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domingo, 5 de julho de 2009

F.B.C. Rio-Grandense, um "guri" de 100 anos (5)

Em 1938, o Rio-Grandense esteve novamente na final do estadual, mas acabou repetindo o vice-campeonato, perdendo o título para o Guarany, de Bagé, que já havia sido campeão em 1920. Na fase Regional o Rio-Grandense eliminou o 9º RI (Pelotas), com vitórias de 2 X 1 e 1 X 0. Na fase final, participaram Riograndense F.C. (Santa Maria), campeão da Zona Serra; Guarany F.C. (Bagé), campeão da Zona Sul; S.C. Uruguaiana, campeão da Zona Fronteira; F.B.C. Rio-Grandense (Rio Grande), campeão da Zona litoral e G.S. Renner (Porto Alegre), campeão da Zona centro. A dupla Gre-Nal mais uma vez não disputou o torneio.

Em 22 de dezembro, o F.B.C. Rio-Grandense ganhou do G.S. Renner, campeão cebedense de Porto Alegre, por 2 X 1. As finais ficaram para o início de 1939.

Em 8 de janeiro 1939, em Bagé, empate em 1 X 1 com o Guarany. Cardeal marcou o gol colorado. No dia 15 de janeiro, em Rio Grande o Rio-Grandense derrotou o Guarany por 2 X 0, gols de Osca e Cardeal. Na Série Extra para decisão do título, em Pelotas (campo neutro), no dia 22 de janeiro o Guarany ganhou por 3 X 1. Dois dias depois, ainda em Pelotas, empate em 1 X 1. Chinês fez o gol dos riograndinos. Na prorrogação deu Guarany 1 X 0, gol do uruguaio Rubilar, aos 3 minutos.

Após o gol, a torcida e os diretores do Guarany invadiram o campo. O juiz terminou a partida e a Federação confirmou o resultado, tornando-se o clube bageense o único do Interior a conquistar, por duas vezes, o título de campeão estadual.

O F.B.C. Rio-Grandense, inconformado com a perda do título estadual encaminhou protesto a Federação, alegando a inclusão indevida do zagueiro Jorge Bastos, ex-jogador do Força e Luz, de Porto Alegre, no time do Guarany. O protesto foi entregue pelo técnico Gentil Cardoso, mas não tinha fundamento e acabou arquivado. Dias depois, Gentil Cardoso retornou ao Rio de janeiro, para dirigir o Bonsucesso.

Depois de sofrer dois anos, chegar na decisão e perder o título no quarto jogo das finais para o Santanense, em 1937, e Guarany, em 1938, finalmente o Rio-Grandense, em 1939, pode comemorar o título estadual.

Na fase Regional o F.B.C. Rio-Grandense goleou por 7 X 0 e 4 X 0, ao Rio Branco, de Santa Vitória do Palmar. Depois, eliminou o Pelotas. No primeiro jogo derrota por 2 X 1. No segundo encontro, vitória por 2 X 1 (gols de Heitor e Plá) e no terceiro empate em 1 x 1 (gol de Carruira).

O Pelotas teve um pênalti a seu favor, que Arruda bateu forte e o goleiro Brandão defendeu espetacularmente. A FGF marcou nova partida desempate para Bagé no Estádio Estrela D´Alva, campo do Guarany F.C.. O F.B.C. Rio-Grandense negou-se a jogar no Estádio, dirigindo-se para o campo do G.S. Ferroviário. Estava formada a confusão. A Federação marcou nova partida para 12 de novembro em Porto Alegre. O S.C. Pelotas acabou desistindo e o F.B.C. Rio-Grandense foi proclamado campeão da oitava região.

Na fase semifinal participaram os seguintes clubes: S.C. Gaúcho (Passo Fundo), campeão da Zona Serra; Grêmio Santanense, campeão da Zona Fronteira; F.B.C. Rio-Grandense (Rio Grande), campeão da Zona Sul e S.C. Novo Hamburgo (Novo Hamburgo), campeão da Zona Centro. A dupla Gre-Nal não disputou o torneio, uma vez que estava participando da Amgea Especializada. O Rio-Grandense ganhou a condição de finalista com a desistência do Novo Hamburgo, de continuar na competição.

A final foi contra o Grêmio Santanense que eliminou o Gaúcho de Passo Fundo. Foi a chance de vingar a derrota de dois anos antes, marcando também o fim de uma era, em que o interior do Estado sorriu com títulos e belas jornadas de seus times.

O primeiro jogo da decisão foi realizado no dia 14 de janeiro de 1940, em Santana do Livramento, com empate em 4 X 4. O Grêmio Santanense chegou a estar vencendo por 4 X 0, mas o Rio-Grandense em sensacional reação, conseguiu chegar ao empate.

O segundo jogo foi disputado no dia 21 de janeiro, em Rio Grande e o F.B.C. Rio-Grandense venceu por 3 X 1. E no dia 28 de janeiro, uma quarta-feira, no estádio do C.A. Bancário em Pelotas, houve empate em 0 X 0. O resultado deu ao clube riograndino o sonhado título de campeão gaúcho de 1939. Equipe campeã: Brandão – Armando e Cazuza - Martinez - Pacheco e Mariano - Osca - Carruíra – Heitor - Chinês e Plá. Técnico: Aires Torres.

Feliz da vida, Chinês comemorou com seu filho Sidnei (Chinesinho) no colo, sem imaginar que o garoto de quatro anos seguiria as pegadas do pai, levando sua arte a gramados distantes.

Em 1940, aconteceu um fato curioso na vida do clube. Classificado para as finais do campeonato estadual pelo quarto ano consecutivo o Rio-Grandense, não pôde viajar até Bagé para o jogo contra o G.E. Bagé. A grande maioria dos jogadores trabalhava e teria desconto em seus salários e até corria o risco de demissão. O Bagé acabou vencendo por WO e classificou-se para decidir o título contra o Internacional que se sagrou campeão estadual. (Pesquisa: Nilo Dias)

Equipe do F.B.C. Rio-Grandense, que conquistou o Campeonato Gaúcho de 1939. (Foto: Acervo do F.B.C. Rio-Grandense)

Um comentário:

Zé Mané disse...

Excelente trabalho, Nilo! Parabéns! Gostaria de acrescentar que o goleiro Brandão e o centromédio Pachedo vieram depois para o Botafogo, aqui do Rio. Pacheco, inclusive, teria sido dispensado depois que os dirigentes alvinegros constataram se tratar de um jogador uruguaio, considerando-se enganados. A propósito, Martínez também era gringo? E você poderia me fornecer nomes de outros jogadores estrangeiros que defenderam equipes da cidade de Rio Grande? Um forte abraço e, mais uma vez, parabéns pelo blog.

Eduardo Santos