Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A Maravilha Negra

José Leandro Andrade, um dos grandes jogadores que o futebol uruguaio revelou ao mundo, nasceu em Salto, no bairro pobre de “Cachimba”, dia 1 de outubro de 1901 e morreu em Montevidéu, em 5 de outubro de 1957.

Foi o primeiro ídolo negro da história do esporte no vizinho, tendo feito parte da chamada “Celeste Olímpica”, que conquistou entre outros títulos, o bicampeonato olímpico em 1924 e 1928 e a Copa do Mundo FIFA em 1930.

Começou a carreira no Misiones Football Club, passando depois pelo Bella Vista, Nacional, Peñarol e Wanderers, todos times de seu país. Mas foi no Nacional que viveu os melhores momentos de sua carreira, sendo campeão nacional nos anos de 1922 e 1924. Pelo Nacional participou de várias excursões pela Europa e Estados Unidos.

Andrade tinha um físico privilegiado, com 1,80 m de altura e pesava 79 quilos. Era esguio e veloz. Os seus carrinhos na bola se tornaram famosos, chamados de “tijera”, o equivalente a nossa conhecida “tesoura”, permitiam que interceptasse jogadas com desenvoltura.

Atuava tanto como médio volante, como zagueiro (direito ou esquerdo) e cativou o mundo com a sua eficácia, elegância, inteligência e técnica de jogar futebol, o que o tornou num dos jogadores mais brilhantes da história.

Sua liderança em campo o transformou no verdadeiro cérebro das equipes uruguaias campeãs dos jogos olímpicos de 1924, em Paris, e 1928, em Amsterdã. Ele foi o primeiro negro a pisar um gramado da Europa. Seus movimentos felinos encantaram jornalistas e torcedores franceses, que trataram de rebatizá-lo, chamando-o de “Merveille Noire”, a “Maravilha Negra”. E assim nascia um mito do futebol.

Andrade se tornou bastante conhecido na Europa, a ponto de ter dançado tango com a famosíssima Josephine Baker. Quando da Copa do Mundo de 1930, a primeira da história, Andrade estava com 29 anos e não apresentava o melhor da sua forma física, mas ainda assim jogou o suficiente para ajudar o seu país a ganhar o título mundial. Seu sobrinho, Víctor Rodríguez Andrade, foi campeão mundial com o Uruguai em 1950.

Um verdadeiro levantador de “canecos”, Andrade ainda foi campeão pelo Uruguai dos certames Sul-Americanos, atual Copa América, em 1923, em Montevidéu e em 1926, na cidade de Santiago. Vestiu a “Celeste” por 43 vezes, sendo 33 em jogos oficiais.

Reza a lenda que o famoso intérprete de jazz norte-americano Louis Armstrong ter-se-á inspirado no “Pelé dos anos 20” (como Andrade foi um dia apelidado) para criar o seu estilo artístico.

Além de um fabuloso jogador Andrade era um extraordinário bailarino. Após a sua retirada dos gramados partiu para Paris, onde se tornou um célebre bailarino de cabarés. Gostava de tocar tamborim e violino.

Fez parte de um bloco carnavalesco de nome “Lubolos”. Boêmio inveterado foi relegado ao esquecimento em seu próprio país, o que lhe causou muita mágoa. Esses dois fatores fizeram com que sua saúde fosse se deteriorando.

Fora da Seleção, jogou nos principais clubes uruguaios, Nacional e Peñarol e ainda no Montevideo Wanderers e no Bella Vista. Brilhou jogando no Nacional, quando de uma excursão pela Europa em 1925, e em outra pelas américas do Norte e Central em 1927.

Em 1950, esteve no Brasil como convidado a assistir à Copa do Mundo, e viu seu sobrinho Victor Rodriguez atuar em campo na vitória uruguaia sobre o Brasil no “"Maracanazo”". Victor jogava na sua posição e também usava o nome Andrade, em homenagem ao tio.

José Leandro Andrade encerrou sua carreira jogando na Argentina, e passou a trabalhar na construção civil, terminando seus dias na miséria. Morreu em 5 de outubro de 1957, em um asilo de Montevidéu, vítima de problemas pulmonares, aos 56 anos de idade. 
Em 2003, foi tema de um livro escrito pelo uruguaio Jorge Chagas, intitulado “"Gloria e tormento: A história de José Leandro Andrade".
Abaixo, um belo texto de Luís Freitas Lobo extraído do seu livro Os Magos do Futebol, que descreve o ídolo José Leandro Andrade.

O imortal José Leandro Andrade. Na trilha do Maravilha Negra

Entrelaçado pelo cacimbo da noite que caíra sob a Cidade das Luzes, El Loco Romano desembrulhou mais uma vez o papel já amarrotado para confirmar a morada que o seu amigo José Leandro Andrade, companheiro de dribles e tijeras nas canchas de Montevidéu, lhe dera tempos atrás para que quando fosse ao Velho Continente não se esquecesse de o visitar.

Vivia-se no início da década de 30. Era tempo de magia na brilhante noite de Paris, ainda levitada pela aura dos loucos anos 20, enebriada pelo esplendor excêntrico, negro e hipnotizante de Jossephine Baker, mito da Bélle Époque, rainha dos cabarets onde dançava e seduzia ao ritmo da Revue Negre.

Ninguém imaginava que um outro negro, vindo do outro lado do oceano, nascido no bairro pobre de Cachimba, tornado célebre nos estádios de futebol, fosse capaz de ofuscar o seu brilho.

Quando chegou à morada que Andrade lhe indicara, Romano abriu os olhos de espanto. Na sua frente estava um suntuoso apartamento. Pensou: devo ter-me enganado.

Mesmo assim, tocou à campainha, surgindo uma bela donzela que só falava francês, e do que Romano lhe disse só percebera a mágica frase: mesié Andrade. E eis que a Maravilha Negra, como lhe chamaram os jornalistas gauleses que o viram nos Jogos Olímpicos de 1924, surge vestindo um longo quimono de seda, por entre uma luxuosa habitação decorada por peles, estatuetas em ouro, cheiro a perfume caro e abat-jours milionários.

Durante a época de futebolista, num tempo em que atravessar o oceano durava meses, nunca quisera sair do Uruguai onde sempre jogou. Depois de abandonar o futebol, rumou à mágica capital francesa, onde alternou uma vida de boêmia com a de artista de variedades, no qual era exímio bailarino, dançando e deslumbrando com o seu corpo alto, moreno e musculoso, tornando-se desejado por muitas mulheres, da mais fina sociedade, que o admiravam quase como um amuleto.

