal, disputando o campeonato gaúcho. Com a unificação do futebol portoalegrense, realizou-se, no primeiro semestre de 1939, o Torneio Relâmpago, com 11 equipes e que classificaria os cinco primeiros para a Primeira Divisão do Futebol, ficando os restantes na Segunda Divisão. Renner, Cruzeiro e Americano terminaram o torneio empatados em 4º lugar. No "Torneio Desempate", o Renner ficou em último, perdendo a vaga na elite gaúcha.

Em 1940, o clube quase mudou de nome para Industrial ou Navegantes, para adequar-se aos estatutos da AMGEA. Depois de uma campanha vitoriosa na Segunda Divisão gaúcha o atacante Caburé, artilheiro do time e da competição foi convocado para a Seleção Brasileira que disputou o Campeonato Sul-Americano, na Bolívia.

Como os clubes gaúchos recusaram-se a ceder seus atletas, Caburé jamais jogou pela Seleção. Precisando só de um empate para ganhar o campeonato da Segunda Divisão, o clube perdeu para o Porto Alegre, desperdiçando a chance de subir à Primeira Divisão da Capital. No ano seguinte, resolveu não inscrever-se para disputar o campeonato da Segunda Divisão.

Em 1942 foi campeão da Segundona, mas não conseguiu o acesso. Em 1944, novamente conseguiu o título, conquistando o direito de ascender à série principal. O grande momento do Renner deu-se em 1954, quando foi campeão citadino com três rodadas de antecipação, ao vencer o Juventude por 9 x 2, no dia 8 de janeiro de 1955.

Em seguida, conquistou o Campeonato Gaúcho de 1954, em um triangular com Brasil, de Pelotas e Ferro Carril, de Uruguaiana. O G.E. Gabrielense, de São Gabriel desistiu da competição. O título foi conquistado no dia 3 de abril de 1955, com a vitória do Renner sobre o Brasil, de Pelotas por 3 X 0, no Estádio Tiradentes, gols de Breno (2) e Pedrinho.

O time campeão entrou em campo com a seguinte escalação: Valdir de Moraes – Bonzo - Ênio Rodrigues - Orlando (Olavo) e Paulistinha - Leo e Ênio Andrade – Pedrinho - Breno Melo - Juarez e Joelcy.

Um dos grandes jogadores da história do clube foi Ênio Andrade, que mais tarde como treinador se sagrou campeão brasileiro por três clubes diferentes: Grêmio, Internacional e Coritiba.

Como no final de cada temporada a empresa A.J. Renner tinha de cobrir o rombo financeiro, após o campeonato de 1957, decidiu pela extinção do clube.

Mesmo assim manteve por 44 anos a marca de ser o único campeão estadual neste período, além de Grêmio e Internacional O Juventude foi o responsável pelo fim dessa história de mais de quatro décadas ao ser campeão estadual em 1998.

O Renner, em seus 26 anos de vida conquistou os seguintes títulos: Torneio Extra de Porto Alegre (1947); Torneio Triangular de Porto Alegre (1950); Campeão de Porto Alegre (1938 e 1954); Campeão Estadual (1954); Torneio da Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre (1956).

Outro clube tradicional da capital gaúcha foi o Nacional Atlético Clube, fundado em 19 de setembro de 1937, por funcionários da extinta Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Por isso ganhou o apelido de “Ferrinho”. Suas cores eram o vermelho e o preto. A partir de 1940 passou a chamar-se Nacional Atlético Clube.

Seu primeiro estádio foi o campo da Rua Arlindo. Com a má situação financeira do Fussball Club Porto Alegre, o Nacional adquiriu o Estádio da Chácara das Camélias em 1942, pagando 178 mil cruzeiros. O clube encerrou suas atividades em 1958.

Os títulos do clube foram apenas dois: campeão da 2ª Divisão de Porto Alegre (1941) e do Torneio Início de Porto Alegre (1950). Os maiores ídolos da história do Nacional foram os jogadores Tesourinha e Bodinho, que depois brilharam no Internacional.

