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segunda-feira, 29 de abril de 2019

A morte do "Flexa Loira"

Morreu na última quinta-feira, 25, o ex-jogador Dirceu Krüger, um dos maiores ídolos da história do Coritiba, aos 74 anos completados no último dia 11. Ele nasceu no dia 11 de abril de 1945 e ultimamente trabalhava na área administrativa do clube.

De acordo com o diário “A Tribuna”, ele passou por uma cirurgia no último dia 13, em razão de uma obstrução intestinal, e recebeu alta, mas voltou ao hospital na quarta-feira 24 e não resistiu a complicações de saúde. O ex-meio-campista sofria com complicações intestinais desde os anos 70, após um choque durante um jogo.

Descendente de alemães e poloneses, começou a torcer pelo "Coxa" ainda criança. Começou a carreira no futebol amador de Curitiba, defendendo o União Ahú e o Combate Barreirinha. No entanto, o início da carreira profissional foi em um outro clube da cidade: o extinto Britânia, em 1963.

Em 1964, o Britânia venceu o chamado "trio de ferro" da capital - Coritiba, Atlético Paranaense e o atual Paraná, pelo mesmo placar de 2 X 1. Dirceu Krüger marcou os seis gols dos jogos.

Não demorou para que a diretoria do Coxa desembolsasse 20 milhões de cruzeiros para contratar o meia e o lateral Antero. O acerto foi assinado no dia 24 de fevereiro de 1966.

Apelidado de ”Flecha Loira”, pelo jornalista esportivo Albenir Amatuzzi, pela velocidade, pelos passes milimétricos e pela facilidade com que passava pelos adversários e ainda pela elegância, Dirceu Krüger estreou no Coritiba em 1966 e marcou 58 gols em 252 jogos com a camisa verde e branca.

Krüger foi destaque na época áurea do Coritiba, quando enfileirou taças do “Paranaense” e o “Torneio do Povo” em 1973, competição nacional organizada pela CBD e que reuniu os clubes de maior torcida na época em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná.

Em 1970, Krüger quase morreu após um jogo pelo Coritiba. Era 11 de abril, dia em que o jogador completava 25 anos. Em uma partida contra o Água Verde, o jogador dividiu com o goleiro Leopoldo, que o acertou violentamente na região do intestino.

O grave ferimento fez com que Krüger fosse internado por 70 dias, com o órgão danificado a ponto de ter até recebido a extrema-unção, rito católico para enfermos. Ele sobreviveu e voltou a atuar até se aposentar. 


Voltou aos gramados em uma excursão à Argélia, onde diz ter marcado o gol mais bonito da carreira. Em 1972, recebeu a “Fita Azul” por permanecer invicto em amistosos no exterior.

Kruger carregou a marca de nunca ter sido expulso. Encerrou a carreira aos 31 anos de idade.

Ele teve 54 anos de sua vida dedicados ao clube paranaense. Além de jogador, foi auxiliar técnico, treinador do time e chegou a assumir funções administrativas, além de ter sido responsável pelas categorias de base.

Em 1979, fez sua primeira partida como técnico. Um dos jogos em que esteve no comando foi o 0 X 0 com o Goiás no “Couto Pereira”, na caminhada do Coritiba pelo título brasileiro de 1985, durante a troca de Dino Sani por Ênio Andrade.

Ajudou o Coritiba nas conquistas do Campeonato Paranaense em 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974 e 1975 e foi auxiliar técnico de Ênio Andrade no título do Campeonato Brasileiro de 1985.

Comandou o time principal em 185 partidas, a maioria das vezes como interino. Só teve uma chance como técnico efetivo em 1997, comandando a equipe no "Campeonato Paranaense".

A idolatria era tanta que o "Flecha Loira" foi homenageado em vida com uma estátua erguida em 2016 com a iniciativa dos torcedores, que arrecadaram dinheiro para a construção do busto colocado em frente ao "Estádio Couto Pereira", onde torcedores se reuniram após a morte do ídolo.