Entre os homens, apesar de, no início do século, o futebol ainda não cativar grandes paixões, nenhum esquecera a sua deslumbrante aparição com a fantástica seleção uruguaia nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1924.

Nesse tempo nunca a Europa vira um negro jogar futebol. Ele fora o primeiro. Poucos dos que o viram jogar estarão hoje vivos, mas para a história fica o registro de um zagueiro com fôlego e talento infinito, que marcava o atacante e depois, acariciando a bola, subia pelo seu flanco com a elegância de um bailarino, driblando num jogo de cintura que parecia dança.

Conta-se que num jogo atravessara meio-campo com a bola dominada na cabeça. Quando na postura defensiva, roubava a bola, pela terra e pelo ar, guardando-a nos labirintos de músculos das suas pernas de dançarino, com um estilo que, naquela época, era algo nunca visto, sobretudo se executado com a beleza plástica de Andrade.

Já nesse tempo era um amante da boêmia que sonhava conhecer a bela e provocante Josephine Baker. No carnaval saía bailando com um tamborim, nos gramados, dançava com uma bola presa aos pés, alheio aos conselhos dos seus pais que insistiam em dizer-lhe para estudar, como fizera o seu dedicado irmão Nicasio. Mas Andrade vivia noutro mundo.

Sublime, forte como uma árvore centenária, ágil como um felino, deslumbrou o mundo com o seu futebol de encantar serpentes.
Anos depois, sob as estrelas de Paris, manteve a mesma personalidade feita de grandezas e tristezas. Apesar de venerado pelos mais finos olhares femininos, nas noites do Pigalle, Andrade era um homem impossível de prender. O amor pelas mulheres, para ele, ia e vinha em cada noite.

Anos depois, regressaria à sua Montevidéu, a bordo do Valdívia, célebre navio, vestindo uma gabardina cruzada, chapéu de galã, e cachecol de fina seda. Mais do que às essências perfumadas da douce France, Andrade pertencia à maresia rude da costa uruguaia, onde o sol queima e a noite se ilumina nos tangos de Gardel. Com o passar do tempo foi ficando, no entanto, cada vez mais isolado.

Os seus olhos foram escurecendo e com o silêncio a sua alegria desvaneceu-se. Acabaria por morrer tuberculoso, só, em 1957, na mais profunda miséria, mas sem nunca pedir nada, nem esperar que o auxiliassem, apesar de desde há tempos a doença o ter começado a minar.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Morre uma lenda do futebol de Bagé

Amanhã vai fazer um mês do falecimento de Delmar Lemos Martins, o lendário “Bexiga”, ex-jogador de futebol e técnico renomado, nascido em Bagé, no dia 30 de dezembro de 1923. Mas recém agora fiquei sabendo do ocorrido. Ele estava com 91 anos e tinha problemas de saúde, tendo sido hospitalizado por algumas vezes.

G.E. Bagé e Guarany F.C. prestaram homenagens póstumas ao grande desportista, colocando suas bandeiras sobre o caixão. “Bexiga” fez parte de uma história familiar significativa. O pai, Pedro Martins, foi um dos primeiros craques do futebol bageense nos seus primórdios, atuando, em 1906, pelo pioneiro Sport Club Bagé, passando, depois, para o Guarany.

O filho, Pedro Trindade Martins, o “Sabella”, foi treinador e preparador físico da dupla Ba-Gua, e presidente do Guarany.
“Bexiga” se constituía num dos mais destacados e importantes personagens da história do futebol de Bagé, cidade do interior do Rio Grande do Sul, com cerca de 100 mil habitantes.

Era lateral-direito, zagueiro e centro médio, tendo despontado na década de 1940, defendendo o G.E. Bagé (1943 a 1948), primeiro atuando nos juvenis e logo na equipe profissional. Participou de grandes equipes formadas pelo jalde-negro.

Depois, jogou pelo Pelotas (1949 e 1950), sendo contratado, em 1950, pelo Guarany e tornando-se destaque na reconquista do título citadino. Em 1951, foi contratado pelo Grêmio (1951 e 1952) e não escondia a mágoa de ter perdido o campeonato gaúcho quando o Internacional marcou o gol de empate nos minutos finais.

Seu primeiro jogo pelo Grêmio foi no dia 25 de março de 1951, num amistoso em que o tricolor derrotou o  Juventude, de Caxias do Sul, por 2 X 0. O time gremista tinha Wilson (Sérgio Moacyr) - Hugo (Sarará) e Crespo. Bexiga - Verardi e Heitor. Gorrion - Ferraz (Jaime) – Geada - Pedrinho e Detefon (Lory). O técnico era Pedro Otto Bumbel Berbigier.

Sua última partida pelo Grêmio foi em 16 de janeiro de 1952, na vitória de 1 X 0 sobre o Ferro Carril Oeste, da Argentina. O Grêmio, naquela ocasião, formou com: Sérgio Moacyr - Danton e Gago. Bexiga (Hugo) - Sarará e Bentevi. Balejo – Camacho – Ferraz - Pedrinho e Róbinson.

No tricolor de Porto Alegre “Bexiga” jogou em 32 oportunidades, com 17 vitórias, sete empates e oito derrotas. Não conseguiu ser campeão, foi apenas vice em duas decisões contra o "Rolo Compressor" do Internacional.

Novamente no Guarany (1952), vestiu a camisa alvirrubra em 1952 e 1953, fazendo dobradinha com Raul Donazar Calvete, que morreu em 2008 . Martins marcou um gol jogando pelo Guarany e três pelo Bagé.
 
No final da temporada de 1953, em solidariedade a alguns colegas como Athayde Tarouco, Caboclo e Zezo,  dispensados pelo clube, resolveu acompanhá-los na transferência para São Gabriel. Ele foi para o Gabrielense, onde encerrou a carreira de atleta e os outros dois para o Cruzeiro.

Depois de jogar em São Gabriel, “Bexiga” foi para o antigo Floriano, de Novo Hamburgo, onde hoje encerrou a carreira. O time base do Floriano em 1954 era Foguinho (Paulinho) - Bexiga e Zulfe – Bino - Hélio e Crespo (Hermógenes). Chagas – Martins – Geada - Mujica e Charuto.