Teve ainda o Grêmio Esportivo Força e Luz, que foi fundado por funcionários da Companhia de Energia Elétrica Rio-Grandense (CEERG) e da Companhia Carris Porto-Alegrense, em 8 de setembro de 1921. Suas cores eram o branco e o vermelho. Foram seus fundadores os desportistas José Macedo Jardim, Álvaro Britto, Honorino Passos, Salvador Crozitti, Rosendo Rosa, Bruno Borde, Christph Walter Miller, Carlos De Lorenzi e doutor Ernesto John Aldsworth.

O primeiro campo ficava na rua da Glória, mas pouco tempo depois o clube mudou-se para um terreno na avenida Teresópolis. Em 1932, com a unificação do futebol gaúcho, o Força e Luz ingressou na 2ª divisão da APAD, ganhando o campeonato daquele ano. No ano seguinte, disputou a Série A da 2ª Divisão, sagrando-se vice-campeão no 1º quadro e campeão nos 2º e 3º quadros.

Com o fim da 2ª Divisão da APAD em 1925, e o surgimento da APAF, o Força e Luz manteve-se fora das duas entidades, ausentando-se de competições oficiais por alguns anos. Em 1929 arrendou a Chácara das Camélias, campo do Porto Alegre. No ano seguinte abandonou a APAD e ingressou na AMGEA, disputando a Série B e conseguindo o acesso para a temporada seguinte.

Em 1931, além de disputar a Série A, o clube mudou-se para o campo da rua Arlindo. Em 1932, contando com 11 filados, a AMGEA formou novamente duas séries, ficando o Força e Luz na Série B. Com a desistência dos demais participantes desta série, o Força e Luz foi proclamado campeão, e classificou-se para disputar com o São José, último colocado da Série A, uma vaga no campeonato seguinte, mas perdeu a série de melhor de três partidas.

Em 1934 o Força e Luz voltou a disputar o campeonato, com a extinção da Série B. Em 14-04-1935 inaugurou o Estádio da Timbaúva, perdendo para o Internacional por 5 x 1. Na Timbaúva foi disputada a primeira partida de campeonato brasileiro de seleções no Rio Grande do Sul.

Obrigado a mudar de nome, durante a década de 1940 chamou-se Rio Branco e Corinthians. Voltou a sua denominação de fundação em 1952. No início de 1959 o clube fechou as portas do departamento de futebol. Em 1972 voltou a jogar profissionalmente, disputando a 2ª divisão e a Copa Governador do Estado, sua última competição oficial.

Até 2006 o clube participou do campeonato de veteranos. Em agosto desse ano vendeu o Estádio da Timbaúva para a Companhia Zaffari, por R$ 9,5 milhões. Ainda em 2006 o clube protocolou junto à Federação Gaúcha de Futebol a sua extinção.

Na época da transação, o Grêmio Esportivo Força e Luz estava com sua saúde financeira debilitada. O complexo gerava uma despesa anual de cerca de R$ 150 mil, enquanto os 380 sócios contribuíam mensalmente com apenas R$ 15,00 na época. O ativo leiloado é constituído por uma sede social, salas e quadra de bocha.

Com o negócio, o Grupo Zaffari arrematou um símbolo da história do futebol gaúcho, o famoso pavilhão do antigo estádio da Baixada do Grêmio, doado em 1954 ao Força e Luz em troca do zagueiro Airton Ferreira da Silva, o Airton Pavilhão.

Airton, recentemente falecido foi um dos maiores zagueiros da história do futebol brasileiro. Ele foi contratado pelo Grêmio junto ao Força e Luz, em troca do pavilhão social do antigo estádio da “Baixada”. O jogador passou a ser conhecido como Airton "Pavilhão".

Airton, recentemente falecido foi um dos maiores zagueiros da história do futebol brasileiro. Ele foi contratado pelo Grêmio junto ao Força e Luz, em troca do pavilhão social do antigo estádio da “Baixada”. O jogador passou a ser conhecido como Airton "Pavilhão". (Pesquisa: Nilo Dias)

O Renner foi campeão gaúcho em 1954,

sábado, 9 de junho de 2012

Aposentadoria para os campeões

O Governo Federal concedeu o benefício da aposentadoria para os jogadores que se sagraram campeões mundiais de futebol, pela Seleção Brasileira, nas Copas de 1958, 1962 e 1970. O tema é polêmico, se for olhado de maneira global, pois é sabido que Brasil afora milhões de pessoas passam por todo o tipo de dificuldades e não tiveram acesso a tal benefício.

