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sexta-feira, 26 de abril de 2019

O Rio Preto agora é centenário

O Rio Preto Esporte Clube, da cidade de São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo e mais conhecido somente por Rio Preto, é mais uma agremiação esportiva a integrar a galeria dos clubes centenários do futebol brasileiro.

Foi fundado em 21 de abril de 1919 por um grupo de jovens: professor Atílio Onibeni, Francisco de Almeida Viegas (Pacheco), Gabriel Camarero, Francisco Laurito, José Bueno (Juca Bueno), João Jorge (João da Pinta), Francisco Fusco e José Zanirato “Bepe”.

Quando da fundação havia na cidade, uma agremiação conhecida apenas por “Esporte Clube”, composta por elementos ligados às firmas comerciais de São José do Rio Preto.

Procuraram então seus diretores e propuseram-lhes a fusão dos dois clubes. Assim, o clube fundado passou a chamar-se Rio Preto Esporte Clube, como homenagem a agremiação extinta.

O primeiro jogo do novo clube foi contra o Clube Atlético Imperial, da cidade de Taquaritinga (SP). Mesmo tendo perdido essa primeira exibição, o Rio Preto não parou de receber convites para jogos.

Logo em seguida surgiu na cidade um concorrente ao Rio Preto Esporte Clube, o Palestra (fundado em 1929). Os dois foram protagonistas do primeiro clássico de Rio Preto.

Com a profissionalização, Rio Preto e Palestra seguiram caminhos distintos. O Palestra ficou no amadorismo e o Rio Preto seguiu sozinho no profissional.

O Rio Preto tem no América Futebol Clube o seu maior rival. Em 1946, existia um time amador em Rio Preto que era imbatível, a Associação dos Bancários.

Neste time jogava Canizza, jogador que desafiava qualquer um a vencer seu time. Alguns esportistas da cidade, liderados pelo engenheiro da “Estrada de Ferro Araraquarense”, Antonio T. Pereira Lima, resolveram fundar um clube de futebol para derrotar o time de Canizza.

Fundado como América Futebol Clube, sua estreia foi contra a Ferroviária, de Araraquara (SP) no antigo campo do Palestra. Mas devido às chuvas, o gramado estava alagado e a diretoria do América solicitou à do Rio Preto o empréstimo de seu estádio.

O pedido foi negado. De fato, os coronéis e doutores do Rio Preto andavam ressabiados com o novo rival. Eles acusavam os americanos de estimular a dissidência de jogadores do Rio Preto para contratá-los em seguida.

E um dos primeiros jogadores a trocar o verde e branco pelo vermelho foi exatamente Benedito Teixeira; o aclamado ex-presidente do América tinha sido ponta-esquerda do Rio Preto.

Os diretores do Rio Preto não externaram à época, mas à boca pequena também se sabe da mágoa por não ter sido o Rio Preto o adversário na estreia do América.

Oficialmente, o clube não emprestou o “Estádio Dr. Vitor Britto Bastos” alegando que o jogo danificaria o campo, encharcado depois das chuvas. Começava ali uma das maiores rivalidades do Estado de São Paulo.

América e Rio Preto fazem um clássico curioso: os confrontos entre ambos são escassos. Uma das equipes mais antigas do interior paulista, o Rio Preto disputou em 2008 pela primeira vez a Série A1. Já o América fundado bem mais tarde, passou quase toda sua vida na divisão maior de São Paulo.

Outro fato curioso: ambas as equipes subiram de divisão no mesmo ano em duas oportunidades. Em 1963 o América subiu para a 1º divisão e o Rio Preto para a 2º, fato que se repetiu em 1999.

Mas o mais curioso aconteceu em 2007: O América foi rebaixado para a Série A2 e o Rio Preto promovido para a Série A-1. Este distanciamento, portanto, não faz com que seus torcedores apoiem o time rival. Pelo contrário, quem é América nunca será Rio Preto e vice-versa.

Confrontos entre os dois rivais até hoje: 65 jogos, 33 vitórias do    América, 19 empates e 13 vitórias do Rio Preto.

O último confronto entre eles aconteceu em 29 de janeiro de 2012, 3 X 0 para o Rio Preto, em partida realizada no “Estádio Anísio Haddad”, valido pela 2° rodada do Campeonato Paulista da Série A2.

Atualmente o clube disputa a Série A3 do "Campeonato Paulista" e a "Copa Paulista". É chamado por seus torcedores de “Verdão da Vila Universitária” e “Glorioso”.

O mascote oficial é o “Jacaré”. Criado por Cláudio Malagoli em 1968 quando de um concurso que buscava escolher um mascote para o clube como modo de festejar os 49 anos de fundação da entidade.

Cláudio sagrou-se vencedor e o “Jacaré” acabou sendo adotado como mascote do clube. Tal escolha não poderia ter sido melhor na opinião dos torcedores, que dizer ser o “Jacaré”, o “couro duro do Oeste”.

O Rio Preto é o primeiro clube que se tem notícia de adotar esse animal como mascote, já que uma das regras do concurso era de que não poderia ser imitado o mascote de nenhum clube ou entidade. Hoje o “Jacaré” também é mascote do Brasiliense, do Distrito Federal.