O “Geada”, que jogou no Floriano era Jaime Vargas dos Santos, gabrielense que morou durante muitos no Bairro Menino Jesus, depois que deixou os gramados.

Como treinador dirigiu as equipes do Guarany, Bagé, Riograndense-SM, Internacional-SM, Grêmio Esportivo Pedro Osório (Gepo), de Tupanciretã, Aimoré, de Caçapava do Sul, G.E. Gabrielense, de São Gabriel, E.C. Cruzeiro, de Porto Alegre, juvenis do Grêmio Portoalegrense, Associação Alegrete e S.E.R. São Gabriel. A última passagem de “Bexiga” como treinador foi no G.E. Bagé, em 1990.

Nas muitas entrevistas concedidas, ao longo dos anos, sempre foi muito objetivo nas respostas. "Bexiga" considerava o velho Tupan, pái de Tupanzinho e craque do Bagé nos anos 30-40 e depois do Internacional, como o maior jogador que viu atuar. Costumava dizer que foi com ele que aprendeu a bater na bola.

O melhor dirigente que “Bexiga” dizia ter conhecido foi Saturnino Vanzelotti, no Grêmio Portoalegrense. E o  e o melhor treinador, na sua opinião, foi Oto Pedro Bumbel, com quem trabalhou no Grêmio, em 1951. 

A pedido da imprensa de Bagé, ele escalou uma seleção composta por jogadores que viu atuar. Um timaço. Lugano – Caboclo e  Clarel (Grêmio). Vaz (Pelotas) - Atayde Tarouco e Novas. Salvador Rubilar. Hernandez - Carlos Calvete - Tupã e Carlitos. Este último, do Rolo Compressor do Internacional, na década de 40, foi o ponteiro mais difícil que “Bexiga” diz ter marcado.

Delmar era dono de um notável senso de humor, sendo autor de expressões que marcaram época no futebol de Bagé, tais como “vai cheinho, vem cheinho”, sobre a tática de um time atacar e defende de maneira compacta; “10 atrás e um recuado”, para preservar o resultado favorável e “a bola é como uma bomba, e deve explodir no campo inimigo”, como forma de impedir a pressão adversária.

Delmar Martins era considerado o “decano dos retranqueiros”, como treinador. Certa vez,  treinando o Riograndense, de Santa Maria, num jogo contra o Grêmio ao responder sobre a tática ser usada disse: “Serão nove atrás e dois recuados”.

Em setembro de 2013, ele esteve em visita ao local onde, há 70 anos, na temporada de 1943, começou a sua carreira futebolística: o estádio "Pedra Moura", do G.E. Bagé. Foi uma visita de caráter sentimental, que o emocionou bastante.

Recepcionado no estádio pelo diretor-executivo jalde-negro, Francisco Carlos Barbosa Gonçalves, Delmar Martins esteve na sala de troféus do clube, onde se reencontrou com símbolos de grandes conquistas. (Pesquisa: Nilo Dias)



terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O alvinegro centenário de São Caetano

A história do São Caetano Esporte Clube, tradicional agremiação do ABCD paulista começou quando de uma fusão entre o Clube dos Amigos e o Rio Branco. O incrível é que se tratava de duas equipes que mantinham uma enorme rivalidade, pois na época a cidade de São Caetano era pouco mais que um vilarejo. Era algo parecido com um bairro, chamado de “Fundação”, formado por algumas poucas casas e um comércio tímido.

Existir dois clubes de futebol num lugar tão pequeno, era um grande exagero.  Os mesmos atletas às vezes defendiam os dois times, o que desagradava os torcedores. Era unanimidade que o local deveria ter um só representante. Chegou a ser proposto um jogo entre ambos, e quem perdesse fecharia as portas.

E isso de fato aconteceu. O Clube dos Amigos ganhou por 3 X 0, o que não significou o fim de só um deles, mas sim dos dois. Decidiu-se pela criação de um novo clube. Era o dia 1 de maio de 1914, uma sexta-feira, quando foi feita uma reunião no sobrado da Rua Rio Branco, para oficializar a fundação e escolha de um nome, algo que lembrasse a região da maioria dos fundadores que eram imigrantes italianos.

A escolha foi unânime, dar o nome da cidade ao time, nascendo assim o São Caetano Esporte Clube. As cores escolhidas foram o preto e o branco.

Foram fundadores os seguintes desportistas: Acácio Novais, Adelmo Vecchi, Alberto Piva, Ângelo Garbelott, Ângelo Giacommini, Ângelo Veronesi, Antonio Fiorotti, Antonio Garbelloto, Antonio Roveri, Antonio Roveri Sobrinho, Armando Miazzi, Benedito Cavana, Caetano Garbelotti, Carlos Piva, Celeste Dalcin, David Bortolini, Dionísio Scarciofolo, Donaro Perrella, Eduardo Ascencio, Eliseu Carnevelle, Faustino Roveri, Ferruccio Cavalari, Francisco Fiorotto, Francisco Garbelotto, Giacomo Dalcin, Giacomo Perrella, Gino Cesca, João Buso, João Fiorrotti, João Perrella, João Romaldini, João Urbano Giacomini, Joaquim Zanini, Jose Pertolucci, Jose Degli Sposti, Jose Fernandes, Luiz D'gostini, Luiz Martorelli, Luiz Roveri, Luiz Tasca, Nestor Zanini, Nicolau Perrella, Octario Tegão, Olimpio Teodoro de Silva, Orlando Biagi, Paulo Perrella, Paulo Uliana, Pedro Biagi, Primo Darré, Ricieri Bia, Serafin Vecchi, Silvério Manilli, Silvio Buso, Tomas Tomé.

Desde então, e durante décadas tornou-se o time mais tradicional da cidade, chegando até a participar da Primeira Divisão do Campeonato Paulista nos anos de 1935 e 1936. O São Caetano fazia parte de uma Liga e o Corinthians em outra.

Mesmo assim os dois se enfrentaram duas vezes em jogos amistosos, ambos no velho campo da Rua Paraíba, em São Caetano do Sul. O Corinthians ganhou os dois confrontos, 3 X 1 no dia 1 de maio de 1949, e 1 X 0, em 11 de junho de 1950.