Mas, por outro lado esses atletas colocaram o país em patamares antes nunca pensados. E a favor, ainda, o fato de que naqueles tempos os jogadores de futebol não recebiam as verdadeiras fortunas pagas hoje.

A nova lei garante aos jogadores que participaram das seleções representativas dos três primeiros títulos mundiais, um prêmio em dinheiro no valor de R$ 100 mil, pagos pelo Tesouro Nacional, sem impostos e descontos previdenciários.

Caso o campeão já tenha falecido, o benefício será entregue aos herdeiros. E também um auxílio mensal, desde que o valor não exceda o máximo pago pela Previdência Social. Em caso de morte do campeão, os herdeiros poderão pleitear o recebimento parcial do benefício.

Pelo projeto, 51 campeões mundiais das Copas de 1958, 1962 e 1970 devem ser contemplados. No caso dos atletas já falecidos, o prêmio irá para seus familiares. Treze campeões mundiais pela seleção brasileira já faleceram. Dois vencedores de 70, Everaldo e Fontana, morreram jovens. E alguns dos mais famosos campeões de 58 e 62, como Castilho, Oreco, Dida, Jurandir, Zequinha, Zózimo, Orlando, Joel, Didi, Garrincha, Mauro e Vavá, não estão mais vivos.

Em sua justificativa, o governo diz ter constatado, por ocasião da comemoração dos 50 anos de conquista da Copa do Mundo de 1958, que muitos dos jogadores que vestiram a camisa da seleção viviam em péssimas condições financeiras, agravada pela inexistência de aposentadoria.

Um quadro não muito diferente do vivido por uma parcela considerável da população, mas na mensagem oficial, o Executivo faz questão de diferenciar que se trata de um caso especial: "Vale enfatizar o valor da atuação desses atletas, que, com total dedicação e competência, alcançaram honrosos títulos para o nosso País, levando-o a se destacar soberanamente no cenário internacional.” Ainda de acordo com a mensagem, a concessão proporcionará “cidadania, inclusão social e melhores condições de sobrevivência”.

Entre os beneficiados estão alguns jogadores que realmente precisavam de uma força. É o caso do ex-goleiro Félix, campeão mundial em 1970, que enfrenta sério problema de saúde. Aos 74 anos, Félix Miéli Venerando luta contra um enfisema pulmonar, doença que não tem cura.

Ele precisa passar todos os dias por sessões diárias de oxigênio em casa, além de medicamentos caros. Para piorar a situação, o ex-goleiro de Portuguesa de Desportos e Fluminense, também sofre de problemas renais, que recentemente o levaram a UTI de um hospital de São Paulo.

Félix vinha conseguindo custear o tratamento, graças ao auxilio de um amigo, ex-companheiro das categorias de base do Juventus, que é dono de uma rede de hospitais, pois a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nunca se interessou em proporcionar um Plano de Saúde aos ex-campeões do mundo.

O presidente da Associação dos jogadores campeões mundiais de futebol, Marcelo Izar Neves, filho do ex-goleiro campeão do Mundo, Gilmar dos Santos Neves, disse que esse dinheiro vai salvar a vida de ex-jogadores, como o Moacir Claudino Pinto, 76 anos, que está em um hospital no interior do Equador, lutando contra o câncer de próstata e sofrendo as consequências da quimioterapia.

Moacir é diretor de uma escola de futebol em Guayaquil e também passa dificuldades financeiras. Embora doente não pode parar de trabalhar, pois tem que botar comida na mesa da família. O que ganha mal dá para pagar as contas. Aos 70 anos, Moacir descobriu ter contraído câncer de próstata, mas até hoje não teve dinheiro para operar. Por enquanto, adota uma medida paliativa: entope-se de remédios comprados por amigos.