A última aparição pública do ídolo coxa-branca foi na final do segundo turno do "Campeonato Paranaense", a “Taça Dirceu Krüger”, quando entregou o troféu de campeão ao time de aspirantes do Atlético Paranaense, que venceu exatamente o Coritiba na decisão.

Mesmo com o nome historicamente ligado ao rival, foi respeitosamente aplaudido pela torcida rubro-negra na "Arena da Baixada".

A despedida do Dirceu Krüger rendeu homenagens de atletas e ex-atletas de relevância na história do Coritiba. "Seu Krüger, descanse em paz. Obrigado por todos os ensinamentos", declarou o lateral Rafinha, hoje no Bayern de Munique, da Alemanha, e que trabalhou com Dirceu.

"Muita luz à família "Coxa-Branca!".. descanse em paz, Flecha", escreveu Alex em seu perfil no Twitter. Tcheco e Pachequinho também prestarem condolências a família de Krüger.

"Um craque como poucos. Foi uma marca, sem dúvida alguma. Um jogador extraordinário, mas principalmente pelo caráter, conquistou a simpatia de todos e até o respeito do adversário", comentou o jornalista e narrador esportivo Carneiro Neto, que acompanhou a carreira do "Flecha Loira", apelido que ganhou pela mobilidade em campo.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o prefeito de Curitiba Rafael Greca, e o governador do Estado, Carlos Massa Ratinho Junior, também o homenagearam, bem como os rivais do Coritiba, Paraná e Atlético Paranaense, além de outros clubes, como o Santos.

O Coritiba decidiu fazer mais uma homenagem ao ídolo Dirceu Krüger. A partida da equipe, hoje a noite, 20 horas, no “Couto Pereira”, pelo “Campeonato Brasileiro da Série B”, não terá cobrança de ingressos. Para garantir acesso, o torcedor precisou fazer um cadastro no site ou na loja oficial do clube.

Como o regulamento da Série B não permite portões abertos e também estipula um preço mínimo de R$ 20 para os ingressos, o Coritiba vai custear as entradas.

Para o historiador coxa-branca Guilherme Straube, Krüger foi o maior ídolo do clube por diversos fatores. Estreou contra o Grêmio de Porto Alegre já marcando gol, ao driblar o zagueiro Airton "Pavilhão".

Jogador extremamente inteligente e rápido, e por isso o apelido "'Flecha Loira", era parado pelos adversários apenas na base da violência. Ele fez o gol da vitória na decisão de 1972 contra o Atlético e ajudou o clube a tornar-se pentacampeão regional.

Como treinador das categorias de base, Krüger acompanhou e ajudou a formar todas as gerações de atletas que foram criadas no clube, a partir da década de 1980. Em 2016, a torcida coritibana reuniu-se e financiou a construção de uma estátua de Krüger, em frente ao "Estádio Couto Pereira".

Dificilmente alguém, algum dia, conseguirá fazer pelo Coritiba, o que fez o eterno “Flecha Loira." Na carreira, Krüger não aceitou jogar por outros clubes que não o Coritiba desde que assinou contrato.

Em 1971, o Vasco procurou o time alviverde para levar Krüger, mas acabou contratando Kosilek, que fazia dupla com ele. Criou-se então a lenda de que o “Chinês”, apelido do presidente Evangelino Neves, teria ludibriado o Vasco.

Na verdade, o presidente Evangelino Neves não deixou Krüger aceitar os convites que teve do Flamengo, Corinthians e de outros. Falava-se que o Kosilek foi para o Vasco da Gama confundido com o Krüger.

Mas isso não é verdade, é uma lenda. O Kosilek também era um ótimo jogador, e o Vasco sabia que o Coritiba não ia deixar o Krüger sair, contou Carneiro Neto. Krüger deixou a esposa, dois filhos, uma neta e toda a torcida coxa-branca. (Pesquisa: Nilo Dias)



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