O São Caetano Esporte Clube foi a primeira agremiação da região do Grande ABCD e da importante cidade de São Caetano do Sul à disputar a Primeira Divisão do Campeonato Paulista de Futebol nos anos de 1935 e 1935. Era seu presidente, o desportista Luiz Martorelli, um líder autonomista da cidade e, anteriormente, também o técnico campeão e iniciante em todas conquistas.

O São Caetano chegou a ganhar de clubes considerados "grandes" do futebol, conforme histórico da Federação Paulista de Futebol Profissional e pelas súmulas das partidas disputadas.

Em 1954, o São Caetano Esporte Clube acertou uma fusão com o Comercial de São Paulo, capital, o que deu origem a Associação Atlética São Bento, de São Caetano, que disputou a Primeira Divisão paulista em 1954, 1955, 1956 e 1957.

Em 1958 a fusão acabou e os dois clubes voltaram a vida antiga. A fusão foi desfeita e o time criado pelo desportista Oberdãn de Nicola, diretor da Federação Paulista de Futebol e capitão do Exército Nacional acabou. O alvinegro passou a se chamar novamente São Caetano Esporte Clube, o que nada tem à ver com a atual A.D. São Cetano.  O velho São Caetano sobreviveu até 1959.

Participações em estaduais de futebol: Primeira Divisão - atual A-1 (1935 – 1936); Segunda Divisão - atual A-2 ( 1931 - 1932 - 1933 - 1934 - 1939 - 1940 - 1948 - 1949 - 1950 - 1951 - 1952 - 1953 - 1958 e 1959); Terceira Divisão - atual A-3 (1923 - 1924 - 1925 - 1929 e 1930)

Embora tenha nascido em função do futebol, o São Caetano Esporte Clube é hoje uma entidade poliesportiva, recreativa e social, reconhecida como um dos principais modelos na formação e revelação de jogadoras de voleibol.

Em 1998, a equipe não teve nenhum patrocínio, contando apenas com o apoio da prefeitura da cidade, através do Fundo de Apoio ao Esporte e Turismo, criado pelo decreto-lei 3.507/97, que destina verbas para a infraestrutura da equipe.

Em 2002, sob o comando técnico de William Carvalho, em sua primeira temporada no São Caetano, o clube chegou em 6º lugar na Superliga de Voleibol. Já na temporada 2003, após acertar um contrato com a empresa brasileira Açúcar União, conseguiu o vice-campeonato paulista.

Além de manter a base da temporada anterior, o clube contratou grandes reforços para o seu elenco, como a levantadora Marcelle, eleita a melhor jogadora em sua posição no Campeonato Mundial de Voleibol, em 2002, e as pontas Patrícia Cocco e Renata.

Durante a temporada de 2009, associou-se a farmacêutica Blausiegel, repatriando as jogadoras Mari, Fofão e Sheilla, medalhistas de ouro com a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Conquistou o terceiro lugar na Superliga, sendo superado apenas por Finasa/Osasco e Rexona AdeS.

Na temporada 2010, a Blausiegel/São Caetano trouxe o técnico Mauro Grasso, que há 12 anos estava no voleibol masculino. A equipe se manteve forte com o trio Mari, Fofão e Sheilla e recebeu, ainda, a ponteira cubana Regla Bell, tricampeã olímpica, além das centrais Juciely e Natália, a levantadora Ana Maria, a ponta Mariana e a oposta Ciça.

Títulos. Futebol paulista. Campeão do Interior de 1928 e 1941; Nacionais: Liga Nacional de Voleibol (1991/1992); Estaduais: Copa São Paulo de Vôlei (2009); Troféu Eficiência (1996, 1997, 1998 e 2002).

Quando dos festejos do centenário, em 1º de maio de 2014, o São Caetano Esporte Clube distribuiu um livro que narra fatos marcantes dessa importante instituição.

Um exemplar da publicação, “Uma História de Campeões”, foi entregue ao prefeito Paulo Pinheiro, pelo presidente do clube, Franer Natera Gonçalves e por Narciso Ferrari, primeiro comandante da agremiação após a sede ser alocada no atual endereço. Ele dirigiu a associação entre 1959 e 1965. O presidente da comissão municipal de festejos, Wilson Joaquim da Silva (Wilson Caboclo), acompanhou a visitação.

Os festejos se completaram com uma missa campal, dia 1º de maio, e o jantar de gala, em 30 de maio, ambos na sede da agremiação, além da “Taça do Centenário do São Caetano Esporte Clube”, que constou de várias modalidades esportivas. (Pesquisa: Nilo Dias)

Time do São Caetano Esporte Clube, nos bons tempos do futebol. (Foto: Revista "Raízes)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O futebol campeiro de Bagé

Bastou um pipocar de tiros para o coronel Apolinário Azambuja buscar a Winchester em cima do armário. Naquele instante, chutando macegas, entravam em campo as equipes do Manotaço e do Redomão, decidindo o "Campeonato Bagual da Grande Bagé".

Sentados nos pelegos, bombeando chimarrão, os torcedores se empoleiravam em bancos e barrancos. Ostentando ponchos, botas, esporas e chapéu beija-santo, os atletas posam para empinadas fotografias. O pontapé inicial é decidido no "suerte e culu" nos conformes do jogo do osso.

Desabou um temporal, e a partida decidiu-se de guarda-chuva aberto, sem prejuízo dos proveitos. Um vivaracho gringo mostra-se interessado no passe do "Felisberto Cabeleira", o famoso deflorador de redes e demolidor de traves. 

Patos, galos e galinhas não perturbam o desempenho dos atletas, vez por outra confundidos com a bola, recebendo grandes tiros de meta e arremessos laterais.

O árbitro apita montado num matungo caborteiro e recebe vaias de abigeatário. Massagista é coisa de "maricotes". Um veterinário se acomoda de jeito para as eventualidades. Lenços chimangos e maragatos diferenciam as equipes gaudérias. Os bandeirinhas em seus petiços fazem cancha-reta pelas laterais do campo.

O goleiro, patrão em seu CTG, manda e pesponteia. Com rebenques nas mãos, defende sua pequena área qual marido de mulher assanhada. O escore é marcado com ferro em brasa. Ao campeão é oferecido uma vaca que nem carece dar três mugidos para virar espeto corrido. Se um atacante dispara no rumo às traves é hábito fazer uso indiscriminado de laços e boleadeiras. A cobrança de pênalti tem outro discernimento.