Se o dinheiro não dá para comprar os remédios, os conhecidos é que bancam. A Federação Equatoriana de Futebol também já o auxiliou algumas vezes. A casa onde Moacir mora está condenada pela Defesa Civil do Equador. No entanto, o ex-jogador não tem condições de reformar seu único bem. Ele estabeleceu como prioridade os estudos dos três filhos.

O ex-craque Amarildo Tavares da Silveira, de 72 anos, sofre de câncer na garganta. Ele descobriu que estava com a doença em setembro do ano passado. Mas está otimista quanto a cura, depois de iniciar o tratamento com quimioterapia. No início ele não podia falar, nem comer, não conseguia engolir. A dificuldade era enorme, mas agora tudo está voltando ao normal. Ele faz o tratamento no Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro.

Já Nilton Santos, chamado de a “Enciclopédia do Futebol”, passa por sérios problemas financeiros, e comemora a chegada do prêmio. O ex-craque está internado há cinco anos numa clinica da Zona sul do rio de Janeiro, sofrendo do Mal de Alzheimer. E para piorar a situação, sua esposa, Maria Célia, luta contra um câncer no cérebro.

Disposto a ajudá-los, Damásio Desidério, amigo do ex-atleta da seleção e do Botafogo, resolveu colocar à venda o acervo daquele que é conhecido até hoje como a Enciclopédia do Futebol, cognome criado pelo locutor Waldir Amaral.

Agasalhos, chuteiras e as camisas das finais da Copa de 1958 e de 1962, utilizadas por Nilton Santos, integram uma lista de quase duas dezenas de peças de valor histórico em poder de Desidério.

Ele ganhou de Nilton Santos todo o material em 2002, no ano que foi o autor de um enredo na Vila Isabel sobre a vida do ex-jogador - era o diretor de carnaval da escola de samba.

O Nilton se emocionou com a homenagem e deu de presente ao amigo essa relíquia toda. Agora, que o casal está em dificuldade decidiu vender tudo, para que possam ter um pouco mais de tranquilidade. Maria Célia vive à base de remédios caros e com ajuda de enfermeiras e acompanhantes e não tem plano de saúde. Ela agradece ao Botafogo, “que durante todos esses anos esteve sempre presente nas despesas do Nilton. Não faltou sequer uma vez. Está lhe dando uma velhice digna".

Gylmar, o Gylmar dos Santos Neves, um dos melhores goleiros da história do futebol brasileiro, sofreu derrame no ano de 2000, saiu da UTI e vive na rua Bela Cintra, na capital paulista. Gylmar ficou, infelizmente, com 40% do corpo paralisado e por este motivo está utilizando uma cadeira de rodas.

O Governo Brasileiro pretende ampliar o benefício para outros esportes, como os ex-jogadores de Basquete do Brasil, campeões mundiais em 1959 e 1963, os medalhistas olímpicos brasileiros, exemplos como Ademar Ferreira da Silva, João do Pulo, no atletismo e Tetsuo Okamoto na natação, em 1952.

No próximo dia 25, no Memorial da América Latina,em São Paulo, os jogadores vão participar de uma festa comemorativa a concessão do beneficio. O evento está sendo organizado em parceria com o Ministério do Esporte. Na ocasião, também será comemorado o cinquentenário do título do Mundial de 1962 no Chile.

O único jogador que se posicionou contra o benefício foi Tostão, campeão mundial em 1970, alegando que houve falta de critérios para o privilégio exclusivo para ídolos do futebol. O ex-goleiro Félix chegou a comentar a atitude de Tostão: “Se ele não precisa, doe o dinheiro para alguém que precisa”. (Pesquisa: Nilo Dias)

Campeões de 1958.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um ex-aluno do Jardim de Infância

Quem diria, o hoje truculento técnico Luiz Felipe Scolari, o “Felipão” já foi um comportado menino do “Jardim de Infância”, no Colégio Notre Dame, em Passo Fundo. Isso, lá no distante ano de 1954, que foi marcado pelo suicídio do então presidente Getúlio Dornelles Vagas. A formatura era um ato solene de muita importância.