Um dos primeiros problemas enfrentados pelo Rio Preto foi encontrar um local para a prática do futebol. Na tentativa de achar um bom lugar, os dirigentes procuraram os proprietários de terras na cidade, até encontrarem alguém disposto a colaborar.

Foi assim que o coronel. Victor Brito Bastos, numa demonstração de amor às causas esportivas e ainda da simpatia com que recebeu a noticia da fundação da nova agremiação, cedeu graciosamente, extensa faixa de terreno, para que ali pudessem levar adiante os planos então de projetar o nome de Rio Preto.

Dois anos se passaram e o campo foi totalmente cercado com muro de tijolos e arquibancada de madeira. Coube a Bepe Zanirato, construtor da época, esses melhoramentos. O nome do Coronel Victor Brito Bastos, batizou a praça de esportes, em justa homenagem a quem doou o terreno.

A cidade cresceu e sentindo a necessidade de dotar a tradicional agremiação de uma praça de esportes mais completa, em meados de 1965, surgiu o Novo Rio Preto E.C.. Formou-se uma comissão encabeçada pelo desportista Farid Abrão Maluf.

O terreno do “Estádio Coronel Victor Brito Bastos” foi loteado e vendido, e com mais as vendas de títulos patrimoniais, a agremiação comprou uma área de 68 mil e 100 m² (quase três alqueires), pegado ao “Consorcio de Menores,” área localizada na “Vila Universitária”.

O presidente Anísio Haddad trocou uma quantidade de gado com Anésio Vetorazzo, 16 alqueires no Distrito de Engenheiro Schmitt, próximo ao trevo da SP 310.

Mesmo estando em seu nome, destinou-o para ser o futuro Clube de Campo do Rio Preto Esporte Clube. Acreditando em um belo projeto onde seriam vendidos os primeiros 1.000 títulos patrimoniais e pago o terreno, o qual passaria então para o patrimônio do clube. Com o falecimento do presidente no cargo, a área foi para o seu espólio.

Vieram outros presidentes e na gestão do doutor Reinaldo Navarro da Cruz foi transferida a Sede do Clube, da antiga telefonia da família Haddad na Rua Marechal Deodoro para a Galeria Bady Bassitt, esquina da mesma com a Rua Bernardino de Campos no 1º andar, em salões alugados, instalando-se lá a Boate para sócios e convidados, com finalidade de angariar fundos.

No dia 21 de abril de 1968, o novo estádio do Rio Preto foi inaugurado. Devido a colaboração importante na sua construção pela Família Haddad, em especial os senhores Anísio Haddad e Valdemar Haddad, a praça de esportes recebeu a denominação de “Estádio Anísio Haddad”, que foi inclusive um dos grandes presidentes da agremiação.

Recentemente o “Estádio Anísio Haddad” passou por uma grande reforma para se adequar as normas da Federação Paulista de Futebol para receber os jogos da 1° divisão paulista, assim sua capacidade caiu de 35 mil para 18.740 lugares.

A praça de esportes ganhou alojamento completo para atletas, que foi denominado de ex-presidente Ulisses Jamil Cury, novas cadeiras cativas, levantado todo o muro, feito salas, sanitários, etc. e desenvolvidas obras importantes no clube de Campo.

Ainda no mandato do doutor Reinaldo Navarro da Cruz, através de uma Comissão de Vereadores da cidade, presidida pelo doutor Vergílio Dalla Pria Netto e composta pelo professor Eduardo Nicolau e doutor José Eduardo Rodrigues, foi inaugurada a sonhada iluminação do “Estádio Anísio Haddad”.

Iniciou-se então, um projeto para transformar o Rio Preto E.C. em um verdadeiro clube, além do esportivo, social, recreativo e cultural, a construção de um Poliesportivo em 21 de abril de 1988 através de um contrato com a Somar Empreendimentos Imobiliários Ltda.

Em 1989, com o termino do mandato do doutor Vergílio Dalla Pria Netto, foi eleita por unanimidade do Conselho para presidente a doutora Wayta Ap. Menezes Dalla Pria, primeira mulher presidente do clube na história.

Em 1993, o doutor Vergílio Dalla Pria Netto voltou a presidir o Rio Preto, desenvolvendo após conseguir devolução da área fronteiriça ao estádio na Avenida Faria Lima, a construção do “Iboruna Shopping”, que visava recursos para a independência financeira do futebol, tendo sido inaugurado a primeira âncora em 1 de outubro de 1996.

O Rio Preto é uma das equipes mais tradicionais do interior paulista, tendo passado a maior parte de sua história disputando o Campeonato Paulista da série A2 (Segunda Divisão).

Em 2007, a equipe conquistou o vice-campeonato da categoria, sendo promovido a elite do futebol paulista pela primeira vez em 2008, sendo rebaixado no mesmo ano para a série A2 do “Paulistão”.

Títulos conquistados. Estaduais: Campeão da Série A3 (1963 e 1999). Campanhas de destaque: Vice-campeão da Série A2 (2007); Vice-campeão da Série A3 (1994 e 2016). (Pesquisa: Nilo Dias)

O Rio Preto em 1999.