Correm parelhos cinco atacantes, chuta quem por primeiro alcançar a bola e, se errar o lance, leva uma sumanta dos outros quatro. Não se enganou o coronel Apolinário quando ouviu o estopim de balas de todos os calibres fazendo algazarras no rebuliço da tarde. Se um anjo naquele instante cruzasse os céus do pampa, por certo, caia de bruços no banhado. (Por Luiz Coronel)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O alviverde do Triângulo Mineiro

Em 2010 foi demolido o "Estádio Juca Ribeiro", localizado no centro de Uberlândia (MG), no “Triângulo Mineiro”, que tinha capacidade para 7 mil torcedores, que foi testemunha de grandes espetáculos esportivos disputados durante 60 anos na cidade.

O terreno onde foi construído o estádio pertencia à Igreja Católica, que recebeu R$ 100 mil da rede de supermercados que adquiriu a área, com o aval do presidente do Uberlândia E.C. Nos últimos anos era usado apenas para treinos e jogos oficiais das categorias de base do clube.

O "Grupo Bretas", alugou o terreno do estádio, demolindo-o para construir um hipermercado. Já havia um supermercado da empresa no complexo do estádio, que foi fechado. A "Rede Bretas" tem 10 lojas em Uberlândia, e a do estádio é a maior de todas. Duas, das quatro arquibancadas existentes no estádio foram preservadas.

Por outro lado, o teto do bar do comerciante Odesio de Moraes e das outras 26 lojas instaladas no "Estádio Juca Ribeiro" foram mantidas. Os comerciantes continuam com as empresas funcionando normalmente nos espaços locados pelo clube.

O Uberlândia Esporte Clube foi fundado em 1 de novembro de 1922, com o nome de Uberabinha Sport Club, quando a cidade tinha o nome de São Pedro de Uberabinha. As cores escolhidas foram o verde e branco, que deram ao clube a alcunha de “Alviverde do Triângulo”.

O escudo possui as cores verde e branca. De modo comum ele é formado por cinco faixas brancas e quatro faixas verdes na vertical, com uma faixa na diagonal sentido inferior esquerdo para o sentido direito superior onde está escrito a abreviatura UEC. Uma estrela na parte superior em cor amarela simboliza o principal título da equipe, a série B de 1984.

Em alguns escudos uma estrela azulada na parte superior divide espaço com a amarela, sendo esta representante da "Taça Minas de 2003". Pela sua história o escudo sofreu diversas modificações.

Na época da fundação do Uberabinha Sport Club existia na cidade a Associação Esportiva Uberabinha, fundada em sua maioria por elementos ligados ao Partido Republicano Municipal, também chamado de “Cocão”, que tinha sua praça esportiva localizada na Avenida Paranaíba ao lado da chácara de Zacarias Alves de Melo, depois, coronel Virgílio Rodrigues da Cunha.

A rivalidade política era muito grande na cidade. Existiam duas bandas musicais, uma do partido “Cocão” e outra do Partido Republicano Mineiro apelidado de “Coió”.

As duas bandas concordaram em se revezar nos dias de futebol na cidade, para acabar com as brigas constantes. Isso sempre foi respeitado, até que um dia, quando de um grande jogo no campo da Associação Esportiva, quem deveria tocar era a banda dos “Coiós”.

Entretanto, o dirigente da Associação Esportiva, Adolfo Fonseca e Silva, decidiu que naquele dia quem tocaria seria a banda do “Cocão”, dizendo em alto e bom som: “O campo é nosso e por isto, quem toca hoje é a nossa Banda!”.

Naturalmente os integrantes da banda do “Coió” não aceitaram a inesperada mudança, e indignados com aquela atitude, retiraram-se do campo e, liderados por Agenor Bino e Gil Alves dos Santos, rumaram para os altos da Vila Operária, hoje Bairro Aparecida.

No local, Gil Alves, poderoso político e empresário, mandou que fosse escolhido e medido em um de seus terrenos, a área necessária à construção de um campo de futebol, que resolveram construir sob a bandeira “Verde e Branca” e com a denominação de “Uberabinha Sport Club”, cujo local foi cedido gratuitamente.

Agenor da Silva Pereira Bino assumiu a liderança do movimento e demarcou a área onde até pouco tempo se localizava o “Estádio Juca Ribeiro”. Cada um dos amigos e simpatizantes do “Coió” foram convidados para cooperarem na construção da obra projetada.

O primeiro presidente do clube foi o senhor Tito Teixeira, que apesar de pertencer ao grupo rival, era pessoa alheia as paixões políticas.

Primeiro marcou-se um campo de futebol. Depois, a medida que as cooperações em dinheiro aconteciam, iniciou-se as obras de construção do estádio, que levou o nome de “Juca Ribeiro”, homenagem feita em vida ao precursor do futebol do Uberlândia Esporte Clube e treinador do primeiro escrete uberlandense.

Juca Ribeiro era comerciante de gelo e produtor de mortadela, que ainda tem uma filha viva. Foi com ele de técnico que o Uberlândia alcançou a primeira vitória sobre o arquirrival Uberaba.

Depois da fundação o Uberlândia começou a representar a cidade em torneios e jogos no “Triângulo Mineiro”. Durante anos foi um time amador sub profissional. Só com o passar das décadas ganhou espaço. Antes, às competições em Minas Gerais eram restritas a região de Belo Horizonte, sendo raros os campeonatos que aceitassem times do interior.

Os torcedores mais velhos do Uberlândia lembram de um grande feito do clube, que em 1935, jogou e ganhou três vezes do Uberaba. E de uma goleada de 5 X 0 em 1931, mesmo com o árbitro sendo uberabense.

Nesse jogo, ao fim do primeiro tempo, o placar marcava 3 X 0 para o Uberlândia. Apavorado com a perspectiva de seu time  levar uma tremenda goleada, o jogador "Quintas", usando um canivete inutilizou a bola, sendo necessário adquirir outra para o término da partida. No fim, um acachapante 5 X 0.

Tem também o “jogo das ripas”. Em 1935, estavam quase concluídas as obras de construção das primeiras arquibancadas do “Estádio Juca Ribeiro”. Para marcar a importância da empreitada, uma partida amistosa foi marcada contra o time do Operário, de Araguari.

Havia cerca de 4 mil pessoas no campo, um número grande para a época. O juiz marcou um pênalti para o Uberaba. Foi quando alguns dirigentes do Araguari invadiram o campo, para não permitir a cobrança da penalidade.