O ato de formatura ocorreu no dia 4 de dezembro de l954 no salão de festas do Notre Dame. O Lema dos formandos foi “Alegrar sempre a Mamãe do Céu”. A Madrinha foi Nadyr Teixeira de Moraes, os homenageados foram Padre José Broja, a madre Maria Irmengarda, a diretora irmã é Maria Hinocenz, e ainda Maria Heineck, Ondina Daudt e Aparício Lângaro.

Luiz Felipe Scolari nasceu em Passo Fundo (RS), no dia 9 de novembro de 1948. É descendente de italianos, seus avós eram imigrantes da região do Vêneto. Foi professor de educação física na Escola A.J. Renner, também conhecida como Escola Industrial, localizada no Município de Montenegro (RS).

Naquela época, não era tão famoso, mas dedicava-se intensamente às atividades educacionais. Além disso, também foi professor de educação física na cidade de Caxias do Sul, em instituições como a Escola Estadual Cristóvão Mendonza e o Colégio La Salle Carmo.

Começou a carreira no C.E. Aimoré, de São Leopoldo, aos 17 anos, jogando como zagueiro nas categorias de base. O gosto pelo futebol teve a influência de seu pai, Benjamin Scolari, que foi um bom zagueiro, defendendo também o próprio Aimoré.

Apesar de nunca ter sido um jogador de técnica apurada, sempre mostrou muita disposição, sabendo usar seu corpo avantajado, o que lhe valeu o apelido de “Felipão”. Destacou-se como um atleta aguerrido e um líder nato, titular e capitão por todos os times que jogou.

Depois do Aymoré jogou no Caxias por 7 anos. Vestiu ainda as camisas do Juventude, Novo Hamburgo e CSA, de Alagoas, onde encerrou a carreira de atleta, em 1982. Torcedor assumido do Grêmio, nunca jogou no tricolor. O outro time de seu coração é o Palmeiras, por quem também sua mãe torce.

Depois que deixou os gramados, “Felipão” resolveu ser treinador, iniciando a nova carreira no próprio CSA. Depois foi para o Brasil, de Pelotas, onde conheceu o ex-jogador Mortosa, que era preparador físico do clube pelotense. Aí começou uma grande amizade que dura até hoje.

Mortosa é o fiel escudeiro de “Felipão”. Do Brasil foi para o Al-Shabab, da Arábia Saudita, em 1987. Em 1989, foi para o Kuwait, onde foi campeão da Copa do Emirado com o Qadsia S.C. e campeão da Copa do Golfo, em 1990 com a Seleção Kuwaitiana de Futebol. Em 1991 treinou o Al-Ahli, da Arábia Saudita e mais uma vez o Al Qadsia, sem sucesso.

A carreira de treinador começou a dar certo, quando foi tricampeão gaúcho pelo Grêmio, em 1987. O primeiro título nacional veio em 1991, com a conquista da Copa do Brasil pelo Criciuma. Na volta ao Grêmio, ganhou vários títulos, com destaques para a Taça Libertadores da América em 1995, e o Campeonato Brasileiro em 1996.

Em 1997, após dirigir o Júbilo Iwata, do Japão, “Felipão” foi para o Palmeiras, onde também viveu grandes momentos. Foi campeão da Copa do Brasil de 1998 e da Libertadores de 1999, além de outros títulos. Mas a exemplo do que aconteceu no Grêmio, não conseguiu ganhar a Copa Toyota. Depois foi treinar o Cruzeiro, de Belo Horizonte, sem repetir o mesmo êxito de Grêmio e Palmeiras.

Em 2002 dirigiu a Seleção Brasileira no Mundial do Japão e Coréia do Sul, trazendo para o nosso país o pentacampeonato.

“Felipão”conquistou todos os títulos que um treinador brasileiro pode ambicionar: Campeonato Regional, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Taça Libertadores da América e Mundial de Seleções. Só não conseguiu ser campeão mundial interclubes.

Seu sucesso chamou a atenção dos mandatários do futebol português, que o contrataram para dirigir a seleção do país. De cara, levou o time à final da Eurocopa de 2004 e às semi-finais da Copa do Mundo, em 2006 na Alemanha.

