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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Os 100 anos do “Tigre da Paulista”

Desde o último dia 4 de agosto, o Rio Branco Esporte Clube, da cidade de Americana, interior de São Paulo, faz parte do seleto grupo de clubes centenários do futebol brasileiro. O Rio Branco foi fundado em 1913 por João Truzzi. O primeiro nome do clube foi Sport Club Arromba.

Mas, em Assembléia Geral de 16 de setembro do mesmo ano, aconteceu a primeira mudança de nome, passando para Rio Branco Football Club, provavelmente em homenagem ao Barão do Rio Branco.

As suas cores são o preto e o branco. O clube orgulha-se de ser o primeiro em todo o país a adotar o “Tigre” como mascote oficial. A ideia de adotá-lo como mascote, surgiu do torcedor Plínio Ortolano, e foi oficializada em 6 de março de 1923, sendo posteriormente documentada na revista "Americana Ilustrada" de julho de 1951, conforme o trecho abaixo:

“Em reunião realizada em 6 de março de 1923, é deliberado oficiar aos seguintes jornais "Correio Paulistano", "Combate", "Gazeta de São Paulo", "Gazeta de Campinas", "Il Piccolo", "Fanfulla", "Comercio de S. Paulo" e "Folha da Noite", agradecendo as referências feitas ao quadro do Rio Branco F.C. Oficiar ao senhor Plínio Ortolano, agradecendo a ideia de pintar o "Tigre", simbolizando o Rio Branco. Revista "Americana Ilustrada", julho de 1951".

Os torcedores chamam o Rio Branco de "Alvinegro Americanense" e "Tigre da Paulista", devido a ligação da cidade com a Companhia Paulista de Estradas de Ferro. No passado, também foi chamado de "Tigre da Zona", referência ao tempo em que o campeonato estadual era dividido em zonas.

O Rio Branco já dedicou-se a várias modalidades esportivas, como o baquetebol, tiro, futsal, vôlei e hóquei sobre patins, mas o futebol continua sendo  a principal atividade. 

O Rio Branco conquistou seus primeiros títulos de importância nos anos de 1922 e 1923, quando foi bicampeão do interior paulista e disputou o título estadual com o Corinthians, sendo vice-campeão nas duas vezes.

Depois, na década de 1940, foi seis vezes campeão zonal paulista. Em 1948 foi instituída a “Lei do Acesso” no futebol paulista, mas como o clube não conseguiu se profissionalizar teve de se contentar em participar de competições amadoras entre os anos de 1949 e 1959, quando fechou o Departamento de Futebol.

Desde a fundação o Rio Branco buscava construir um estádio. Os seus primeiros jogos foram realizados num campo de futebol localizado na atual rua 12 de novembro, em Americana. Em 1920, o clube fez uma campanha buscando arrecadar recursos para possibilitar a obra. Foram emitidas 200 ações de dez mil réis (10$000) cada.

Graças a essa iniciativa os associados e a comunidade puderam ajudar o clube a crescer. Em 17 de fevereiro de 1925 foi adquirido do senhor Alfredo Horchutz o terreno na atual rua Fernando de Camargo, onde o clube ergueu seu primeiro estádio, que tinha arquibancadas de madeira.

Em 1954, o já então Rio Branco E.C. cedeu seu estádio a Prefeitura Municipal de Americana, que construiu na área uma escola pública. Na troca, o governo municipal cedeu ao Rio Branco um novo terreno, onde em 1971 começou a ser erguido o atual. A construção terminou em 1977 e o estádio foi inaugurado em 1 de maio desse ano, com o nome de “Riobrancão”.

O jogo inaugural foi disputado nesse dia, quando o Americana E.C. bateu o Taubaté por 2 X 1. O primeiro gol do estádio foi marcado pelo atleta Niltinho, do clube de Americana. Em 1981, o então presidente do Rio Branco, Délcio Dollo, propôs rebatizar o estádio com o nome Décio Vitta, entretanto, isto aconteceu somente em 1986.

O maior público já registrado no estádio foi no dia 9 de março de 1993, quando 19.173 pessoas assistiram a vitória do Rio Branco sobre o São Paulo por 1 X 0. A partir de 2009, o estádio passou a ser propriedade da Prefeitura Municipal de Americana.

Entre 1960 e 1970, sem a presença do Rio Branco, o Esporte Clube Vasco da Gama, também conhecido por “Vasquinho”, conheceu seus tempos de fama, tendo conquistado o título da Terceira Divisão estadual em 1968. Depois disso o time mudou o nome para Americana Esporte Clube, que participou de apenas três campeonatos da Segunda Divisão da Federação Paulista de Futebol (FPF).