O mesmo fizeram diretores do Uberlândia. Foi quando algumas ripas do novo alambrado foram arrancadas. O que se viu foram ripas para todo lado, voando a torto e a direita. O término das arquibancadas só aconteceu na década seguinte, graças a uma campanha de angariação de recursos, que envolveu toda a população. O Uberaba Sport Club foi por muitos anos o campeão do Triângulo Mineiro.

Na década de 1940 o objetivo era outro, a iluminação do estádio. Muitos amistosos contra grande equipes foram realizados, para angariar fundos. Os primeiros refletores foram instalados só em 1950.

Tempos depois foram construídas várias salas para serem alugadas a comerciantes, visto que o local oferecia ótimas perspectivas comerciais. A Vila Operária, onde se localizava o estádio, foi pioneira nesse processo de mudança, recebendo lojas de grande porte. A valorização da região foi crescente.

Em 1961 é que foi criado o Campeonato Mineiro da Segunda Divisão de Profissionais, com 20 equipes participando. O Uberlândia ficou em 2° lugar da “Zona Triangulo A”, não avançando de fase e ficando em quinto lugar na classificação geral.

Em 1962, o time fez uma primeira fase quase impecável, vencendo 13 de seus 16 jogos. Ao término dessa fase Uberlândia e Araguari terminaram empatados na classificação, sendo necessário o desempate em melhor de três jogos.

O Uberlândia levou a melhor com duas vitórias e um empate, chegando a final contra o Palmeirense, quando ganhou as duas partidas por 2 X 1 e 2 X 0, respectivamente, conquistando seu primeiro título estadual e o direito de jogar a elite estadual.

Em 1963 o time do “Triângulo Mineiro” fez a estreia na “Divisão Principal” empatando com o Uberaba. Ao final da competição o Uberaba chegou  em oitavo lugar, com destaque para as vitórias sobre o Cruzeiro por 2 X 0 e Villa Nova por 4 X 1. O jogador "Fazendeiro", do UEC foi o artilheiro da competição com 12 gols.

Em 1968 o time ficou entre os três melhores do estadual e conquistou o título de Campeão Mineiro do Interior pela primeira vez. Em 1970 terminou em quarto lugar e conquistou o bi estadual do Interior.

O ano de 1978 marcou a primeira participação do clube em uma competição oficial a nível nacional. O Uberlândia estreou na "Série A" do "Campeonato Brasileiro" num grupo em que predominavam times do Nordeste e de Minas, terminando a primeira fase em 12.° e não avançando no torneio, que teve o Guarani de Campinas campeão.

No ano de 1979 o time teve muitas conquistas. Foi quarto lugar no estadual e mais uma vez “Campeão do Interior”, além de uma vaga na Taça de Prata de 1980.

No Brasileiro de 1979 a equipe foi até a terceira fase e terminou em nono no quadro geral, esta a sua melhor colocação até hoje na elite nacional.

Em 1980, na "Série B" do "Brasileiro", foi primeiro colocado na primeira fase do campeonato. Na segunda fase da competição, o time foi eliminado pelo Bangu, do Rio de Janeiro.

No ano de 1983 foi de novo “Campeão do Interior”, além de conquistar uma vaga na Taça de Prata de 1984. Em 1984 a maior conquista do clube em sua história, a de campeão da “Taça de Prata”. Nas finais venceu o Clube do Remo, do Pará, no primeiro jogo por 1 X 0, em Uberlândia.

No jogo da volta, em Belém, um empate nervoso em 0 X 0 garantiu o título. Inconformados, torcedores do Remo invadiram o campo e agrediram jogadores do Uberlândia. No tumulto os jogadores mineiros ficaram acuados nos vestiários até de madrugada.

Dois jogadores do alviverde foram presos acusados de matarem um torcedor paraense, o que foi desmentido pela perícia médica que determinou a morte do torcedor que estava alcoolizado por um aneurisma cerebral.

Depois de 1984, o Uberlândia garantiu lugar na elite do Campeonato brasileiro de 1985, quando foi eliminado na primeira fase e terminou o campeonato em 33°.

Em 1986 foi novamente “Campeão do Interior”, e no “Brasileirão” foi eliminado na primeira fase, ficando na última colocação de seu grupo. Como o campeonato nunca foi concluído não houve uma classificação final geral.

Em 1987, no "Campeonato Brasileiro da Série B", foi vice-campeão do "Módulo Azul". Em 1988 o time mineiro terminou em 59° lugar na "Série B" do "Campeonato Brasileiro".

De 1990 até 1993 o UEC disputou apenas o "Campeonato Mineiro" terminando sempre no meio da tabela. Apenas em 1994 retornou para uma competição nacional, a "Série C", sendo eliminado na semi-final e terminando na terceira posição.

Em 1995 foi mal no “Mineiro” e eliminado na terceira fase do "Campeonato Brasileiro. Já em 1996, a equipe fez uma boa participação no certame mineiro e terminou em 32° na "Série C do Brasileiro".

Em 1997 o time foi rebaixado no "Campeonato Mineiro". E na "Série C do Brasileiro" acabou eliminado nas quartas de finais. Em 1999, a equipe conseguiu voltar para a "Série A do Campeonato Mineiro".

No ano de 2000 disputou a "Copa João Havelange". A equipe estava no "Módulo Verde e Branco", e terminou em segundo lugar. De 2001 a 2010 foram anos de altos e baixos, culminando com um novo rebaixamento para a “Segundona Mineira”, em 2010.

O ano passado o time conseguiu voltar a "Série A" mineira e se encontra atualmente em plena disputa do “Mineirão 2016”.

O Uberaba Esporte Clube é considerado hoje como um dos mais importantes clubes do interior mineiro, rivalizando com Ipatinga, Vila Nova, Ituiutaba, Valério e Uberaba.

Alguns jogos memoráveis. Em 9 de Fevereiro de 1966, quando ainda não existia o “Estádio João Havelange”, o Uberlândia Esporte jogou e perdeu de 2 X 0 para a Seleção da antiga União Soviética, para inaugurar às novas  arquibancadas de cimento do “Estádio Juca Ribeiro”.

Outro jogo que o torcedor do Uberlândia não esquece foi a histórica goleada de 4 X 0 sobre o Santos Futebol Clube, no dia 6 de junho de 1982, quando dos festejos inaugurais do “Estádio Parque do Sabiá”.