Depois de eliminar a Holanda, num jogo extremamente violento, ganhou uma vaga nas semi-finais, quando eliminou a Inglaterra nos pênaltis. Na sequência Portugal perdeu para a França por 1 X 0 e disputou o terceiro lugar com a Alemanha, perdendo por 3 X 1.

A Copa de 2006 também serviu para tornar “Felipão” o primeiro treinador da história dos Mundiais a conquistar 11 vitórias seguidas: 7 pelo Brasil durante a Copa de 2002 e 4 pela Selecão Portuguesa, em 2006.

Uma marca característica de”Felipão” é a religiosidade. Quando do pentacampeonato mundial com a Seleção Brasileira, levou até o Japão/Coréia uma imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, santa que tem santuário na cidade de Farroupilha no Rio Grande do Sul.

Ela acompanhou a equipe durante toda a campanha. Em agradecimento, “Felipão” pagou uma promessa, indo de Caxias do Sul a Farroupilha, a pé, percorrendo uma distância de aproximadamente 20 quilômetros.

Ao deixar a seleção, a santa permaneceu no Brasil, até que tempos depois, para impulsionar a participação de Portugal na Eurocopa, Felipão mandou-a buscar na Granja Cumary. Em Portugal, Felipão juntou a imagem da santa "brasileira" a imagem de Nossa Senhora de Fátima.

E parece que a fé de Scolari contagiou os craques portugueses. Tanto é verdade, que Figo, jogador português, ao ser substituído durante as quartas de finais da Eurocopa de 2004 contra a Inglaterra, ficou rezando frente as duas imagens, quando da cobrança de pênaltis. E deu certo, porque o atacante inglês Beckham errou sua cobrança ao sofrer um providencial escorregão.

Scolari passou a maior parte de sua carreira em Caxias do Sul, onde surgiu sua devoção a Nossa Senhora do Caravaggio. A famosa imagem que o acompanha foi um presente ganho, em 2001, no quadro "Amigo Oculto" promovido todo final de ano pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo, dado a ele pela atriz Fernanda Montenegro.

Em 2008 Scolari deixou Portugal e foi para o Chelsea, da Inglaterra, onde teve fraco desempenho. Dizem que os ingleses boicotaram o treinador brasileiro. Como indenização por quebra de contrato, Scolari teria recebido 15 milhões de libras. O seu salário era de cerca de 600 mil libras mensais.

Em 2009 saiu da Inglaterra para uma breve passagem pelo Bunyodkor, do Ubequistão. Na chegada a Tashkent “Felipão” foi recebido com festa pela torcida do clube. Em outubro do mesmo ano, conquistou de forma invicta, com quatro rodadas de antecipação e um incrível recorde de 23 vitórias seguidas, o campeonato nacional. Foram 28 vitórias, dois empates e nenhuma derrota, com aproveitamento de 95,55%.

Em 4 de junho de 2010, o site oficial do clube anunciou a saída de Scolari, que durante as fases finais da Copa do Mundo, foi comentarista em uma emissora de TV da África do Sul. No dia 13 de junho de 2010, após semanas de especulações e negociações, foi oficializado seu retorno ao Palmeiras, onde se encontra até hoje, sem o mesmo sucesso de sua passagem anterior pelo clube paulista.

