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terça-feira, 22 de julho de 2014

Estrangeiros que treinaram a Seleção Brasileira

No momento em que a Seleção Brasileira de Futebol começa a chamada “2ª Era Dunga”, muitas vozes se levantaram sugerindo a contratação de um treinador estrangeiro. Se isso tivesse realmente ocorrido, não seria a primeira vez que um profissional de outro país dirigiria o scratch nacional.

Em 1944 o português Jorge Gomes de Lima, o “Joreca” fez parte da Comissão Técnica da seleção Brasileira, ao lado de Flávio Costa, em dois jogos frente o Uruguai. Foi o primeiro estrangeiro a comandar o time nacional. No dia 14 de maio, em São Januário, os brasileiros venceram por 6 X 1 e três dias depois, no Pacaembu, nova goleada, 4 X 1.

Jorge Gomes de Lima, o “Joreca”, nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 7 de Janeiro de 1904 e faleceu em São Paulo, no dia 5 de Dezembro de 1949, vitima de um ataque cardíaco.

Foi técnico de futebol, funcionário da Federação Paulista, jornalista, árbitro e até “boxeur”, com duas vitórias em dois combates. Sua carreira foi quase toda no Brasil, onde treinou o São Paulo, alcançando três campeonatos paulistas na década de 1940 e o Corinthians, sem muito sucesso.

“Joreca” era um sujeito daqueles que se costuma chamar de “bonachão”. Gostava de charutos cubanos e de contar histórias. Formou-se na Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, no inicio da década de 1940, e começou a carreira de treinador na Seleção Paulista de Amadores.

Era conhecido por “Português”. Como árbitro dirigiu o jogo de estréia de Leônidas da Silva pelo São Paulo, frente o Corinthians, em 24 de maio de 1942, com 70 mil pessoas no Pacaembu. O jogo terminou empatado em 3 X 3.

No ano seguinte foi treinar o São Paulo, substituindo o uruguaio Conrado Ross. Estreou com uma vitória contra a Portuguesa Santista por 6 X 1. “Joreca” comandou o tricolor paulista durante 166 jogos, com 109 vitórias, 31 empates e 26 derrotas. Foi campeão paulista em 1943, 1945 e 1946.

O primeiro título de “Joreca” ficou conhecido como o “Da moeda em pé”. Palmeirenses e corinthianos, que dominavam o futebol paulista na época, diziam que o São Paulo só seria campeão se fosse lançada uma moeda ao ar e esta caísse de pé. Depois do jogo, a equipe campeã desfilou pelas ruas da cidade num carro alegórico exibindo uma moeda em pé

Em 1949 foi contratado pelo Corinthians, tendo ficado 52 partidas a frente do elenco alvi-negro, com 28 vitórias, 10 empates e 14 derrotas, 139 gols marcados e 89 sofridos. No seu primeiro jogo no Corinthians, "Joreca" não ficou no banco, embora tenha orientado e dado a preleção aos jogadores.

O jogo foi contra o Torino, da Itália, no Pacaembu, em 21 de julho de 1948. “Joreca” não ficou no banco porque o clube ainda não havia oficializado sua contratação e o trio Cláudio, Hélio e Servílio acabou liderando a equipe contra o tetracampeão italiano.

Foi o primeiro treinador de Baltazar e ajudou a criar a figura do «cabecinha de ouro», obrigando o atacante a melhorar o jogo aéreo. Baltazar marcou 71 gols de cabeça, foi o segundo maior goleador da história do Corinthians. O português faleceu no final de 1949, vítima de um ataque cardíaco. Já deixara a sua marca.


O outro estrangeiro que treinou a Seleção Brasileira foi Nélson Ernesto Filpo Núñez , ou simplesmente Filpo Nuñez, argentino de Buenos Aires, nascido em 19 de agosto de 1920 e falecido em São Paulo, no dia 6 de março de 1999, aos 78 anos.


Como jogador de futebol defendeu as equipes do Estudiantil Porteño, onde começou a carreira, em 1935, e posteriormente no Acassuso, ambos times argentinos.

Apelidado de “El Bandonéón”, teve importante passagem pelo futebol brasileiro, entrando para a história como o treinador-símbolo da "Academia", como foi chamada a Sociedade Esportiva Palmeiras nos Anos 60 . Foi o técnico da equipe quando o Palmeiras, vestindo a camisa da Seleção Brasileira, venceu a Seleção do Uruguai por 3 X 0.

Começou a carreira de treinador em 1948, quando dirigiu o Independiente, de Rivadávia (Argentina).Depois treinou o Cruzeiro, de Belo horizonte, em dois períodos diferentes; Guarani, de Campinas (SP); Jabaquara, de Santos (SP), por quatro períodos diferentes); América, de São José do Rio Preto (SP), em dois períodos diferentes; Portuguesa Santista, de Santos (SP), em três períodos diferentes; Vasco da Gama, do Rio de Janeiro; Leixões, de Portugal, em três períodos diferentes; Vitória, de Setúbal, Portugal; Palmeiras, de São Paulo, em três períodos diferentes; XV de Novembro, de Piracicaba (SP); Corinthians Paulista, em dois períodos diferentes; Galicia, da Bahia; Portuguesa de Desportos, de São Paulo; Coritiba; Paulista, de Jundiaí (SP); San Martin, da Argentina; Veles Sarfield, da Argentina; Uberaba, de Uberaba (MG); Badajóz, da Espanha; São Bento, de Sorocaba (SP); Monterrey, do México; São José, de São José dos Campos (SP), em dois períodos diferentes; Botafogo, da Paraíba; Araçatuba, de Araçatuba (SP); Francana, de Franca (SP); Internacional, de Limeira (SP); Sport, de Recife; Mogi Mirim, de Mogi Mirim (SP) e Fabril, de Lavras (MG). 