O primeiro gol do UEC no novo estádio foi marcado por Mauro Eli da Silva (Maurinho), aos 8 minutos do primeiro tempo. Luiz Carlos, Nenê Ramos e Brazinha completaram a goleada alviverde.

Em 18 de maio de 1983, o Uberlândia recebeu no “Estádio João Havelange” (Parque do Sabiá), a Seleção Brasileira de Novos, que se preparava para o Torneio de Toulon, na França. O jogo terminou empatado em 1 X 1. (Pesquisa: Nilo Dias)


Time do Uberlândia, em 1984, campeão da "Taça de Prata". (Foto: Acervo fotográfico do clube)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O até breve de "El Cabezón"

Andrés Nicolás D'Alessandro fez ontem a noite contra o São José, talvez o seu último jogo pelo Internacional, de Porto Alegre, clube que defendeu por oito anos. O confronto valeu pelo Campeonato Gaúcho e pela Recopa do Rio Grande do Sul.

O Internacional ganhou a competição nos pênaltis e dessa forma D’Alessandro encerra seu ciclo, por enquanto, no colorado com mais um título. Ele foi emprestado ao River Plate, da Argentina, que vai disputar a “Copa Libertadores da America”.

O craque argentino deu seus primeiros passos no “Baby Fútboll, espécie de futebol de salão praticado na Argentina, indo depois para às categorias de base do River Plate, onde ganhou destaque pela habilidade, inteligência, chutes precisos e personalidade forte. E não demorou para que fosse chamado pelo técnico José Pekerman, para integrar a Seleção Sub-20 do país, onde ajudou a conquistar o Mundial Sub-20, em 2001, realizado na própria Argentina.

O time “porteño” tinha grandes valores, tais como Leandro Romagnoli, Javier Saviola e Maxi Rodriguez. Mesmo competindo com esses extraordinários craques, D'Alessandro foi eleito o segundo melhor jogador da competição.

Em 2003 ele foi vendido pelo River Plate ao Wolfsburg, da Alemanha, time que tem como maior acionista a empresa automobilística alemã Volkswagen, por aproximadamente 9 milhões de euros ou 25,5 milhões de reais.

Com a força da sua juventude, D’Alessandro foi peça importante na conquista do Ouro no futebol, pela Seleção Argentina nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. O time era dirigido tecnicamente por Marcelo Bielsa, e venceu no jogo final ao Paraguai por 1 x 0.

Em 2006, D'Alessandro trocou o time alemão pelo Portsmouth, da Inglaterra, onde ficou por empréstimo até o fim da temporada 2005/2006. O clube da Inglaterra lutava contra o rebaixamento e com o argentino no time conseguiu se manter na elite do futebol inglês.

Sua esposa estava grávida de oito meses da filha Martina e pediu ao marido que aceitasse a ida para a Inglaterra, já que não podia viajar por longas distâncias. D’Alessandro, na época, estava negociando o seu retorno ao River Plate.

No início da temporada 2006/2007 ele foi para o Real Zaragoza, da Espanha, ainda por empréstimo. No ano seguinte o clube espanhol comprou em definitivo os seus direitos federativos.

Mas o jogador não correspondeu dentro de campo, o que fez com que fosse emprestado em janeiro de 2008, para o San Lorenzo, da Argentina, que comemorava 100 anos de fundação e era treinado por Ramón Díaz, que foi o primeiro treinador do meia no time profissional do River Plate.

O San Lorenzo queria contar com o jogador para as disputas da “Taça Libertadores da América”, e para isso abriu os cofres e pagou cerca de 9 milhões de reais ao Zaragoza.

O investimento, porém, não teve retorno imediato, pois o San Lorenzo foi eliminado da competição nas quartas-de-final pela LDU, do Equador, após dois empates em 1 X 1 e derrota nos pênaltis por 4 X 3 no jogo de volta, em Quito.

Ao término do empréstimo, D’Alessandro nem chegou a retornar ao clube espanhol do Zaragoza, tendo sido vendido ao Internacional, de Porto Alegre por 5 milhões de euros, cerca de R$ 13,5 milhões, onde assinou um contrato de quatro anos.

O primeiro jogo de D’Alessandro com a camisa vermelha do Internacional deu-se em 13 de agosto de 2008, justamente um clássico Gre-Nal, valido pela Copa Sul-Americana, que terminou empatado em 1 X 1. O resultado eliminou o rival da competição, que acabou sendo ganha pelo Internacional.

O primeiro gol de D’Alessandro no clube gaúcho aconteceu no dia 14 de setembro de 2008, num jogo contra o Botafogo, do Rio de Janeiro, pelo Campeonato Brasileiro, vencido pelo Internacional por 2 x 1. No mesmo ano fez seu primeiro gol em Gre-Nal, abrindo o placar no Beira-Rio.

A camisa do argentino no Internacional tinha o número 15, repetindo a sua preferência na seleção de seu país. E até porque o número 10 era usado por Alex. Com a saída desse jogador para o futebol russo, D’Alessandro, a pedido do dirigente Fernando Carvalho, passou a usar o número 10.

Em janeiro de 2010, num jogo do Campeonato Gaúcho, D'Alessandro foi vítima da violência do zagueiro Ferreira, do Juventude, de Caxias do Sul, que lhe desferiu um golpe com o joelho no rosto. O argentino foi levado imediatamente para um hospital de Porto Alegre, onde se constatou uma fratura ao lado do olho direito.

Os médicos decidiram pela colocação de uma placa metálica com micro parafusos no local da lesão, que ficou de forma definitiva no rosto do jogador. D’Alessandro, em razão disso, ausentou-se dos gramados por cerca de 40 dias, não atuando em parte do Campeonato Gaúcho e da estreia do Internacional na “Taça Libertadores da América” de 2010, vencida pelo clube gaúcho.

A volta do craque ao time se deu no dia 3 de março de 2010, quando entrou no segundo tempo do jogo contra o Santa Cruz, válido pelo Campeonato Gaúcho, que o colorado ganhou por 4 X 1. Já no dia 11 de março, D'Alessandro entrou no segundo tempo da partida contra o Deportivo Quito, na capital do Equador, válida pela segunda rodada da “Taça Libertadores da América” de 2010.