Títulos conquistados por “Felipão”, em sua vitoriosa carreira: campeão alagoano pelo CSA (1982); campeão gaúcho pelo Grêmio (1987, 1995 e 1996); Campeão da Taça Salmiya pelo Al Qadsia, da Arábia Saudita (1989); Campeão da Taça do Emir pelo Al Qadsia, da Arábia Saudita (1990); Campeão da taça do Golfo pela Seleção do Kuwait (1990); Campeão da Copa do Brasil pelo Criciúma (1991); Campeão invicto da Copa do Brasil pelo Grêmio (1994); campeão da Taça Libertadores da América pelo Grêmio (1995); Vice-campeão do Mundial Interclubes pelo Grêmio (1995); Campeão da Recopa Sul-Americana, pelo Grêmio (1996); Campeão Brasileiro pelo Grêmio (1996); Vice-Campeão Brasileiro pelo Palmeiras (1997); campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras (1998); campeão da Copa Mercosul pelo Palmeiras (1998); vice-campeão paulista pelo Palmeiras (1999); campeão da Taça Libertadores da América pelo Palmeiras (1999); vice-campeão Mundial interclubes pelo Palmeiras (1999); vice-campeão da Copa Mercosul pelo Palmeiras (1999); campeão do Torneio Rio-São Paulo pelo Palmeiras (2000); vice-campeão da Taça Libertadores da América pelo Palmeiras (2000); campeão da Copa Sul Minas pelo Cruzeiro (2001); Campeão da Copa do Mundo de 2002, vencendo todos os jogos, pela Seleção Brasileira (2002) e vice-campeão da Eurocopa pela seleção portuguesa (2004). (Pesquisa: Nilo Dias)

Felipão e seu jeito característico.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Um goleiro que foi Presidente da República

Apenas dois clubes do futebol brasileiro podem se orgulhar de ter tido em suas fileiras ex-jogadores que chegaram a Presidentes da República: o S.C. Internacional, de Porto Alegre, com João Belchior Marques Goulart, o “Jango” e o Alecrim F.C., do Rio Grande do Norte, com João Fernandes Campos Café Filho, primeiro goleiro da história do clube.

“Jango”, terceiro filho de uma família de oito irmãos, passou sua infância na fazenda, onde realizou seus estudos primários e desenvolveu o gosto pela vida do campo, especialmente as atividades pecuárias. Em 1928, foi interno no Ginásio Santana, dos irmãos Maristas, localizado em Uruguaiana (RS).

Reprovado na quarta série foi castigado por seu pai com a transferência para o Colégio Anchieta, em Porto Alegre, onde tornou-se zagueiro da equipe juvenil de futebol do Internacional, campeã gaúcha em 1932.

No ano seguinte pediu ao pai para regressar ao Ginásio Santana a fim de cursar o último ano. “Jango” nasceu em São Borja (RS), no dia 1º de março de 1919, filho de Vicente Rodrigues Goulart e de Vicentina Marques Goulart. Desde criança recebeu o apelido de Jango, comum no sul do país. Faleceu no dia 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, Argentina.

Já Café Filho, nascido em Natal, no dia 3 de fevereiro de 1889, além de atleta participou junto com um grupo de jovens, da fundação do Alecrim, ocorrida em 15 de agosto de 1915, em pleno bairro do Alecrim. Café Filho era um goleiro apenas mediano, mas teve uma importante atuação como integrante da diretoria do Alecrim, e também do Centro Esportivo Natalense.

Muito cedo, com apenas 15 anos, começou a sua vida de jornalista, quando publicou "O Bonde" e "A Gazeta", ambos manuscritos. Depois fundou e dirigiu o "Jornal de Natal". Nesse jornal, começou a abordar a questão social do Estado.

Café Filho faleceu no dia 20 de fevereiro de 1970, no Rio de Janeiro e está sepultado no Cemitério do baiiro do Alecrim, em Natal.

Depois do goleiro que foi Presidente, o Alecrim seguiu sua rotina de jogos sem muita expressão, até que, em 1925, levantou o título de campeão de maneira invicta, fato inédito entre os clubes de futebol de Natal. Como naquela época o Alecrim era formado basicamente por negros e descendentes de índios, ABC e América, que eram times das elites, dissolveram a federação de futebol para que o campeonato fosse invalidado.

O Alecrim foi o último clube que conquistou o título do campeonato de aspirantes antes que fosse extinto. Outras personalidades já defenderam as cores do Alecrim, além de Café Filho. O clube tem uma história de pioneirismo que o diferencia das demais equipes: teve um torcedor padre que foi governador do Estado, Monsenhor Walfredo Gurgel; o único clube de Natal onde “Mané Garrincha” jogou uma partida, isso em 1968; primeira equipe o RN a ter um técnico de futebol, Alexandre Kruze, em 1925, sendo nesse ano o primeiro campeão invicto do RN, título anulado pela Federação que não admitia time de subúrbio ser campeão.