Isso foi entre os anos de 1976 e 1978. Como o clube não contava com uma boa estrutura, não tinha nem estádio, resolveu fundir-se com o Rio Branco, em 1979. Foi mantida a denominação de Rio Branco Esporte Clube.

Passaram-se 20 anos até que o Rio Branco retornasse aos gramados em 1979, depois da fusão com o Americana Esporte Clube. A união entre os dois clubes deu certo. A partir daí, o “Tigre” jamais abandonou o futebol profissional.

Em 1979 o time já disputou a Divisão Intermediária (2ª Divisão) – primeira competição em que tomou parte com o nome de Rio Branco Esporte Clube. Em 13 de maio de 1979, sob a direção do técnico Luís Bocucci Filho, realizou seu primeiro jogo do retorno ao futebol, quando enfrentou o Noroeste, de Bauru.

Depois de boas participações na Divisão de Acesso, em 1991 veio o prêmio merecido, entrou para o seleto grupo da divisão de elite do futebol paulista, onde permaneceu por longos 17 anos, tornando-se uma das equipes do interior que mais jogou a Série A1 de maneira ininterrupta. Em 2007, foi rebaixado para a Série A2.

Em 2009, voltou à Primeira Divisão, mas um ano depois foi outra vez rebaixado para a Série A2 do Campeonato Paulista. E no ano de 2011, após péssima campanha. o Rio Branco foi rebaixado pela primeira vez em sua história à Série A3 do Paulistão de 2012.

O primeiro título dessa nova etapa da vida do clube veio em 2012, quando conquistou o Campeonato Paulista da Série A3. Atualmente o Rio Branco participa do Campeonato Paulista da Série A2 e ainda da “Copa Paulista”.

O clube sempre revelou bons valores para o futebol brasileiro, como Mineiro, Flávio Conceição, Marcos Assunção, Marcos Senna, Macedo, Sandro Hiroshi, Marcelinho Paraíba, Romarinho e Thiago Ribeiro.

Um feito histórico marcou a vida do Rio Branco, que em 2006 se tornou o único time de futebol do mundo a revelar três jogadores para três seleções diferentes em uma mesma Copa do Mundo: Marcos Senna (Espanha), Zinha (México) e Mineiro (Brasil). O projeto “Meninos do Rio Branco”, recentemente lançado, busca a revelação de novos craques.

O time tem um hino oficial que é executado no início de cada partida no estádio Decio Vitta. O hino tem a letra, musica e arranjo de autoria do compositor e arranjador Oséias Sass.

A torcida organizada do Rio Branco é a "Malucos do Tigre", fundada em 1989. Em sua história o Rio Branco teve várias outras organizadas que foram extintas com o tempo. Os principais nomes são: "Tigres do Frezzarin", "Torcida Uniformizada Rio Branco (TURBO)", "Fiel Torcida", "TU 10", "Inferno Alvinegro", "Garra do Tigre", "Os Pacifistas", "Explosão", "Fanatigre" e "Torcida Jovem".

Títulos. Estaduais: Campeão da Região (1921); Campeonato Paulista do Interior (1922 e 1923); Campeão da Zona Paulista (1921, 1944, 1945, 1946, 1947 e 1948); Campeonato Paulista - Série A3 (1968 e 2012); Categorias de base: Campeonato Paulista - Sub-20 (2000).

Algumas das partidas marcantes ou de valor histórico do Rio Branco F.C.: Rio Branco 1 X 0 São Paulo (9 de março de 1993). Vitória em cima do então campeão do mundo, diante do público recorde de 19.244 pessoas, com gol de Edmar, aos 29 minutos do 2º tempo; Rio Branco 2 X 1 Corinthians (21 de abril de 1994). Vitória em jogo transmitido pela TV, com o Corinthians entrando como favorito. Empurrado pela torcida o Rio Branco venceu, com destaque para Souza.

Rio Branco 2 X 1 Fenerbahçe (1995). Vitória em jogo amistoso contra o Fenerbahçe, da Turquia, que era dirigido pelo técnico Parreira. O goleiro turco Rustu, que atuou na partida, disputou a Copa do Mundo de 2002; Rio Branco 4 X 2 Santos (22 de março de 1995). Goleada em cima do Santos do craque Giovanni e Rio Branco 5 X 2 Palmeiras (9 de abril de 2000). Goleada sobre o Palmeiras Campeão da Libertadores de Marcos, Arce, Júnior, Cesar Sampaio e Felipão. Marcus Vinícius marcou quatro gols. (Pesquisa: Nilo Dias)

Uma das primeiras formações do Rio Branco. (Foto: Portal Liberal -http://www.oliberalnet.com.br/noticia/323B17682A4-centenario_do_rio_branco)