E no dia 18 de agosto de 2010, D'Alessandro realizou o maior sonho de sua carreira: ser campeão da “Taça Libertadores da América”. Com a camisa 10 do Internacional, o meia argentino foi fundamental na conquista.

Guindado a capitão da equipe, nessa condição ganhou seu primeiro título em 13 de maio de 2012, quando depois de voltar de uma lesão, entrou no intervalo do jogo contra o Caxias, no Beira Rio, no lugar de Tinga.

O time perdia por 1 X 0, e D'Alessandro foi um dos responsáveis pela virada no jogo, com gols de Sandro Silva e Leandro Damião e levantou a taça gaúcha pela 41ª vez.

O jogador teve marcas importantes no Internacional, como seu jogo de número 200, disputado em março de 2013 contra o Canoas válido pelo “Gauchão”. Em 22 de agosto de 2013, D'Alessandro fez seu gol de número 50 com a camisa do Internacional, contra o Salgueiro, de Pernambuco, em jogo válido pela oitavas de final da Copa do Brasil.

Em 7 de setembro de 2013, marcou seu centésimo gol da carreira ao converter um pênalti contra a Ponte Preta, de Campinas, pelo Campeonato Brasileiro. Mais da metade dos gols marcados por D'Alessandro foram pelo Internacional.

Entre tantos feitos de D’Alessandro pelo Internacional, um merece registro especial: foi ele que no dia 6 de abril de 2014, marcou o primeiro gol da reinauguração do Estádio Beira Rio, numa partida amistosa contra o Peñarol, do Uruguai. E ainda marcou o segundo gol na vitória por 2 x 1.

D'Ale deixa o Inter com números expressivos. Ele nunca terminou uma temporada sem levantar uma taça. Foram 11 títulos. Seis Estaduais (2009, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015), uma “Copa Libertadores da América” (2010), uma “Recopa Sul-Americana” (2011), uma “Copa Sul-Americana” (2008), uma “Copa Suruga” (2009) e uma “Recopa Gaúcha” (2016).
Em 341 jogos pelo Internacional, marcou 76 gols. Ele ainda disputou 27 Gre-Nais, com 13 vitórias, 9 empates e 5 derrotas. Contra o Grêmio, marcou oito gols.

Jogando pelo River Plate, D’Alessandro foi campeão argentino em 2000 e do “Clausura”, em 2002 e 2003.

Pela Seleção Argentina foi Campeão Mundial Sub-20 em 2001 e Medalha de Ouro nos “Jogos Olímpicos de 2004”, em Atenas, quando atuou ao lado de jogadores como Carlos Tévez, Javier Mascherano, Luis González, Roberto Ayala, entre outros.

Também participou da Copa América de 2004, realizada no Peru, sendo vice-campeão, perdendo o jogo final nos pênaltis para a Seleção Brasileira. D'Alessandro foi um dos que desperdiçaram a cobrança.

O jogador em sua carreira ganhou vários “Prêmios Individuais”: “Bola de Prata de melhor jogador da Campeonato Mundial Sub-20 (2001);
Melhor meio-campista das Américas, segundo o jornal “El País” (2001, 2002, 2008 e 2010); Melhor jogador das Américas, segundo o jornal “El País” (2010); Prêmio Craque do Brasileirão - Meia-Direita (2010); Bola de Bronze segundo o jornal “El País” de melhor jogador do Mundial de Clubes da FIFA (2010); Melhor jogador estrangeiro do Campeonato Brasileiro EFE (2013) e Seleção do Campeonato Gaúcho (Melhor Meia) (2009, 2013, 2014, 2015).

D'Alessandro não era convocado para a Seleção Argentina desde agosto de 2008, quando o técnico Alfio Basile comandou a equipe nos jogos contra a Seleção Paraguaia e a Seleção Peruana. Sob o comando de Maradona, D'Alessandro não foi convocado nenhuma vez para a Seleção de seu país.

Após a conquista da “Copa Libertadores da América” de 2010, pelo Internacional, D'Alessandro voltou a ser convocado para a Seleção Argentina pelo técnico Sergio Batista, para amistosos contra a Espanha, Japão e Brasil.

Hoje, D’Ale embarca para Buenos Aires onde será apresentado oficialmente pelo River Plate. Formado nas categorias de base do clube argentino, ele voltará a “Núñez” quase 13 anos depois de sua saída, no meio de 2003. O vínculo de empréstimo se estenderá até dezembro. Com o Inter, seu compromisso vai até o fim de 2017. (Pesquisa: Nilo Dias)


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Um uruguaio bom de bola

Florentino Robales foi um atacante uruguaio, nascido em Bella Uníón,  que jogou no futebol gaúcho na década de 1940.  Comelçou a carreira aos 17 anos, jogando nos juniores do Peñarol, de Montevidéu.

Em 1945 veio pra o G.E. Bagé, onde ficou até 1948. Destacou-se como atacante ao lado de jogadores como Nelci e Jessi, que marcaram época vestindo a camisa da equipe gaúcha. No mesmo ano, um grupo de fazendeiros deu o dinheiro para que o Esporte Clube Uruguaiana o contratasse.

Ainda em 1948 foi escolhido pela imprensa de Uruguaiana como o melhor Atleta do Ano. E nos anos em que lá jogou, se destacou como um dos melhores jogadores que atuaram na cidade em todos os tempos.

Vestindo a camisa do Uruguaiana Robales protagonizou os dois jogos mais importantes de sua carreira.  Foi o maestro da equipe na vitória sobre o Grêmio, pelo placar de 2 X 1, gols marcados por Grafulin e Carboja.

A outra partida que marcou a vida do ex-atleta foi contra o Internacional, de Porto Alegre, em 27 de julho de 1951, no Estádio Felisberto Fagundes Filho, quando o Uruguaiana venceu por 3 X 1

Suas atuações exuberantes pelo clube jalde-negro de Uruguaiana, fizeram com que clubes do centro país, como Botafogo e Santos e até o Paris Saint Germain, da França, tentassem a sua contratação. Mas não quis sair do interior gaúcho onde formou a sua família.

Faleceu no dia 5 de fevereiro de 2011, aos 82 anos, em Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Deixou a mulher, Laci Robales, os filhos: João Miguel, Luis Felipe e Rosa Helena, além do netinho, Bernardo, de quatro anos. (Pesquisa: Nilo Dias)

Em 1950, no time do Uruguaiana.