Em seus primeiros anos, a Seleção Brasileira foi dirigida por uma comissão técnica, sendo um jogador dentro do campo, o capitão, responsável pela equipe. Abaixo, ano a ano, todos os treinadores da Seleção Brasileira.

1914, Rubens Salles e Silvio Lagreca, capitão da equipe; 1915, não houve jogos; 1916, Benedito Montenegro, Joaquim Ribeiro, Mário Cardim e Silvio Lagreca, capitão; 1917, Chico Netto, capitão, Mário Pollo e R. Cristófaro; 1918, Amílcar Barbuy, capitão, Afonso de Castro e Ferreira Netto; 1919, Affonso de Castro, Amílcar Barbuy, Arnaldo da Silveira, capitão, Ferreira Netto e Mário Pollo; 1920, Fortes, capitão e Oswaldo Gomes; 1921, Ferreira Netto; 1922, Amílcar Barbuy, capitão, Célio de Barros e Ferreira Netto; 1922, Clodô, capitão e Ferreira Netto; 1923, Chico Netto; 1924, não houve partidas; 1925, Joaquim Guimarães; 1926–1927, não houve partidas; 1928–1929, Laís; 1930, Píndaro de Carvalho; 1931–1932, Luís Vinhaes; 1933, não houve partidas; 1934, Luís Vinhaes e Armindo Nobs Ferreira; 1935, Armindo Nobs Ferreira; 1936–1938, Ademar Pimenta; 1939, Carlos Nascimento; 1940, Silvio Lagreca e Jayme Barcellos; 1941, não houve partidas; 1942, Ademar Pimenta; 1943, não houve partidas; 1944, Flávio Costa e Jorge Gomes de Lima, o “Joreca”; 1945–1950, Flávio Costa; 1951, não houve partidas; 1952, Zezé Moreira; 1953, Aymoré Moreira; 1954–1955, Zezé Moreira; 1955, Vicente Feola, Flávio Costa e Osvaldo Brandão; 1956, Osvaldo Brandão, Teté e Flávio Costa; 1957, Osvaldo Brandão, Sylvio Pirillo e Pedrinho; 1958, Vicente Feola; 1959, Vicente Feola e Gentil Cardoso; 1960, Oswaldo Rolla e Vicente Feola; 1961–1963, Aymoré Moreira; 1964, Vicente Feola; 1965, Vicente Feola, Filpo Núñez (argentino), Osvaldo Brandão e Aymoré Moreira; 1966, Carlos Froner e Vicente Feola; 1967, Aymoré Moreira e Zagallo; 1968, Aymoré Moreira, Antoninho, Zagallo, Carlyle Guimarães, Jota Júnior e Yustrich; 1969, João Saldanha; 1970, João Saldanha e Zagallo; 1971-1974, Zagalo; 1975–1976, Osvaldo Brandão; 1977, Osvaldo Brandão e Cláudio Coutinho; 1978–1979, Cláudio Coutinho; 1980–1982, Telê Santana; 1983, Carlos Alberto Parreira; 1984, Edu Coimbra; 1985, Evaristo de Macedo; 1986, Evaristo de Macedo e Telê Santana; 1986, Telê Santana; 1987–1988, Carlos Alberto Silva; 1989–1990, Sebastião Lazaroni; 1991, Paulo Roberto Falcão, Ernesto Paulo e Carlos Alberto Parreira; 1992–1994, Carlos Alberto Parreira; 1994–1998, Zagallo; 1998–2000, Vanderlei Luxemburgo; 2000, Candinho; 2000–2001, Emerson Leão; 2001–2002, Luiz Felipe Scolari; 2003–2006, Carlos Alberto Parreira, 2006–2010, Dunga; 2010–2012, Mano Menezes; 2013–2014, Luiz Felipe Scolari e 2014-????, Dunga.    
                            
Em Copas do Mundo. 1930, no Uruguai: Píndaro de Carvalho; 1934, na Itália: Luís Vinhaes; 1938, na França: Ademar Pimenta; 1950, no Brasil: Flávio Costa; 1954, na Suíça: Zezé Moreira; 1958, na Suécia: Vicente Feola; 1962, no Chile: Aymoré Moreira; 1966, na Inglaterra: Vicente Feola; 1970, no México: Zagallo; 1974, na Alemanha: Zagallo; 1978, na Argentina: Cláudio Coutinho; 1982, na Espanha: Telê Santana; 1986, no México: Telê Santana; 1990, na Itália: Sebastião Lazaroni; 1994, nos  Estados Unidos: Carlos Alberto Parreira; 1998, na França: Zagallo; 2002, na Coreia do Sul/ Japão: Luiz Felipe Scolari; 2006, na Alemanha: Carlos Alberto Parreira; 2010, na África do Sul: Dunga e 2014, no Brasil: Luiz Felipe Scolari. (Pesquisa: Nilo Dias)

"Joreca", nos tempos de árbitro. (Foto: Divulgação)

Filpo Nuñez,quando treinava o Palmeiras. (Foto: Divulgação)