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terça-feira, 14 de julho de 2009

O Gre-Nal da pauleira

Internacional 0 x 0 Grêmio
Data: 20/04/1969
Local: Estádio Beira-Rio
Arbitragem: Orion Satter de Mello
Internacional: Gainete, Laurício, Pontes, Valmir, Sadi, Tovar, Dorinho, Valdomiro, Bráulio, Sérgio, Gilson Porto (Urruz Mandi).
Grêmio: Alberto, Espinosa, Ari Hercílio, Áureo, Everaldo, Jadir, Sérgio Lopes (Cléo), Hélio Pires, Joãozinho, Alcindo e Volmir (Tupãzinho).

A maior pancadaria já ocorrida em um Gre-Nal foi no dia 20 de abril de 1969, no clássico 189, que fez parte dos festejos de inauguração do Estádio Beira-Rio. Os gremistas queriam vingança por uma humilhação de 15 anos, quando foram goleados por 6 a 2 pelo Internacional na inauguração do Olímpico, em 1954.

A revanche tornava-se ainda mais quente devido a um detalhe: o goleiro do Grêmio, nos 6x2, que chorava e que ameaçava abandonar o campo, era Sérgio Moacir Torres Nunes. O mesmo treinador em 1969 do Grêmio. O jogo, portanto, tornou-se uma questão pessoal do técnico gremista. Caso perdesse mais uma vez, Sérgio passaria para a posteridade como o pé-frio das inaugurações.

Após uma semana de discussões entre dirigentes, o que quase cancelou o clássico, finalmente, as 15h30, o árbitro Orion Satter de Mello assoprou o apito e decretou o início do jogo.

O primeiro tempo começou com o Inter melhor, mas o primeiro tempo acabou sem gols. No entanto, não faltaram lances violência nas divididas. Na volta para o segundo tempo, o ponteiro Hélio Pires, do Grêmio, foi expulso aos sete minutos. O jogo continuou sem que os times dessem muita atenção para a bola.

Aos 37 minutos, o goleiro Alberto estava com a bola nas mãos. O lateral gremista Espinosa à frente. Urruzmendi, ponteiro do Inter, correu do risco da grande área em direção aos dois, numa evidente e perigosa rota de colisão. Espinosa deu-lhe as costas para proteger o goleiro. Urruzmendi não quis nem saber. Atropelou Espinosa como se fosse ônibus desgovernado. Espinosa caiu e a guerra começou.
Imagem do primeiro Gre-Nal realizado no Beira Rio após a inauguração do estádio colorado. O clássico foi disputado em maio de 1969. Como se nota, o clima de paz reinou apenas até a bola começar a rolar. No meio do confronto generalizado que envolveu os jogadores é possível notar Everaldo, Urruzmendi, Sérgio Lopes, o goleiro Gainete e Tupãzinho.
Tupãzinho foi o primeiro a atingir Urruzmendi. Que revidou. Lá do meio também vinha Alcindo, bufando e urrando, louco para entrar na briga. Sadi correu atrás dele, agredindo-o no caminho. Alcindo não ligou para o ataque do lateral colorado. Continuou sua corrida e só parou ao encontrar Urruzmendi e aplicar-lhe um soco diretamente no rosto. Urruzmendi retribuiu a agressão em Alcindo. Apesar de brigar bem, Urruzmendi estava em desvantagem numérica e apanhava dos gremistas.

A ajuda não demorou para chegar. Gainete atravessou o campo em linha reta, veloz, e saltou para uma voadora histórica entre os jogadores. Porém, errou o bote e caiu no meio dos gremistas. Levou porrada de todos. A esta altura, os integrantes dos bancos já estavam em campo, distribuindo e recebendo porradas por todos os lados.

Encerrada a confusão, o Grêmio desceu aos vestiários. O Internacional ainda tentou retornar a campo para continuar o jogo. Só então os colorados descobriram que apenas o meio-campista Dorinho não havia sido expulso. No Grêmio, o único a não levar o cartão vermelho fora o goleiro Alberto.

Na saída de campo, os repórteres correram para um dos jogadores que mais brigou, o goleiro Gainete. Rosto ensangüentado, ainda bufando de ódio, ele proferiu apenas uma frase: “Aqui nós é que vamos cantar de galo!”

Fontes:
Milton Neves - fotos
Blog do Internacional
Jose Carlos, gandula do Internacional no início da decada de 60

Um comentário:

MARA disse...

É isso, jamais deixaríamos gremistas cantar de galo em nosso terreiro.
Eu, apesar de ser contra qualquer tipo de violência, dou parabéns aos nossos guerreiros que mostraram que quem manda no Beira Rio e no Rio Grande do Sul é o INTERRRR.