Além disso, o Alecrim foi o primeiro clube a viajar de avião em jogos oficiais, inclusive atuando em partidas internacionais. O clube foi conhecido como o “Vingador”, pois os times de fora ganhavam de ABC e América, como o caso do Bonsucesso que goleou ambos e quando jogou contra o Alecrim perdeu por 3 X 1. Foi o primeiro clube a possuir um Centro de Treinamento (CT), em Macaíba em 1978 e também o primeiro a possuir uma página na Internet graças ao saudoso presidente Edmar Viana.

A primeira agremiação do Rio Grande do Norte a adquirir um ônibus em 1968, e a equipe que tem a mais antiga, fiel e atuante torcida organizada do Estado a Fieis Esmeraldinos Radicais (FERA), criada em 1977. O Alecrim inaugurou alguns estádios: o “Marizão” em Caicó (RN), o Maria Lamas Farache, “Frasqueirão”, em Natal, o “Pascoal de Lima” na cidade da Esperança (RN) e o estádio Gentil Fernandes, da cidade de Areia Branca (RN).

O segundo título de campeão veio em 1963, com o técnico “Geléia”, numa vitória contra o ABC. No ano seguinte “Geléia” deixou o clube, dando lugar a “Pedro 40”, que garantiu o bicampeonato contra o mesmo adversário.

Em 1968, outra façanha: o esquadrão esmeraldino venceu o campeonato estadual de ponta a ponta. Mais uma vez, invicto. Embalados pela conquista, nesse mesmo ano a torcida do Alecrim ganhou um presente. Num amistoso contra o Sport, de Recife, o gênio das pernas tortas, “Mané Garrincha”, vestiu a camisa 7 do clube alecrinense. Apesar da derrota por 1 X 0, gol de Duda, aquele 4 de fevereiro de 1968 ficou para sempre na história do Alecrim.

O jogo foi no Estádio Juvenal Lamartine, com um público superior a 6 mil pagantes, com renda de Cr$ 21.980,00. O Alecrim formou com Augusto – Pirangi – Gaspar - Cândido e Luizinho - Estorlando e João Paulo - Garrincha (Zezé) – Icário - Capiba (Elson) e Burunga. O Sport mandou a campo Delcio – Baixa – Bibiu - Ticarlos e Altair - Valter e Soares – Bife – Cici - Duda e Canhoto.

Nos anos 1980, um dos torcedores mais fanáticos do Alecrim era cego. “Chico Araújo” ia aos jogos com um radinho de pilha. Não perdia uma única partida.

O time é chamado de “Verdão Maravilha”, e ao longo do tempo ganhou dezenas de títulos no futebol, voleibol, futebol de salão, basquete, pedestrianismo e ciclismo.

No futebol que é a sua principal marca, obteve os seguintes títulos: campeão norteriograndense nos anos de 1924, 1925, 1963, 1964, 1968, 1985, 1986; campeão do Nordeste da série D em 2009; campeão da Taça Cidade do Natal – 1979, 1982, 1986; tri-campeão do torneio Incentivo – 1976, 1977, 1978; dez vezes campeão do torneio Início; campeão dos torneios da Marinha em 1969 e do “Santos Dumont” em 1970; tetra campeão de Aspirantes em1961, 1962, 1963, 1964, bi campeão de juniores (86 e 87), campeão invicto de juniores 2006, vice campeão estadual em 1928, 1953, 1962, 1965, 1966, 1970, 1972, “ano da inauguração do estádio “Machadão” e 1982, vice campeão da taça Cidade do Natal em 1972,1976 e 1985, dos torneios “Rio Grande do Norte” em 1979, “Buriti” em 1980 e “Assis de Paula” em 1995.

Representou o Estado na primeira divisão do campeonato brasileiro de 1986, jogando inclusive com o Botafogo no Maracanã e com o Palmeiras no Parque Antártica. (Pesquisa: Nilo Dias)

Café Filho, quando tinha 22 anos.